segunda-feira, 30 de junho de 2008

Piadas sobre Economistas e Economia VII

Economistas são pessoas muito espertas para cuidar de seus próprios bens e não espertas o suficiente para cuidar dos bens dos outros.

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— Por quê Deus criou os economistas ?
— Para os meteorólogistas parecerem competentes.

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— O que faz um economista ?
— Muito no curto prazo, que somando, não dá nada no longo prazo.

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Dois economistas se encontram na rua e um pergunta a outro: "Como vai sua mulher ?". O outro responde: "Relativo a quê ?"

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Para um economista, a vida real é um caso específico..

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Pedi a uma economista o número de seu telefone...e ela me deu uma estimativa.

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Os economistas preveram nove das últimas cinco recessões.

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Um econometricista e um astrólogo discutem. O astrólogo diz, "a Astrologia é mais científica que a Econometria. Acerto metade de minhas previsões. As suas não conseguem nem chegar a esta proporção.". O econometricista responde, "Isto é por causa de choques externos. As estrelas não têm estas coisas."

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O que seria a Economia sem as hipóteses? Contabilidade.

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— Por que inventaram a Astrologia ?
— Para a Economia ser considerada uma ciência.

domingo, 29 de junho de 2008

Rosselini

Apesar de gostar muito de cinema, conheço muito pouco da obra cinematográfica do Rossellini. Minha paixão pelo cinema era e continua sendo muito democrática,mas naturalmente tenho alguns diretores prediletos: os clássicos que todos gostamos não é preciso mencionar os nomes, mas entre os contemporâneos, aquele que eu não perdia um lançamento é, a bem da verdade, não um, mas dois:Truffaut e Herzog. Ainda continuo revendo a obra deles, mas confesso que os últimos trabalhos do Herzog ficam muito aquém dos seus primeiros filmes.

Mas, estava falando do Rosselini. Dois dos seus filmes feitos para a televisão foram lançados no Brasil: Santo Agostinho(de Hipona) e Socrates. Filmes magníficos sobre dois filósofos notáveis: simplicidade, dialógos de uma qualidade rara no cinema do período( e mais rara ainda no cinema atual), são ambos filmes políticos no bom sentido do termo e, principalmente, uma declaração de amor ao cinema e a busca da verdade que guiava a vida destes dois grandes pensadores, figuras chaves da cultura ocidental.

Em um mundo em que a leitura dos clássicos da cultura ocidental é relegada aos especialistas e substituída pela mambo jambo pós-modernista; estes dois filmes podem ser um ótimo instrumento para reconectar a atual geração com a tão criticada tradição que define a nossa identidade ocidental.

sábado, 28 de junho de 2008

Ipea: ame-o ou deixe-o?

Pochmann tem razão: “o pais precisa de instituições que pensem o longo prazo”. A longa convivência com a inflação criou no país uma cultura de curto prazo que, devido a absurda influência dos “ falsos mercadistas” no debate macroeconômico, ainda persiste e mostra-se resistente à discussões sobre o longo prazo. É verdade que o longo prazo, para a turma de Barão Geraldo e alhures, é um eufemismo para a velha intervenção direta do Estado na economia. Contudo, é possível discutir o longo prazo sem cair na armadilha desta turma.

Confesso, contudo que não entendi o que ele quer dizer quando afirma que “ a mudança sinaliza que agora, quando o Ipea projeta, é porque tem muita certeza”. Estaria ele e seu colega post-keynesiano, Sicsú, abandonando o barco furado da “economia pop”? Afinal o futuro deixou, “ de repente, não mais que de repente”, de ser incerto? A incerteza não probabilística,não é mais o fetiche, a palavra de ordem dos nossos aguerridos post-keynesianos?

Há, naturalmente, uma segunda explicação para esta mudança de política. A incapacidade desta turma em formular propostas próprias viáveis de política econômica. Quando forçados, pelas contingências, sempre recorrem a velha ortodoxia, e como não possuem o devido pedigree ou reputação, acabam sendo obrigados a serem mais realistas do que o rei. Dai não ser um exagero afirmar que nada pior que um economista pop no poder. Como não estão, felizmente, fazendo política econômica, mas em um instituto de pesquisa, a única saída, para encobrir a incompetência, é transferir o foco de atuação do curto para o longo prazo. Logo estaremos ouvindo a velha lenga, lenga: o futuro incerto, fatores políticos e institucionais, hegemonia do império, perda de autonomia do estados nacionais, etc, para explicar os mirabolantes planos desta turma, que não por acaso tem como mentor um reputado filosofo e líder de um importante movimento no direito, mas que de economia nada entende.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Believer with a faith in reason

Reportagem/entrevista relativamente antiga(24.02.06) sobre/com John Haldane filosofo católico e lider do "tomismo analitico", movimento que procura combinar o pensamento de Santo Tomas de Aquino com a moderna filosofia analítica.

John Haldane is the first known practising Roman Catholic to be a professor of philosophy in Scotland since the Reformation.

The St Andrews University academic explicitly describes himself as a Catholic philosopher - a fact not wasted on Pope Benedict XVI, who recently appointed him a consultor to the Pontifical Council for Culture.

The appointment would undoubtedly have appalled Professor Haldane's paternal grandfather, who was staunchly Presbyterian. "He was virulently anti-Catholic. I remember him telling me that the reason the Pope wore long dresses was to cover his cloven hooves."

Professor Haldane's father, who married a Catholic, never dared tell his own father when he subsequently converted, but Professor Haldane enjoyed his grandfather's companionship. He says he has always been comfortable with people of other denominations. He confounds prejudices and stereotypes. Although formidably well-educated, Professor Haldane is good-humoured and approachable. He is as likely to write a readable article for a newspaper as he is a scholarly essay because he believes it is important to share his research not only with fellow academics but also with the general public.

"I think that's a very Scottish thing, the idea of a public intellectual.

Your thinking isn't just for yourself. The intellectual environment depends on this two-way movement. People puzzle about ideas they don't understand, and they've got a right to ask people who are competent to think about these things what they think."

As director of St Andrews' Centre for Ethics, Philosophy and Public Affairs for almost two decades, Professor Haldane has been encouraging people in public affairs to think about the philosophical and ethical foundation of what they are doing, and encouraging academic philosophers to tackle issues of broad public interest.

As a boy, he attended St Aloysius College in Glasgow, where all the Jesuit teachers had degrees in theology and in philosophy. He went on to gain two outstanding first-class honours degrees before taking a PhD. The first of his degrees was from the Wimbledon School of Art, where he was caught up in the buzz of the new British conceptual art movement that spawned Gilbert and George. The flat he shared in the Fulham Road became a magnet for inventive young artists: one flatmate was future Turner prizewinner Tony Cragg.

Professor Haldane retains a keen interest in art. He is currently working on a limited edition book with the leading artist David Tremlett. And at first, it seemed he would follow a career in art education. At the age of 22, he was appointed head of the art department in a convent school near Woolwich, southeast London, where he was the only male teacher.

"Often people in universities have no experience of teaching, and they're really not very good at it. To hold the attention of 30 14-year-old girls for an hour is not a trivial matter. If you can do that, a body of (university) students isn't going to be a problem."

But he simultaneously embarked on a part-time degree in philosophy at Birkbeck, University of London, having become intrigued by philosophy during his Jesuit schooldays. London at this time was a leading international centre, home to philosophy superstars such as David Wiggins, David Hamlyn, Dorothy Edgington and Roger Scruton.

"My education was straight-down-the-line analytical philosophy, which just wasn't interested in religion. I suppose if you had stirred it, it would have been hostile."

Professor Haldane's own interest was sparked when he decided to tackle intentionality, how it is possible to think about something. "If I think about the cat back home, how do I do that? I'm here, the cat's there.

Somebody said: 'Oh, the medievals had a lot to say about that'."

There were no relevant resources in the University of London, but he discovered a wealth of material in the Catholic central library. This led him to write his PhD on the nature of thought, inspired by the theories of the 13th-century Catholic philosopher St Thomas Aquinas.

His research won him a lectureship at St Andrews, and a title he thought up for a series of lectures is now the recognised term for an international philosophical movement. Trying to describe his approach, which synthesised analytical philosophy and the work of Aquinas, he came up with "analytical Thomism", which now has exponents across Europe and North America.

He is occasionally asked how, as a Catholic, he can be a philosopher. He responds that Catholicism is the most philosophical Christian denomination.

"Philosophy has been deployed in the formation of Catholic ideas from the first major councils of the Church. All the stuff of the formation of the creeds, three persons in one God, two natures in one person, all of that is philosophy," he says. "If you're a Catholic, some things are foreclosed intellectually. It seems to me it isn't open to me to work on the assumption that there might not be a God or that killing innocent people might be all right if it produces enough benefit somewhere else. But it's not a case of subordinating my reason to my faith. I think it's a very modern view that sees faith and reason standing in that opposition."

If he went around expounding what he believed as a Catholic, that would be not only eccentric but irrelevant, Professor Haldane said. "People want to know why it should be believed, not that you believe it." The Pontifical Council, which fosters the church's links with the cultural world as well as promoting research into religious indifference, may be about to promote a debate on people's underlying values and understanding of who they are, whether they are believers or not. There are widespread fears that growing secularism is throwing out the baby with the bath water, detaching Europe not only from its religious inheritance but also its foundations in Greek philosophy and Roman law. But while the Pope has been reported as seeking to "re-evangelise" Western civilisation, Professor Haldane firmly abjures the role of evangelist.

"I have quite enough to do trying to bring up four children. You won't see me in the street handing out religious pictures," he says.

"I'm nobody's spiritual counsellor, but I'm happy to be associated with a broad cultural effort to try to encourage people to re-engage with central defining notions: the universe is not a pointless place, there is a meaning to it all, and you exist for a purpose.

"But I wouldn't dream of going to any of my colleagues here and saying: 'Have you thought about your relationship with Jesus?' They would rightly think I had lost my marbles."

Fonte: Olga Wojtas, The Times Higher Education Supplement.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Metaphors of a Magnifico

Twenty men crossing a bridge,
Into a village,
Are twenty men crossing twenty bridges,
Into twenty villages,
Or one man
Crossing a single bridge into a village.

This is old song
That will not declare itself . . .

Twenty men crossing a bridge,
Into a village,
Are
Twenty men crossing a bridge
Into a village.

That will not declare itself
Yet is certain as meaning . . .

The boots of the men clump
On the boards of the bridge.
The first white wall of the village
Rises through fruit-trees.
Of what was it I was thinking?
So the meaning escapes.

The first white wall of the village . . .
The fruit-trees . . .


Wallace Stevens

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Clodovis Boff e a Teologia da Libertação

Inesperado e um choque para todos, principalmente para o que resta da turma da Teologia da Libertação, o texto do Clodovis Boff tem tudo para ser um divisor de águas. Para um leigo, como é o meu caso, o argumento central do texto não é novo e a surpresa maior é em relação ao longo período necessário para que alguem importante finalmente reconhecesse o que já era obvio no inicio dos anos 80. Abaixo reproduzimos alguns trechos do documento que pode ser lido no seguinte endereço:
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=33508. No adital é possível acessar algumas respostas ao texto do Clodovis Boff.

“Ora, quando o pobre adquire o estatuto de primum epistemológico, o que acontece com a fé e sua doutrina no nível da teologia e também da pastoral? Acontece a instrumentalização da fé em função do pobre. Cai-se no utilitarismo ou funcionalismo em relação à Palavra de Deus e à teologia em geral.”
(...)
Se grave é, pois, a questão e graves seus equívocos, graves são também seus resultados. Pois o princípio informa todo um discurso. Quando se começa uma caminhada na direção errada, quanto mais se avança, mais se distancia do destino. E assim também os frutos da TdL, que são reconhecidamente notáveis, acabam "pegando broca" e com o tempo se deteriorando.
O resultado geral da inversão prática de princípio (de Deus para o pobre) é enfraquecer e mesmo esvaziar a identidade cristã, e isso em vários planos:
1. No plano teológico. A teologia vai perdendo seu caráter próprio, para adotar um tom mais sociológico e pólítico, agora de tipo religioso‐pastoral. Perde também fecundidade teórica, suas produções reduzindo‐se cada vez mais a serem meras "variações sobre o mesmo tema". Pior, as grandes intuições da TdL viram chavões repetidos ad nauseam, sobretudo na "vulgata militante" da TdL.
2. No plano eclesial. A "pastoral da libertação" se torna um braço a mais do "movimento popular". A Igreja se "onguiza". Então se esvazia mesmo fisicamente: perde agentes, militantes e fiéis. Os "de fora", à exclusão dos militantes, sentem escassa atração por uma "igreja de libertação". Pois, para o compromisso, dispõem das ongs, mas para a experiência religiosa precisam mais que de simples libertação social. Ademais, por não perceber a extensão e relevância social da atual inquietação espiritual, a TdL se mostra culturalmente míope e historicamente anacrônica, ou seja "alienada" de seu tempo.
3. No plano da própria fé. Reduzida a ideologia mobilizadora, a fé vai perdendo cada vez mais substância, até se esvaziar totalmente. O que sobra é uma "hermenêutica cristã da existência humana", tal como se exprime de modo modelar na vulgata teológica chamada "rahnerismo", que subjaz à TdL e que aqui não é possível discutir. Em suma, a substância da fé acaba em mero discurso, portanto, em qualquer coisa de irrelevante. Pois, como se ouve nos meios "liberacionistas", o que importa não é tanto a Igreja ou Cristo, quanto o Reino.
(...)
o "urgentismo histórico" levou a investir o quanto pode, do conteúdo da fé, no que foi tido como o opus maius: a libertação histórica dos oprimidos. Daí também a tentação de "qualqueirismo epistemológico" à la Feyerabend: anything goes em teologia, desde que os pobres tirem disso vantagem.
(...)
Efetivamente, a metodologia de Aparecida é uma metodologia originária e principal, enquanto a outra só pode ser derivada e subalterna. Por isso também a primeira é mais ampla. Pois, se Bento XVI foi teologicamente certeiro quando, abrindo a V Celam, declarou: "a opção pelos pobres está implícita na fé cristológica", então fica claro que o princípio-Cristo inclui sempre o pobre, sem que o princípio‐pobre inclua necessariamente Cristo. Por outras palavras: para ser cristão é preciso absolutamente se comprometer com o pobre: agora, para se comprometer com o pobre, não é, em absoluto, necessário ser sempre cristão."

terça-feira, 24 de junho de 2008

Piadas sobre Economistas e Economia VI

Prefiro ser vago e correto do que preciso e errado. (Keynes)

Por que os economistas fazem estimativas de inflação com uma casa depois da vírgula ?
Para provar que tem senso de humor.

Estatísticas econômicas são como um biquini. Revelam partes importantes e escondem as vitais.

Sete hábitos que contribuem para a produzir mercados eficientes (e nada mais além disso):
1.Pense sempre no curto prazo;
2. Seja avarento;
3. Acredite na existência do grande otário;
4. Corra com a boiada;
5. Supergeneralize;
6. Seja tendencioso;
7.Jogue com o dinheiro de outras pessoas.(Krugman)

Copiar a idéia de um único autor é plágio. Copiar de vários é pesquisa.

Todos os modelos são errados, mas alguns são úteis. (G.Box)

No longo prazo há apenas outro curto prazo. (A. Lerner)

Duas coisas são melhores de não ver enquanto se as estão fazendo: linguiça e estimativas econométricas.

Dois economistas sentam para jogar xadrez. Eles estudam o tabuleiro por 24 horas e declaram xeque-mate.

O Péssimo de Dostoievski ( oposto ao ótimo de Pareto): quando está todo mundo na pior condição possível de maneira que ninguém pode estar em condição pior sem melhorar a condição de outro.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Iniciativa privada e empresa e a Doutrina Social Católica

Recentemente um aluno perguntou qual a visão da Igreja sobre o setor privado. Fiquei surpreso, afinal introdução a teologia é uma disciplina obrigatória, mas a memória nesta idade, não raro nos trai. Como não sou teologo, apenas um economista, ainda que católico, indiquei o trecho abaixo, do Compendio da Doutrina Social, que considero a melhor introdução a um tema delicado e controverso

"III. INICIATIVA PRIVADA E EMPRESA

336 A doutrina social da Igreja considera a liberdade da pessoa em campo econômico um valor fundamental e um direito inalienável a ser promovido e tutelado: «Cada um tem o direito de iniciativa econômica, cada um usará legitimamente de seus talentos para contribuir para uma abundância que seja de proveito para todos e para colher os justos frutos de seus esforços»[702]. Tal ensinamento põe de guarda contra as conseqüências negativas que derivariam da mortificação ou negação do direito de iniciativa econômica: «A experiência demonstra-nos que a negação deste direito ou a sua limitação, em nome de uma pretensa “igualdade” de todos na sociedade, é algo que reduz, se é que não chega mesmo a destruir de fato, o espírito de iniciativa, isto é, a subjetividade criadora do cidadão»[703]. Nesta perspectiva, a iniciativa livre e responsável em campo econômico pode ser definida como um ato que revela a humanidade do homem enquanto sujeito criativo e relacional. Tal iniciativa deve gozar, portanto, de um espaço amplo. O Estado tem a obrigação moral de pôr vínculos estreitos somente em vista das incompatibilidades entre a busca do bem comum e o tipo de atividade econômica iniciada ou as suas modalidades de realização[704].


337 A dimensão criativa é um elemento essencial do agir humano, também em campo empresarial, e se manifesta especialmente na aptidão a projetar e a inovar: «Organizar um tal esforço produtivo, planear a sua duração no tempo, procurar que corresponda positivamente às necessidades que deve satisfazer, assumindo os riscos necessários: também esta é uma fonte de riqueza na sociedade atual. Assim aparece cada vez mais evidente e determinante o papel do trabalho humano disciplinado e criativo e — enquanto parte essencial desse trabalho — das capacidades de iniciativa e de empreendimento»[705]. Na base de tal ensinamento deve ser individuada a convicção de que «a riqueza principal do homem é, em conjunto com a terra, o próprio homem. É a sua inteligência que o leva a descobrir as potencialidades produtivas da terra e as múltiplas modalidades através das quais podem ser satisfeitas as necessidades humanas»[706].


a) A empresa e seus fins

338 A empresa deve caracterizar-se pela capacidade de servir o bem comum da sociedade mediante a produção de bens e serviços úteis. Procurando produzir bens e serviços em uma lógica de eficiência e de satisfação dos interesses dos diversos sujeitos implicados, ela cria riqueza para toda a sociedade: não só para os proprietários, mas também para os outros sujeitos interessados na sua atividade. Além de tal função tipicamente econômica, a empresa cumpre também uma função social, criando oportunidades de encontro, de colaboração, de valorização das capacidades das pessoas envolvidas. Na empresa, portanto, a dimensão econômica é condição para que se possam alcançar objetivos não apenas econômicos, mas também sociais e morais, a perseguir conjuntamente.

O objetivo da empresa deve ser realizado em termos e com critérios econômicos, mas não devem ser descurados os autênticos valores que permitem o desenvolvimento concreto da pessoa e da sociedade. Nesta visão personalista e comunitária, «A empresa não pode ser considerada apenas como uma “sociedade de capitais”; é simultaneamente uma “sociedade de pessoas”, da qual fazem parte, de modo diverso e com específicas responsabilidades, quer aqueles que fornecem o capital necessário para a sua atividade, quer aqueles que colaboram com o seu trabalho»[707].


339 Os componentes da empresa devem ser conscientes de que a comunidade na qual atuam representa um bem para todos e não uma estrutura que permite satisfazer exclusivamente os interesses pessoais de alguns. Somente tal consciência permite chegar à construção de uma economia verdadeiramente ao serviço do homem e de elaborar um projeto de real cooperação entre as partes sociais.

Um exemplo muito importante e significativo na direção indicada provém da atividade das empresas cooperativas, das empresas artesanais e das agrícolas de dimensões familiares. A doutrina social tem sublinhado o valor do contributo que elas oferecem para a valorização do trabalho, para o crescimento do sentido de responsabilidade pessoal e social, para a vida democrática, para os valores humanos úteis ao progresso do mercado e da sociedade[708].

340 A doutrina social reconhece a justa função do lucro, como primeiro indicador do bom andamento da empresa: «quando esta dá lucro, isso significa que os fatores produtivos foram adequadamente usados e as correlativas necessidades humanas devidamente satisfeitas»[709]. Isto não ofusca a consciência do fato de que nem sempre o lucro indica que a empresa está servindo adequadamente a sociedade[710]. É possível, por exemplo, «que a contabilidade esteja em ordem e simultaneamente os homens, que constituem o patrimônio mais precioso da empresa, sejam humilhados e ofendidos na sua dignidade»[711]. É o que acontece quando a empresa está inserida em sistemas sócio-culturais caracterizados pela exploração das pessoas, inclinados a fugir às obrigações de justiça social e a violar os direitos dos trabalhadores.

É indispensável que, no interior da empresa, a legítima busca do lucro se harmonize com a irrenunciável tutela da dignidade das pessoas que, a vário título, atuam na mesma empresa. As duas exigências não estão absolutamente em contraste uma com a outra, pois que, de um lado, não seria realista pensar em garantir o futuro da empresa sem a produção de bens e serviços e sem conseguir lucros que sejam fruto da atividade econômica realizada; por outro lado, consentindo crescer à pessoa que trabalha, se favorecem uma maior produtividade e eficácia do trabalho mesmo. A empresa deve ser uma comunidade solidária[712] não fechada nos interesses corporativos, tender a uma «ecologia social»[713] do trabalho, e contribuir para o bem comum mediante a salvaguarda do meio ambiente natural.


341 Se na atividade econômica e financeira a busca de um lucro eqüitativo é aceitável, o recurso à usura é moralmente condenado: «Todo aquele que em seus negócios se der a práticas usurárias e mercantis que provocam a fome e a morte de seus irmãos (homens) comete indiretamente um homicídio, que lhe é imputável»[714]. Tal condenação estende-se também às relações econômicas internacionais, especialmente pelo que respeita a situação dos países menos avançados, aos quais não podem ser aplicados «sistemas financeiros abusivos e mesmo usurários»[715]. O Magistério mais recente tem reservado palavras fortes e claras para uma prática ainda hoje dramaticamente estendida: «não praticar a usura, chaga que ainda nos nossos dias é uma realidade vil, capaz de aniquilar a vida de muitas pessoas»[716].


342. A empresa se move hoje no quadro de cenários econômicos de dimensões mais cada vez amplas, nos quais os Estados nacionais mostram limites na capacidade de governar os processos de mudança por que passam as relações econômico-financeiras internacionais; esta situação induz as empresas a assumir responsabilidades novas e maiores em relação ao passado. Nunca como hoje o seu papel aparece determinante em vista de um desenvolvimento autenticamente solidário e integral da humanidade e é igualmente decisivo, neste sentido, o seu nível de consciência do fato de que o «desenvolvimento ou se torna comum a todas as partes do mundo, ou então sofre um processo de regressão mesmo nas zonas caracterizadas por um constante progresso. Este fenômeno é particularmente indicativo da natureza do desenvolvimento autêntico: ou nele participam todas as nações do mundo, ou não será na verdade desenvolvimento»[717].


b) O papel do empresário e do dirigente de empresa


343 A iniciativa econômica é expressão da inteligência humana e da exigência de responder às necessidades do homem de modo criativo e colaborativo. Na criatividade e na cooperação está inscrita a autêntica concepção da competição empresarial: um cum-petere, ou seja, um buscar junto as soluções mais adequadas para responder do modo mais apropriado às necessidades que passo a passo vêm à tona. O sentido de responsabilidade que brota da livre iniciativa econômica se configura não só como virtude individual indispensável para o crescimento humano do indivíduo, mas também como virtude social necessária ao desenvolvimento de uma comunidade solidária: «Para este processo, concorrem importantes virtudes, tais como a diligência, a laboriosidade, a prudência em assumir riscos razoáveis, a confiança e fidelidade nas relações interpessoais, a coragem na execução de decisões difíceis e dolorosas, mas necessárias para o trabalho comum da empresa, e para enfrentar os eventuais reveses da vida »[718].


344 Os papéis do empresário e do dirigente reveste uma importância central do ponto de vista social, porque se colocam no coração daquela rede de liames técnicos, comerciais, financeiros, culturais, que caracterizam a moderna realidade da empresa. Dado que as decisões empresariais produzem, em razão da crescente complexidade da atividade empresarial, uma multiplicidade de efeitos conjuntos de grande relevância não só econômica, mas também social, o exercício das responsabilidades empresariais e dirigenciais exige, além de um esforço contínuo de atualização específica, uma constante reflexão sobre as motivações morais que devem guiar as opções pessoais de quem esta investido de tais encargos.

Os empresários e os dirigentes não podem levar em conta exclusivamente o objetivo econômico da empresa, os critérios de eficiência econômica, as exigências do cuidado do «capital» como conjunto dos meios de produção: é também um preciso dever deles o concreto respeito da dignidade humana dos trabalhadores que atuam na empresa[719]. Estes últimos constituem «o patrimônio mais precioso da empresa»[720], o fator decisivo da produção[721]. Nas grandes decisões estratégicas e financeiras, de compra ou de venda, de redimensionamento ou fechamento das filiais, na política das fusões, não se pode limitar exclusivamente a critérios de natureza financeira ou comercial.


345 A doutrina social insiste na necessidade de que o empresário e o dirigente se empenhem em estruturar a atividade profissional nas suas empresas de modo a favorecer a família, especialmente as mães de família no cumprimento das suas funções[722]; respondam, à luz de uma visão integral do homem e do desenvolvimento, à demanda de qualidade «das mercadorias a produzir e a consumir, qualidade dos serviços a ser utilizados, qualidade do ambiente e da vida em geral»[723]; invistam, sempre que se apresentarem as condições econômicas e de estabilidade política, nos lugares e nos setores produtivos que oferecem a indivíduos e povos «a ocasião de valorizar o próprio trabalho»[724]."

domingo, 22 de junho de 2008

O novo Fundo...

O forte dele nunca foi economia, mas de vez em quando ele acerta. A proposta de fundo com recursos das receitas dos novos poços de petróleo é uma ótima idéia. Ele evita o risco do comportamento rentista que tantos problemas criou em países ricos em petróleo.

Onde investir os recursos deste fundo? É uma questão que deve ser debatido com a sociedade e ate quem sabe submetida a consulta popular. Investimento em educação é sempre bem vindo, desde que não seja no ensino superior. Aposentadorias também pode ser uma opção. O que não falta é onde investi-lo, deve-se contudo resistir a tentação de usá-lo para financiar projetos do setor privado. Afinal não é função do Estado ser baba do setor privado.

sábado, 21 de junho de 2008

Revistas

Com nova diagramação, mas com a alta qualidade de sempre, a Magazine Litteraire( avril 2008), tem como central “les juifs et la literature”. Alem dos artigos sobre o tema central, recomendo o artigo do Slavoj Zizek e e a entrevista com Richard Perle e Denis Lacorne( L’Amerique, fille aînée dês Églises). O tempo é sempre escasso, mas a leitura deste revista continua sendo indispensavel. O problema é que ela não é a única: a lista é longa e inclui entres outras: The New York Review of Books e a L’Histoire

Por falar em L’Histoire, no último número(avril 2008) saiu um artigo muito interessante sobre a economia antiga e o capitalismo: “Les Grecs ont-ils inventé le capitalisme?” Leitura indispensável para aqueles que ainda confundem economia de mercado com capitalismo.

Sobre os Estados Unidos, recomendo o artigo que saiu na New Yorker(May 26, 2008) sobre os problemas do Partido Republicano e um outro sobre o papel do Vale do Silício no lançamento, embalagem e financiamento da candidatura do Obama.

Se você é, também, um apaixonado pela música do Crosby, Stillls, Nash & Young, não pode deixar de ler a entrevista com eles publicada no número de junho da Uncut. É uma revista cara, mas neste caso vale a pena, e você também recebe um CD, infelizmente não é do quarteto fantástico.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Um certo economista palmeirense ou o retorno do exército de brancaleone

Leio na Folha que ontem o Presidente esteve reunido com um grupo de economistas e Ministros para discutir o que fazer em relação a inflação. Entre os economistas, o destaque é o Palmeirense e colegas( hoje governo e no Senado) de Barão Geraldo. Não é a primeira vez que esta turma consegue chegar ao ouvido de um Presidente; na primeira, o resultado foi trágico, motivo suficiente para o atual Presidente não levar muito a serio os conselhos desta turma.

É verdade que o Palmeirense não se encontra na mesma liga que boa parte da turma( maioria discípulos) que se passa por economistas em Barão Geraldo e em Perdizes. Na entrevista a Folha ela ate usa a palavra “intertemporal”( fico imaginando a reação dos seus discípulos: inter o que?) e diz que concorda com a regra, proposta pelo Arminio Fraga, para o crescimento do gasto público. É um grande avanço que vem se somar a sua opinião a respeito do superávit primário.

Como avaliar esta mudança de opinião? Na verdade este comportamento Zelig não é novo e parece ser uma característica da turma heterodoxa: no poder, ou próximo dele, são mais realistas do que o rei o que explica os resultados conhecidos...

Espero que os discípulos, sigam o exemplo do mestre, e voltem a estudar macroeconomia. Poderiam começar pelo Blanchard( macro e o lectures), Romer(advanced macroeconomics)...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Usura (With Usura)

Usura

Com usura homem algum terá
casa de boa pedra
cada bloco talhado em polidez
e bem ajustado
para que o esboço envolva suas faces,
Com Usura
homem algum terá paraíso
pintado na parede de sua igreja
harpes et luz
ou onde a virgem receba a mensagem
e um halo projeta-se do inciso,
com usura
homem algum vê Gonzaga
seus herdeiros e concubinas
pintura alguma é feita pra ficar
nem pra com ela conviver
só é feita a fim de vender
e vender depressa
Com Usura, pecado contra a natureza,
sempre teu pão será rançosas códeas
sempre teu pão será de papel seco
sem trigo da montanha,
sem farinha forte
com usura uma linha cresce turva
com usura não há clara demarcação
e homem algum encontra sua casa.
O talhador não talha sua pedra
o tecelão não vê o seu tear
Com Usura
não vai a lã até a feira
carneiro não dá ganho com usura
a usura é uma peste, usura
engrossa a agulha
lá nas mãos da moça
E só pára a perícia de quem fia.
Pietro Lombardo
não veio via usura
Duccio não veio via usura
Nem Pier della Francesca;
Zuan Bellini não pela usura
nem foi pintada
'La Calunnia' assim.
Angelico não veio via usura;
nem veio Ambrogio Praedis,
Não veio Igreja alguma
de pedra talhada
com a incisão: Adamo me fecit.
Nem via usura St. Trophime
Nem via usura Saint Hilaire.
Usura oxida o cinzel
Ela enferruja o ofício e o artesão
Ela corrói o fio no tear
Ninguém aprende a tecer
ouro em seu modelo;
o azul é necrosado pela usura;
não se borda o carmesim
A esmeralda não acha
o seu Memling
A Usura mata o filho nas entranhas
Impede o jovem de fazer a corte
Levou paralisia ao leito, deita-se
entre a jovem noiva e seu noivo
...................contra naturam
Trouxeram meretrizes para Elêusis
Cadáveres dispostos no banquete às ordens da usura

Tradução:José Lino Grunewald



With Usura

With usura hath no man a house of good stone
each block cut smooth and well fitting
that delight might cover their face,
with usura
hath no man a painted paradise on his church wall
harpes et luthes
or where virgin receiveth message
and halo projects from incision,
with usura
seeth no man Gonzaga his heirs and his concubines
no picture is made to endure nor to live with
but it is made to sell and sell quickly
with usura, sin against nature,
is thy bread ever more of stale rags
is thy bread dry as paper,
with no mountain wheat, no strong flour
with usura the line grows thick
with usura is no clear demarcation
and no man can find site for his dwelling
Stone cutter is kept from his stone
weaver is kept from his loom
WITH USURA
wool comes not to market
sheep bringeth no gain with usura
Usura is a murrain, usura
blunteth the needle in the the maid's hand
and stoppeth the spinner's cunning.
Pietro Lombardo came not by usura
Duccio came not by usura
nor Pier della Francesca; Zuan Bellin' not by usura
nor was "La Callunia" painted.

Came not by usura Angelico; came not Ambrogio Praedis,
No church of cut stone signed: Adamo me fecit.

Not by usura St. Trophime
Not by usura St. Hilaire,
Usura rusteth the chisel
It rusteth the craft and the craftsman
It gnaweth the thread in the loom
None learneth to weave gold in her pattern;
Azure hath a canker by usura; cramoisi is unbroidered
Emerald findeth no Memling

Usura slayeth the child in the womb
It stayeth the young man's courting
It hath brought palsey to bed, lyeth
between the young bride and her bridegroom
CONTRA NATURAM

They have brought whores for Eleusis
Corpses are set to banquet
at behest of usura.


Ezra Pound

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Economics: Which Way for Obama?

Apesar de ser uma resenha de um livro( Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth, and Happiness, Richard H. Thaler and Cass R. Sunstein.Yale University Press), os fragmentos, abaixo, apresentam uma boa análise das afinidades dos candidatos a Presidencia dos USA com as escolas do pensamento econômico.

"The bursting of the housing bubble and the associated credit crunch has so far wiped out about $3 trillion of wealth—nobody knows the exact amount—caused havoc in the financial markets, and prompted hundreds of thousands of homeowners to default on their monthly mortgage payments. Some experts predict that by the end of 2009, the number of homes entering foreclosure could reach two million. Not surprisingly, the question of what to do about the housing crisis has emerged as a divisive policy issue in the 2008 presidential election, with each of the three leading candidates representing a distinct economic ideology.

John McCain, for all his protestations that economics is not his strong point, has put forward a coherent, if somewhat heartless, case for doing nothing, or very little, anyway. Echoing the arguments that Andrew Mellon, Friedrich Hayek, and other enthusiasts of the free market espoused in the early years of the Great Depression, McCain has said it is no business of the government to bail out people who took out loans they couldn't afford. Evidently such socialistic interventions would only reward reckless behavior, and, in any case, they wouldn't work. The laissez-faire argument says it is better to let the market "correct"—i.e., let the foreclosures mount up—until people learn to live within their means and prices become more affordable, at which point sustainable economic growth will resume.

Hillary Clinton, after initially equivocating, has emerged as the would-be heir to FDR and John Maynard Keynes. In addition to imposing a ninety-day moratorium on foreclosures and a five-year freeze on certain adjustable mortgage rates, she would have the federal government buy up an undetermined number of troubled home loans, enabling lenders to convert them to more affordable deals and putting a floor under the housing market.
Clinton would also allow bankruptcy judges to reduce the value of mortgages, a proposal the banking industry vigorously opposes, and she has criticized McCain as the reincarnation of Herbert Hoover—a comparison that is a bit unfair to the thirty-first president, whose intellectual commitment to voluntarism didn't prevent him from expanding public works programs, raising taxes on the wealthy, and creating two institutions that funneled federal money into the housing market: the Federal Home Loan Bank and the Reconstruction Finance Corporation.

Barack Obama has also criticized McCain for sitting back and watching while so many American families face eviction. Yet his own proposals are more nuanced than Hillary's. They include setting up a $10 billion fund to help prevent foreclosures, cracking down on mortgage fraud, providing tax credits to low- and middle-income homeowners who don't currently itemize their interest payments, and standardizing the terms of mortgages so that potential borrowers can more easily figure out when they are being hoodwinked. Obama has also expressed support for Democratic Senator Chris Dodd's plan to expand the Federal Housing Administration's ability to refinance troubled loans. So far, though, he has been noticeably less enthusiastic than Clinton about a large-scale injection of public funds into the market for mortgages and mortgage securities.

Should Obama win the nomination, political considerations may well force upon him a more interventionist position, but his first inclination is to seek a path between big government and laissez-faire, a trait that reflects his age—he was born in 1961—and the intellectual milieu he emerged from. Before entering the Illinois state Senate, he spent ten years teaching constitutional law at the University of Chicago, where respect for the free market is a cherished tradition. His senior economic adviser, Austan Goolsbee, is a former colleague of his at Chicago and an expert on the economics of high-tech industries. Goolsbee is not a member of the "Chicago School" of Milton Friedman and Gary Becker, but he is not well known as a critic of American capitalism either. As recently as March 2007, he published an article in The New York Times pointing out the virtues of subprime mortgages. "The three decades from 1970 to 2000 witnessed an incredible flowering of new types of home loans," Goolsbee wrote. "These innovations mainly served to give people power to make their own decisions about housing, and they ended up being quite sensible with their newfound access to capital."

When I spoke to Goolsbee earlier this year, he said that one of the things that distinguished Obama from Clinton was his skepticism about standard Keynesian prescriptions, such as relying on tax policy to stimulate investment and saving. In a recent posting on HuffingtonPost.com, Cass Sunstein, who for ten years was a colleague of Obama's at the University of Chicago Law School—and has said he is "an informal, occasional adviser to him"—made a similar point regarding government oversight of the financial markets: "With respect to the mortgage crisis, credit cards and the broader debate over credit markets," Sunstein wrote, "Obama rejects heavy-handed regulation and insists above all on disclosure, so that consumers will know exactly what they are getting."


If Obama isn't an old-school Keynesian, what is he? One answer is that he is a behavioralist—the term economists use to describe those who subscribe to the tenets of behavioral economics, an increasingly popular discipline that seeks to marry the insights of psychology to the rigor of economics. Although its intellectual roots go back more than thirty years, to the pioneering work of two Israeli psychologists, Amos Tversky and Daniel Kahneman, behavioral economics took off only about ten years ago, and many of its leading lights, among them David Laibson and Andrei Shleifer, of Harvard; Matt Rabin, of Berkeley; and Colin Camerer, of Caltech, are still in their thirties or forties. One of the reasons this approach has proved so popular is that it appears to provide a center ground between the Friedmanites and the Keynesians, whose intellectual jousting dominated economics for most of the twentieth century.

The central tenet of the Chicago School is that markets, once established and left alone, will resolve most of society's economic problems, including, presumably, the mortgage crisis. Keynesians—old-school Keynesians, anyway—take the view that markets, financial markets especially, often fail to work as advertised, and that this failure can be self-reinforcing rather than self-correcting. In some ways, the behavioralists stand with the Keynes-ians. Markets sometimes go badly awry, they agree, especially when people have to make complicated choices, such as what type of mortgage to take out. But whereas the Keynesians argue that vigorous regulation and the prohibition of certain activities such as excessive borrowing are often necessary, behavioralists tend to be more hopeful about redeeming free enterprise. With a gentle nudge, they argue, even some very poorly performing markets—and the people who inhabit them—can be made to work pretty well.

John Cassidy

Fonte: The New York Review of Books, June 21, 2008.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Breaking Faith With Britain

Interessante artigo, mencionado na coluna desta terça do João Pereira Coutinho, publicado na recem lançada revista Standpoint.

"
The rapid fragmentation of society, the emergence of isolated communities with only tenuous links to their wider context, and the impact of home-grown terrorism have all led even hard-bitten, pragmatist politicians to ask questions about “Britishness”: what is at the core of British identity; how can it be reclaimed, passed on and owned by more and more people?


The answers to these questions cannot be only in terms of the “thin” values, such as respect, tolerance and good behaviour, which are usually served up by those scratching around for something to say. In fact, the answer can only be given after rigorous investigation into the history of nationhood and of the institutions, laws, customs and values which have arisen to sustain and to enhance it. In this connection, as with the rest of Europe, it cannot be gainsaid that the very idea of a unified people under God living in a “golden chain” of social harmony has everything to do with the arrival and flourishing of Christianity in these parts. It is impossible to imagine how else a rabble of mutually hostile tribes, fiefdoms and kingdoms could have become a nation conscious of its identity and able to make an impact on the world. In England, particularly, this consciousness goes back a long way and is reflected, for example, in a national network of care for the poor that was locally based in the parishes and was already in place in the 16th century.


In some ways, I am the least qualified to write about such matters. There have been, and are today, many eminent people in public and academic life who have a far greater claim to reflect on these issues than I have. Perhaps my only justification for even venturing into this field is to be found in Kipling when he wrote, “What should they know of England who only England know?” It may be, then, that to understand the precise relationship of the Christian faith to the public life of this nation, a perspective is helpful which is both rooted in the life of this country and able to look at it from the outside.


As I survey the field, what do I see? I find, first of all, “a descending theme” in terms of Christian influence. That is to say, I find that the systems of governance, of the rule of law, of the assumption of trust in common life all find their inspiration in Scripture; for example, in the Pauline doctrine of the godly magistrate and, ultimately, in the Christian doctrine of God the Holy Trinity, where you have both an ordered relationship and a mutuality of love. As Joan O’Donovan has pointed out, the notion of God’s right, or God’s justice, produced a network of divine, human and natural law which was the basis of a just ordering of society and also of a mutual sense of obligation “one towards another”, as we say at Prayers for the Parliament. Such a descending theme of influence continues to permeate society, but is especially focused in constitutional arrangements, such as the “Queen in Parliament under God”, the Queen’s Speech (which always ends with a prayer for Almighty God to bless the counsels of the assembled Parliament), daily prayers in Parliament, the presence of bishops in the House of Lords, the national flag, the national anthem — the list could go on. None of this should be seen as “icing on the cake” or as interesting and tourist-friendly vestigial elements left over from the Middle Ages. They have the purpose of weaving the awareness of God into the body politic of the nation."


MICHAEL NAZIR-ALI

Para ler o artigo completo: http://www.standpointmag.co.uk/breaking-faith-with-britain

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Piadas sobre Economistas e Economia V

Engenheiros e Cientistas nunca farão tanto dinheiro quanto empresários executivos.
Tendo em vista os seguintes postulados: Conhecimento é Poder (1)
e Tempo é Dinheiro (2), parte-se da equação geral conhecida por todos:

Trabalho
--------- = Power (Força, Poder) , trocando as variáveis:
Tempo
Trabalho
--------- = Conhecimento , onde temos o seguinte resultado:
Dinheiro
Trabalho
Dinheiro = -----------
Conhecimento
Uma vez que o conhecimento se aproxima de zero, independentemente do trabalho realizado o dinheiro tenderá ao infinito.

*
Um viajante chegou numa ilha habitada por canibais e foi visitar um açougue especializado em cérebro de humanos. Lá podia-se verificar os preços:
Cérebro de Filósofo: $ 12,00 / kg
Cérebro de Cientista: $ 15,00 / kg
Cérebro de Artista: $ 18,00 / kg
Cérebro de Economista: $ 24,00 / kg
Diante dos preços, o viajante comentou. "Os cérebros de Economistas devem ser muito apreciados por aqui."
Indignado, respondeu o açougueiro: "Você está louco ? Você não faz idéia de quantos economistas é preciso matar para juntar um quilo de cérebro!"

*

O governador encomendou a um arquiteto que fizesse o projeto de uma sala com a entrada por um só lado, para o dpto. de economistas. Curioso, o arquiteto perguntou ao governador porquê este detalhe na sala dos economistas. O governador respondeu: "Porque eles sempre vem com explicações por um lado e por outro lado..."

*

Todo mundo tem uma vantagem comparativa de algum modo, devido ao desempenho não estar inteiramente no terceiro quadrante.

*

Perguntaram a um economista qual era o segredo da vida. Ele respondeu: "Depende dos valores dos parâmetros".

*

— Qual a tem sido a questão normal do recém graduado economista em seu primeiro emprego ?
— O Sr. quer acompanhando bife acebolado ou frango frito ?

*

A Ciência Econômica é extremamente útil como uma forma de emprego para os economistas

*

Um físico, um químico e um economista estão perdidos em uma ilha deserta, sem nada para comer, somente com uma lata de sopa enlatada. Entretanto era preciso abrí-la. O físico disse, "vamos bater na lata com uma pedra", o químico disse "vamos fazer uma fogueira e aquecer a lata antes", enquanto o economista complementou, "assumindo a hipótese de que nós temos um abridor de lata...".
(Paul Samuelson)

*

— Qual a diferença entre uma pós-graduação em Finanças e uma em Economia ?
— Custo de Oportunidade.

*

Um economista, um filósofo, um biólogo e um arquiteto estavam discutindo sobre qual seria a verdadeira profissão de Deus. O filósofo disse, "Bem, acima de tudo, Deus é um filósofo porque ele criou os princípios nos quais o homem vive".
"Ridículo", disse o biólogo. "Antes disto, Deus criou o homem e a mulher e todas as coisas vivas, de maneira inquestionável, portanto Deus é biólogo.
"Errado", complementou o arquiteto. "Antes de criar os seres vivos, Deus criou o céu e a terra. Antes da terra só havia confusão e caos", disse o arquiteto procurando justificar a profissão de Deus como arquiteto.
"Pois é.", falou o economista. "De onde vocês acham que veio o caos ?"

domingo, 15 de junho de 2008

Which is Worse? Regulation or Deregulation

Regulamentar ou desregulamentar? Questão difícil de responder e que há anos ocupa papel importante nos debates sobre políticas públicas nos USA. O artigo abaixo é uma boa introdução a esta controversia.


Libertarians preach the morality of the market, and socialists preach the morality of the state. Those convinced of the market's morality want de-regulation; those convinced of the state's morality want regulation.

In truth, neither seems to work.

Consider for example the rules against collusion. The political left imposed this regulatory rule in order to prevent monopoly behavior by companies. One consequence has been that, unable to collude, firms are slaves to their bottom lines. In order to compete successfully in the competitive new world of globalism, firms have curtailed pensions and health insurance for their employees.

Or consider the regulation of new drugs, which drives up costs and delays remedies without, apparently, doing much to improve safety.

Or the fleet milage standards that regulation imposes on car makers. These regulations destroyed the family station wagon. Families needing carrying capacity turned to vans and to panel trucks. Car makers saw a new market and invented the SUV, which as a "light truck" was exempt from the fleet milage regulations. The effort to impose fuel economy resulted in cars being replaced by over weight fuel-guzzling SUVs.

On the other hand consider the current troubles resulting from banking and financial de-regulation. The losses from this one crisis greatly exceed any gains from de-regulation.

Or consider the plight of the de-regulated airlines and deterioration in the quality of air service. Or the higher costs of telephone service and the loss of a blue chip stock for widows and retirement funds that resulted from breaking up AT&T. Or the scandals and uncertainties from utility de-regulation which permits non-energy producers like Enron to contract to deliver electric power.

Economists claim that de-regulation results in lower prices. Cheap advanced fare airline ticket prices are cited as evidence. What these economists mean is that the fares without stopovers are cheap to people who can plan their trips in advance. Other passengers subsidize these advanced fares by paying four times as much. Moreover, de-regulation has created bottom-line competition that has lowered service, removed meals, and results in periodic bankruptcy, thus forcing the airlines' creditors to pay for the low fares. Pilots, flight attendants, and aircraft maintenance crews subsidize the lower fares with reductions in salaries and pension benefits. Are bankruptcies and mergers leading the industry toward one carrier and the re-emergence of regulation?

Consider the fall-out from trucking de-regulation. As in the case of the airlines, the claim was that more communities would be served and costs would decline. But which costs? De-regulation made every minute a bottom-line item. Trucks became bigger, heavier, and travel at higher speeds. Highway safety suffers, and highway maintenance costs rise. The courtesy of truck drivers declined. When trucking was regulated, truckers would stop to help people whose cars had broken down. Today that would throw off the schedule and threaten the bottom-line.

Economists dismiss costs that aren't included in price. For them the cost that matters is the price paid by consumers. The truck that gets there faster delivers cheaper to the consumer. The myriad ways in which people pay the price of de-regulation are not part of the price paid at the check-out counter.

Economists also say that offshoring lowers Wal-Mart prices, thus benefitting the consumer. They don't say that by moving jobs abroad offshoring reduces the job opportunities and life-time earnings of the US labor force, or that it wrecks the finances of the laid-off US workers and destroys the tax base of their local communities. None of these costs of offshoring enter into the price of the offshored goods that Americans purchase.

Privatization vs. socialization is another dimension of the conflict. Those who distrust the power of private ownership put faith in public ownership, and those who distrust the power of the state find freedom to be imperiled in the absence of private ownership. 20th century experience established that public ownership is economically inefficient without producing offsetting gains in public welfare. Those in charge of nationalized firms live well both at the expense of taxpayers and consumers.

Nevertheless, privatization can be pushed too far, and it has. As a result of the upfront cost of building prisons and their high operating costs when in government hands, prisons are being privatized and have become profit-making ventures. Governments avoid the construction costs and contract for incarceration services. Allegedly, the greater efficiency of the private operation lowers the cost.

Private prisons, however, require a constant stream of prisoners. They cannot afford to have vacant cells. If incarceration rates fell, profits would disappear and bankruptcy would descend upon the owners. Thus, privatized prisons create a demand for criminals and, as a result, might actually raise the total cost of incarceration.

The US--the "land of liberty"--has the largest prison population in the world. With 5 percent of the world's population, the US has 25 percent of the prison population. The US has 1.3 million more people in prison than crime-ridden Russia, and 700,000 more prisoners than authoritarian China, which has a population four times larger.

In the US the number and kind of crimes have exploded. Prisons are full of drug users, and the US now has "hate crimes" such as the use of constitutionally protected free speech against "protected minorities." It is in the self-interest of prison investors to agitate for yet more criminalization of civil liberties and ordinary human behavior.

The case for de-regulation is as ideological as the case for regulation. There is no open-and-shut case for either approach. Such issues should be decided on their merits, but usually are decided by the reigning ideology of an epoch or by powerful interest groups.
The Bush regime has de-regulated the government in the sense that the regime has removed constraints that the Founders put on executive power. This was done in the name of the "war on terror." Simultaneously, Bush has increased the regulation of our travel and communication, spying on our Internet use and specifying to the ounce the quantities of toothpaste and shampoo with which Americans can board commercial airliners.

Crises destroy liberty. Lincoln used the crisis of states withdrawing from the union to destroy states' rights, an essential preservative of liberty in the minds of the Founders. Roosevelt used the Great Depression to destroy the legislative power of Congress by having that power delegated to federal agencies. Bush used 9/11 to assault the civil liberties that protect Americans from a police state.

Perhaps we have now reached a point where both libertarians and left-wingers can agree that the US government desperately needs to be re-regulated and again held accountable to the people.


Paul Graig Roberts

sábado, 14 de junho de 2008

Rorty

Se voce esta pensando em comprar a recem lançada biografia do Rorty, recomendo ler a resenha abaixo que saiu na The Economist.


RICHARD RORTY, who died last year at 75, was one of the most talked-about thinkers in America. Every professional philosopher in the English-speaking world had to grapple with his magnum opus, “Philosophy and the Mirror of Nature”, published in 1979. But the reason why he was a superstar is that it was not only philosophers who read him. Students and teachers in many other branches of the humanities fell under his spell. This wide appeal was partly due to his approachable style, trenchant polemics and breadth of learning. It also helped that he attacked philosophy as a puffed-up pretender with no monopoly on deep truths.

In fact, for Rorty there weren’t really any deep truths at all. He saw himself as a pragmatist in the American tradition of William James and (especially) John Dewey. Pragmatists say that beliefs should be judged by their usefulness, and not by any supposed correspondence with an ultimate reality that lurks behind the landscape of everyday life. This sort of pragmatism—or so Rorty argued in “Philosophy and the Mirror of Nature”—demotes philosophy to just one form of edifying conversation among many.
In 1982, three years after the book was published, Rorty left the philosophy department of Princeton University to become a multidisciplinary professor of the humanities at the University of Virginia. In 1998 he packed his bags again to teach comparative literature at Stanford University in California.

This was not a particularly eventful life. Rorty’s parents were left-wing anti-communist intellectuals. He was precocious and began studies at the University of Chicago at the age of 15. He was married, divorced and remarried. There were rows with departmental colleagues. He wrote a lot (in newspapers and magazines, as well as academic journals and books) and died of cancer. If Neil Gross, who is an American sociologist, had set out to write a traditional biography of Rorty, he would not have had a gripping tale to tell. Instead he has used Rorty as a case study in the sociological analysis of academe.

In theory, Rorty is a promising subject for such treatment. Here was a star of the dominant “analytical” movement in philosophy who, it seemed, suddenly turned on his colleagues and became an eclectic iconoclast.

Why did he do it? Unfortunately for anyone who is not a professional sociologist, Mr Gross is more interested in distinguishing subtly different ways of answering this question than he is in the question itself. And his writing seems almost designed to make pedestrian generalisations sound as if they are insights: “As thinkers move across the life course and are affiliated with different institutions, they may pick up from some of them identity elements that they integrate into their self-concept narratives.”

Almost by accident, Mr Gross does shed some light on Rorty’s development. He shows that his estrangement from his colleagues at Princeton was no volte-face but a natural evolution from his early studies in Chicago and graduate work at Yale. The two chapters about Rorty’s parents may be useful raw material for scholars of the minor figures in pre-war intellectual life. Similarly, information about the minutiae of tenure decisions and rivalries in leading philosophy departments will be of interest to institutional historians.

But none of this is woven into an engaging narrative here. Those who agree with Rorty's critique of philosophy will be tempted to conclude from this volume that sociology is even worse.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

John Henry Newman Lecture

É sempre uma imensa alegria ler textos que honram a grande tradição intelectual católica. Este é o caso da palestra(lecture), do Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que inagurou a nova série de lectures -John Henry Newman Lecture - organizada pelos “Catholic Halls” da Universidade de Oxford. Patrocinada pelo jornal britanico The Catholic Herald, ela “honours and promotes John Henry Newman's vision of a rich mutuality between the Christian faith and the intellectual life: of faith as constantly seeking understanding, and of reason as perfected in faith”

"The new actuality of God

In the philosophical and theological tradition one proof for the existence of God was derived “exconsensu gentium”, “on the basis of the consensus of all peoples”. The argument postulates that there is no people so savage, no man so primitive that his spirit is totally devoid of any conception of deities.

In the ancient world this consensus was seen as a sign of divine legitimation. There was a
conviction that this unanimity could not rest merely on convention, that it is grounded in a law of nature.1 In the tradition of Plato, the idea of God was until well into the modern era believed to be innate to mankind. The psalmist too says: “Only the fool says in his heart, there is no God” (Ps14,1; 53,1).

Is that still true today? In our age, is it not instead the wise, or those who consider themselves as such, who say precisely that there is no God – and who believe that they can dismiss the idea of God of earlier ages as a God delusion. So the proof of God on the basis of the unanimity of the peoples seems at least for us Europeans to be an idea that has had its day. Surveys confirm that in respect of religion we Europeans rank last on the world scale, and other cultures are surprised that we have renounced the consensus gentium and – viewed from the perspective of universalcultural history – have chosen to follow a separate path.

Doubtless, even among the scientific community in Europe we can still find a substantial number of esteemed scientists for whom God is not dead but a living reality who determines their lives and their thinking. But there are also many to whom God means nothing. They live etsi Deus non daretur. In the ancient world, and in religions in general, God or the divine represent the actual and true reality, while the world by contrast is in danger of being seen merely as appearance or as a shadow reality. For many of our contemporaries, however, it is precisely the reverse. The observable tangible reality, the reality which can be perceived and grasped by the senses, the calculable and predictable reality which we can manipulate, is the actual reality, while the reality of God is suspected of being a mere reflection of the empirical world, a construct, an ideology, a projection or an illusion.

Both practical and theoretical atheism alike were for a long time regarded as the keynote of the age.2 At the end of the 19th century Friedrich Nietzsche proclaimed the death of God and
celebrated this death as the great emancipation of mankind. In the 20th century his message was turned into a designation and an analysis of the age. Following Hölderlin, Martin Heidegger spoke of the absence of God, and Martin Buber of the eclipse of God in our time. Imprisoned by the Gestapo and facing imminent execution, two great Christian witnesses of the resistance, the Lutheran theologian Dietrich Bonhoeffer and the Jesuit Alfred Delp, envisaged the coming of a godless and religion-less age in which the old religious vocabulary would lose its power and become incomprehensible. The Second Vatican Council, too, considered atheism to be among the most serious phenomena of our age (Gaudium et spes [GS], 19). Then in the 70s and 80s the secularisation thesis was able to gain a firm foothold, claiming that the inexorable march of modernisation processes would by its very nature virtually inevitably result in progressive secularisation. Faith in God seemed to be a lost cause.

Today atheism is by no means dead, it has reappeared not so much in the guise of philosophy as in the guise of science, and with nothing short of missionary zeal. Books such as Richard Dawkins’ God Delusion, in particular, rank on the bestseller lists.3 We can of course question whether this kind of atheism is not itself a lost cause. It can hardly be maintained that it represents the summit of contemporary thought. It reiterates in a heavy-handed and distorted manner 19th century positions which have long been considered a thing of the past. As its bestknown critic, A. E. McGrath – himself a scientist – has demonstrated in detail, it is essentially an atheistic fundamentalism. McGrath speaks of an atheism delusion."

1 This proof of God is found already in the Stoa of antiquity (Cicero, Tusc. Disp. I,30; cf. De natura deorum 2,5).Among the Church Fathers this idea was taken up above all by Clemens of Alexandria (Strom V,14).

2 Individual references in: W. Kasper, Der Gott Jesu Christi (1982), reprint Freiburg i. Br. 2008, 50 f

3 This is true above all of R. Dawkins, The God Delusion, 2007. For analysis and critique see: A. McGrath,
Dawkins’ God: Genes, Memes and the Meaning of Life, Oxford 2004; and McGrath Der Atheismuswahn. Eine
Antwort auf Richard Dawkins und den atheistischen Fundamentalismus, Asslar 2007.

Fonte: The Catholic Herald

Para ler a versão completa da palestra: http://www.catholicherald.co.uk/kasperlecture/index.shtml

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O Albatroz

Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.

Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.

Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!

O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado ao chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar.


Baudelaire

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Populorum Progressio

Esquecida por setores da intelectualidade católica ainda fascinados pelo canto de sereia de uma certa ilha caribenha , ignorada em Perdizes, a doutrina social da Igreja ainda se mostra atual. Este é o caso, por ex., da “ Populorum Progressio”, Carta Encíclica do Papa Paulo VI sobre o desenvolvimeno dos povos, de 26 de março de 1967.

A atualidade do diagnóstico, assim como das medidas propostas é uma indicação da qualidade do documento, mas, também, infelizmente, do muito que ainda deve ser realizado para resolver os problemas discutidos no texto: a fome, o desequilíbrio nas trocas comerciais, um liberalismo sem face humana, entre outros.

Recomendo fortemente a leitura desta Encíclia e transcrevo abaixo algumas passagens:

“2. EQÜIDADE NAS RELAÇÕES COMERCIAIS
56. Ainda que fossem consideráveis, seriam ilusórios os esforços feitos para ajudar, no plano financeiro e técnico, os países em via de desenvolvimento, se os resultados fossem parcialmente anulados pelo jogo das relações comerciais entre países ricos e países pobres. A confiança destes últimos ficaria abalada, se tivessem a impressão de que uma das mãos lhes tira o que a outra lhe dá.
Distorção crescente
5'7. As nações altamente industrializadas exportam sobretudo produtos fabricados, enquanto as economias pouco desenvolvidas vendem apenas produtos agrícolas e matérias primas. Aqueles, graças ao progresso técnico, aumentam rapidamente de valor e encontram um mercado satisfatório. Pelo contrário, os produtos primários provenientes dos países em via de desenvolvimento sofrem grandes e repentinas variações de preços, muito aquém da subida progressiva dos outros. Daqui surgem grandes dificuldades para as nações pouco industrializadas, quando contam com as exportações para equilibrar a sua economia e realizar o seu plano de desenvolvimento. Os povos pobres ficam sempre pobres e os ricos tornam-se cada vez mais ricos.
Para além do liberalismo
58. Quer dizer que a regra da livre troca já não pode, por si mesma, reger as relações internacionais. As suas vantagens são evidentes quando os países se encontram mais ou menos nas mesmas condições de poder econômico: constitui estímulo ao progresso e recompensa do esforço. Por isso os países industrialmente desenvolvidos vêem nela uma lei de justiça. Já o mesmo não acontece quando as condições são demasiado diferentes de país para país: os preços "livremente" estabelecidos no mercado podem levar a conseqüências iníquas. Devemos reconhecer que está em causa o princípio fundamental do liberalismo, como regra de transações comerciais.
Justiça dos contratos ao nível dos povos
59. Continua a valer o ensinamento de Leão XIII, na encíclica Rerum novarum: em condições demasiado diferentes, o consentimento das partes não basta para garantir a justiça do contrato, e a regra do livre consentimento permanece subordinada às exigências do direito natural. (57) O que era verdade do justo salário individual, também o é dos contratos internacionais: uma economia de intercâmbio já não pode apoiar-se sobre a lei única da livre concorrência, que freqüentes vezes leva à ditadura econômica. A liberdade das transações só é eqüitativa quando sujeita às exigências da justiça social.
Medidas a tomar
60. Foi o que já compreenderam os próprios países desenvolvidos, que se esforçam por estabelecer no interior da sua economia, por meios apropriados, um equilíbrio que a concorrência, entregue a si mesma, tende a comprometer. Assim, muitas vezes sustentam a sua agricultura à custa de sacrifícios impostos aos setores econômicos mais favorecidos. E também, para manterem as relações comerciais que se estabelecem entre países e países, particularmente em regime de mercado comum, adotam políticas financeiras, fiscais e sociais, que se esforçam por restituir às indústrias concorrentes, desigualmente prósperas, possibilidades semelhantes.
Convenções internacionais
61. Mas não se podem usar nisto dois pesos e duas medidas. O que vale para a economia nacional, o que se admite entre países desenvolvidos, vale também para as relações comerciais entre países ricos e países pobres. Sem o abolir, é preciso, ao contrário, manter o mercado de concorrência dentro dos limites que o tornam justo e moral e, portanto, humano. No comércio entre economias desenvolvidas e subdesenvolvidas, as situações são demasiado discordantes e as liberdades reais demasiado desproporcionadas. A justiça social exige do comércio internacional, para ser humano e moral, que restabeleça, entre as duas partes, pelo menos certa igualdade de possibilidades. É um objetivo a atingir a longo prazo. Mas, para o alcançar, é preciso, desde já, criar uma igualdade real nas discussões e negociações. Também neste campo se sente a utilidade de convenções internacionais num âmbito suficientemente vasto: estabeleceriam normas gerais, capazes de regular certos preços, garantir certas produções e sustentar certas indústrias nascentes. Não há quem duvide de que tal esforço comum, no sentido de maior justiça nas relações comerciais entre os povos, traria aos países em via de desenvolvimento um auxílio positivo, cujos efeitos seriam não só imediatos, mas também duradouros.
Obstáculos a vencer: nacionalismo
62. Existem ainda outros obstáculos à formação de um mundo mais justo e mais estruturado numa solidariedade universal: queremos falar do nacionalismo e do racismo. Comunidades recentemente elevadas à independência política, é natural que se mostrem ciosas de uma unidade nacional ainda frágil, e se esforcem por protegê-la. É também normal que nações de cultura antiga se sintam orgulhosas do patrimônio que lhes legou a história. Mas estes sentimentos legítimos devem ser sublimados pela caridade universal, que engloba todos os membros da família humana. O nacionalismo isola os povos, contrariando o seu verdadeiro bem. E seria particularmente nocivo onde a fraqueza das economias nacionais exige, pelo contrário, um pôr em comum esforços, conhecimentos e meios financeiros, para se realizarem os programas de desenvolvimento e aumentarem os intercâmbios comerciais e culturais.
Racismo
63. O racismo não é apanágio exclusivo das nações jovens, onde ele se dissimula por vezes sob aparências de rivalidades de clãs e de partidos políticos, com notável detrimento da justiça e perigo da paz civil. Durante a era colonial o racismo grassou, com freqüência, entre colonos e indígenas, impedindo o recíproco e fecundo entendimento e provocando, ressentimentos após injustiças reais. E continua ainda a ser obstáculo à colaboração entre nações desfavorecidas, e fermento de divisão e ódio, mesmo dentro dos próprios Estados quando, contrariamente aos direitos imprescritíveis da pessoa humana, indivíduos e famílias se vêem injustamente submetidos a um regime de exceção por motivo de raça ou de cor.
Para um mundo solidário
64. Aflige-nos profundamente tal situação, tão carregada de ameaças para o futuro. No entanto, não perdemos a esperança: sobre as incompreensões e os egoísmos, acabarão por prevalecer uma necessidade mais viva de colaboração e um sentido mais agudo de solidariedade. Esperamos que os países, cujo desenvolvimento é menos avançado, saibam aproveitar-se dos seus vizinhos para organizar uns com os outros, em áreas territoriais mais extensas, zonas de desenvolvimento combinado, estabelecendo programas comuns, coordenando os investimentos, repartindo as possibilidades de produção e organizando os intercâmbios. Esperamos também que as organizações multilaterais e internacionais encontrem, por meio da necessária reorganização, os caminhos que permitam aos povos ainda em via de desenvolvimento, sair das situações difíceis, em que parecem estar embaraçados, e descobrir, na fidelidade ao seu caráter próprio, os meios do progresso social e humano.
Povos artífices do seu destino
65. A isto temos de chegar: a que a solidariedade mundial, cada vez mais eficiente, permita a todos os povos tornarem-se artífices do seu destino. Demasiadas vezes o passado esteve marcado por relações de força entre as nações: virá um dia em que as relações internacionais hão de possuir o cunho de respeito mútuo e de amizade, de interdependência na colaboração e de promoção comum sob a responsabilidade de cada indivíduo. Os povos mais novos ou mais fracos reclamam a sua parte ativa na construção de um mundo melhor, mais respeitador dos direitos e da vocação de cada um. É reclamação legítima: a todos compete ouvi-la e satisfazê-la.”
Fonte:http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_26031967_populorum_po.html

terça-feira, 10 de junho de 2008

PIB no último trimestre

Para tristeza da turma que se passa por economista em Barão Geraldo e Perdizes a economia brasileira continua a apresentar resultados robustos, demonstrando, que apesar de alguns equivocos, a política econômica do atual governo está no caminho certo. Os números, tambem, parecem indicar, que a decisão de elevar a taxa de juros é correta.

"O PIB a preços de mercado apresentou elevação de 5,8% no primeiro trimestre de 2008, em relação a igual período de 2007. O Valor Adicionado a preços básicos apresentou um aumento de 5,5% e os Impostos sobre Produtos uma elevação de 8,0%. Na taxa acumulada em quatro trimestres terminados no primeiro trimestre de 2008, o crescimento foi de 5,8%.
O Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado apresentou crescimento de 0,7% na comparação do primeiro trimestre de 2008 contra o quarto trimestre de 2007, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. Os destaques foram para o setor da Indústria, com crescimento de 1,6%, e Serviços com elevação de 1,0%. Já a Agropecuária apresentou queda de 3,5%.

Ainda na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o crescimento da Despesa de Consumo da Administração Pública foi de 4,5% no primeiro trimestre deste ano, após variação negativa de 0,2% no trimestre anterior. A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 1,3%, seguida da Despesa de Consumo das Famílias com 0,3%. Já pelo lado da demanda externa, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram queda de 5,7%. Por outro lado, as Importações de Bens e Serviços cresceram 0,8%, apresentando o décimo crescimento seguido nessa base de comparação.

Taxa trimestral em relação ao mesmo trimestre do ano anterior
O PIB a preços de mercado apresentou elevação de 5,8% no primeiro trimestre de 2008, em relação a igual período de 2007. O Valor Adicionado a preços básicos apresentou um aumento de 5,5% e os Impostos sobre Produtos uma elevação de 8,0%. Dentre os setores que contribuíram para a geração do Valor Adicionado, a Indústria obteve o melhor desempenho com uma taxa positiva de 6,9%, seguida pelos Serviços, com elevação de 5,0%, e Agropecuária com crescimento de 2,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2007.
A taxa da Agropecuária pode ser, em grande parte, explicada pelo desempenho de alguns produtos que apresentaram safra relevante no trimestre, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA-IBGE) de maio. Segundo o levantamento, o milho, arroz e soja, por exemplo, apresentaram estimativas de crescimento de produção no ano de 2008 de 11,4%, 8,6%, e 2,6%, respectivamente. Por outro lado, o algodão herbáceo e o fumo registraram estimativas de queda de produção de 3,7% e 1,9%, respectivamente.
Na atividade industrial, o destaque foi a Construção Civil que registrou taxa de crescimento de 8,8%, a maior taxa desde o segundo trimestre de 2004 (10,6%). Em seguida destacam-se a Indústria de Transformação com 7,3% de crescimento; Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana com 5,5% e a Extrativa Mineral com 3,3%.
O setor de Serviços apresentou crescimento de 5,0% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Os maiores destaques foram para Intermediação Financeira e Seguros (15,2%); Serviços de Informação (9,5%) e o Comércio (atacadista e varejista) com uma taxa positiva de 7,7%. Os outros subsetores tiveram os seguintes desempenhos: Transporte, Armazenagem e Correio (3,7%); Outros Serviços (2,6%); Serviços Imobiliários e Aluguel (2,1%) e Administração, Saúde e Educação Pública (1,1%).

Consumo das Famílias cresce pela 18ª vez consecutiva
Dentre os componentes da demanda interna, a Despesa de Consumo das Famílias alcançou a taxa positiva de 6,6%, o décimo oitavo crescimento consecutivo na taxa trimestral em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, favorecida pela elevação da massa salarial real dos trabalhadores e pelo crescimento, em termos nominais, do saldo de operações de crédito do sistema financeiro com recursos livres para as pessoas físicas. Já a Despesa de Consumo da Administração Pública apresentou crescimento de 5,8% no primeiro trimestre de 2008 contra o mesmo período de 2007. A Formação Bruta de Capital Fixo registrou crescimento de 15,2%, explicado, principalmente, pelo aumento da produção e da importação de máquinas e equipamentos. Ainda nesse trimestre, a aceleração do crescimento da Construção Civil foi destaque e contribuiu para o desempenho positivo da Formação Bruta de Capital Fixo.
Pelo lado da demanda externa, as Exportações de Bens e Serviços que vinham com taxas positivas desde o terceiro trimestre de 2006, registraram uma queda de 2,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. As Importações de Bens e Serviços também apresentaram mais uma vez elevação nesta comparação, da ordem de 18,9%, o décimo oitavo crescimento seguido desde o quarto trimestre de 2003.

Taxa acumulada nos últimos quatro trimestres (em relação ao mesmo período do ano anterior)
O PIB a preços de mercado acumulado nos quatro trimestres terminados no primeiro trimestre de 2008, apresentou crescimento de 5,8% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Esta taxa resultou da elevação de 5,2% do Valor Adicionado a preços básicos e do aumento de 9,4% nos Impostos sobre Produtos. O resultado do Valor Adicionado neste tipo de comparação decorreu do desempenho positivo dos três setores que o compõem: Indústria (5,7%), Agropecuária (4,9%) e Serviços (4,9%).
Dentre os subsetores da Indústria, as taxas mais altas foram a da Construção Civil com 6,5% e a da Indústria da Transformação com 6,0%. A Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana e a Extrativa Mineral apresentaram os respectivos crescimentos: 5,4% e 2,8%. As maiores elevações nos Serviços foram nos subsetores Intermediação Financeira e Seguros; Serviços de Informação; e Comércio (14,5% , 8,5% e 7,9%, respectivamente).
Na análise da demanda, a Despesa de Consumo das Famílias cresceu 6,7%. A Formação Bruta de Capital Fixo apresentou crescimento de 14,9%, o décimo sexto crescimento seguido. Um dos fatores que possibilitaram este incremento foi o desempenho da Construção Civil, que vem se recuperando desde o terceiro trimestre de 2004, nessa base de comparação e o crescimento da importação de máquinas e equipamentos favorecida pela valorização do Real frente ao Dólar. Por fim, a Despesa de Consumo da Administração Pública atingiu 3,6%.
Já no âmbito do setor externo, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram um crescimento de 4,6% e as Importações de Bens e Serviços tiveram elevação de 20,4%.

Valores correntes e conta econômica trimestral
O Produto Interno Bruto medido a preços de mercado, para o primeiro trimestre de 2008, alcançou R$ 665,5 bilhões, sendo R$ 560,7 bilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 104,8 bilhões aos Impostos sobre Produtos.
No resultado do trimestre, a Necessidade de Financiamento alcançou R$ 21 bilhões contra R$ 0,9 bilhão em 2007, redução explicada, principalmente, pela redução no Saldo Externo de Bens e Serviços no montante de R$ 15 bilhões e aumento de R$ 4,6 bilhões na Renda Líquida de Propriedade Enviada ao Resto do Mundo.
A Renda Nacional Bruta atingiu R$ 647,3 bilhões no primeiro trimestre de 2008 contra R$ 585,2 bilhões no respectivo período de 2007. Nessa mesma base de comparação a Poupança Bruta atingiu R$ 111,8 bilhões contra R$ 102,8 bilhões no mesmo período do ano anterior."

Fonte: IBGE

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Racionalidade

Racional ou irracional? Como definir estes dois comportamentos? Sabemos não ser nada fácil. Uma aplicação interessante destes dois conceitos aparece em um trabalho do economista Pandélo, segundo reportagem, publicada, na Folha de hoje sobre o comportamento do consumidor em relação ao juro e ao crédito. Na relação entre juros versus demanda, no comportamento racional, ”a demanda desaba se os juros sobem”; no irracional, “a demanda aumenta conforme sobem os juros”. Na relação entre prazo versus demanda, no racional; “demanda aumenta com prazo maior”, no irracional, “ demanda aumenta conforme sobem os juros”.

O resultado, obvio, é que os consumidores estão mais preocupados com o valor das mensalidades e desconhecem o valor da taxa de juros. Naturalmente, quando maior o número de prestações, menor o valor das mensalidades. Neste cenário o aumento da taxa de juros tem pouco impacto sobre o seu comportamento, o que implica afirmar que para reduzir a pressão sobre a demanda é recomendável fazer política de crédito, ou seja diminuir o número de prestações.

O uso dos conceitos de “racionalidade” e “irracionalidade” neste trabalho é um bom indicador da contribuição que uma formação em filosofia, ainda que elementar, pode oferecer não somente a economia, mas tambem, a outras áreas do conhecimento.

domingo, 8 de junho de 2008

A Taxa de juros: fenômeno psicológico ou convencional?

No mestrado meu professor de economia monetária sempre nos alertava para a irrelevância da opinião dos jornalistas econômicos, usando com freqüência a expressão “trabalho jornalístico” ou “comentário jornalístico” para rebater uma opinião, considerada superficial, sobre questões monetárias.

Sempre penso nele quando sou obrigado a ler as colunas do nosso pobre e superficial jornalismo econômico: sempre prontos a repetir a última obviedade e/ou superficialidade sem a necessária reflexão...

Este, contudo, não é o caso de uma coluna recente do Vinícius T. Freire da Folha, onde argumenta que “os dados sugerem que começa a haver alguma encrenca nos preços quando a taxa real de juros ronda os 7%, 8% ao ano, como ocorreu no ciclo de desafogo monetário mais recente”. Estaria ele sugerindo ser estes os valores para a taxa natural de juros no Brasil? Esta é uma questão importante sobre a politica monetária brasileira e, estranhamente, passou em branco.

Falar de taxas de juros é sempre controverso, mas a existência de um taxa natural de juros( Wicksell) esta sempre rondando o debate sobre a política monetária. Keynes, em uma passagem pouco citada da Teoria Geral argumenta que “talvez fosse mais exato dizer que a taxa de juros seja um fenômeno altamente convencional do que basicamente psicológico”, sendo que “qualquer taxa de juros aceita com suficiente convicção como provavelmente duradoura, será duradoura; sujeita, naturalmente, em uma sociedade em mudanças a flutuações originadas por diversos motivos, em torno do nível normal esperado” Ele observa, também, que “a convenção nem sempre oferecerá muita resistência a uma lógica contundente e a um firme propósito da autoridade monetária”. ( negritos do autor deste post). Keynes era um otimista, é o que podemos concluir a partir da resistência da convenção no caso brasileiro.

sábado, 7 de junho de 2008

Ireland's economic boom: the true causes

Interessante artigo sobre as causas do bom desempenho da economia da Irlanda. O autor critica a leitura da OECD, reafirma a importância da politica fiscal e acrescenta um elemento novo: "competition policies".Como mencionado em outro post a experiência da Irlanda é um divisor d'agua na discussão sobre a política fiscal.


A reply to the OECD Economic Survey on Ireland

Sir, you are right in asserting that the Irish economy is no longer the sick man of Europe (Observer 217/218, 1999). Whereas Ireland’s national income per head grew by just 1.8% per year for most of the 20th century, during the last six years income per head has grown by over 6% annually. Although the transformation in economic performance is relatively recent, the Irish economy is an interesting case study into the link between economic policy and growth.
Your Economic Survey of Ireland 1998-1999 illustrates how difficult it is for even the most expert economists to explain Ireland’s turnaround. One reason for the confusion is that the boom reflects a confluence of several factors and to isolate the influence of any subset of them can be problematic. Another problem is the different time lags between policy and effect: changes in education policy, for example, will take years to feed through, whereas cuts in taxes will be felt more quickly.
The OECD’s view is that the most important causal influence has been inflows of direct foreign investment, particularly from the United States. Increased labour input is identified as another key component, followed by EU membership and structural funds. Incomes policy also figures on the list. Fiscal consolidation gets a mention, but we are warned that its contribution has not been as powerful “as some have claimed”.
This ordering of causal factors begs several questions. First, since 1989, the number of people at work in Ireland has increased by over 450,000. US subsidiaries in manufacturing and internationally traded services, including financial services, have accounted for at most 10% of this increase. Even if each of these US jobs generated one further job in the economy, that would still leave 80% of the Irish growth in employment unexplained. Hence US foreign investment was important, but the claim that it was the major factor is hard to sustain.
There is also a problem with the argument that the supply of well-qualified entrants to the labour market played a key role. To be sure, more young people graduated, more women entered the workforce and more emigrants returned home. But Ireland has never been short of labour inputs. In the 1980s a third of our emigrants were bright, English-speaking and motivated graduates. Why were there no jobs for them then, but plenty in the 1990s? Clearly, labour supply was a facilitating factor; it helped in an important way to sustain growth, but it did not ignite that growth.
An alternative view is that more people were hired after the late 1980s because business in Ireland became more profitable and confident. And fiscal policy played a central role in transforming the business environment. It began with a cross-party consensus on government spending cutbacks, which gave notice of the political will to restore order to the nation’s finances. That determination paved the way for interest rates to ease and for moderate pay deals and tax cuts. Higher consumption and business investment followed.
Another question: of the net 450,000 jobs created during the past decade, some 335,000 were in the services sector, mainly private market services – how did it happen that these jobs appeared on the scene in the short period of a decade? During the 1980s, the Irish services sector had generated fewer jobs in relation to its GNP by comparison with other OECD countries. This under-performance was related to high taxes, high labour costs, excessive regulation and anti-competitive practices. The change in fiscal policy was important in addressing these weaknesses.
Another aspect of Ireland’s transformation that is underestimated in the OECD analysis is the impact of de-regulation and competition policies. Competition in the airline industry, for instance, had a major impact on Irish tourism.
In short, the Ireland survey overestimates the role of foreign investment and labour supply, and underestimates the part played by fiscal and competition policy in the economic recovery. In a post-EMU context, fiscal policy will remain a powerful tool.

Dermot McAleese, Professor of Economics at Trinity College
University of Dublin, Ireland

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Taxa natural de juros

A taxa natural de juros esta de volta ao centro do debate sobre política monetária, mas nem por isto a definição do quem vem a ser esta taxa é clara. O texto abaixo, do Federal Reserv Bank de São Francisco, é uma ótima introdução a este importante conceito.

A key question for monetary policymakers, as well as participants in financial markets, is: "Where are interest rates headed?" In the long run, economists assume that nominal interest rates will tend toward some equilibrium, or "natural," real rate of interest plus an adjustment for expected long-run inflation.
Unfortunately, the "natural" real rate of interest is not observable, so it must be estimated. Monetary policymakers are interested in estimating it because real rates above or below it would tend to depress or stimulate economic growth; financial market participants are interested because it would be helpful in forecasting short-term interest rates many years into the future in order to calculate the value and, therefore, the yields of long-term government and private bonds. This Economic Letter describes factors that influence the natural rate of interest and discusses different ways economists try to measure it.

Defining the natural rate of interest
In thinking about the natural rate of interest, economists generally focus on real interest rates. They believe that movements in those rates, more so than in nominal rates, influence businesses' decisions about investment spending and consumers' decisions about purchases of durable goods, like refrigerators and cars, and new housing, and, therefore, economic growth.
Over 100 years ago, Wicksell defined the natural rate this way:
There is a certain rate of interest on loans which is neutral in respect to commodity prices, and tends neither to raise nor to lower them. (1936 translation from 1898 text, p.102.)
Since then, various definitions of the natural rate of interest have appeared in the economics literature. In this Letter, the natural rate is defined to be the real fed funds rate consistent with real GDP equaling its potential level (potential GDP) in the absence of transitory shocks to demand. Potential GDP, in turn, is defined to be the level of output consistent with stable price inflation, absent transitory shocks to supply. Thus, the natural rate of interest is the real fed funds rate consistent with stable inflation absent shocks to demand and supply.
This definition of the natural rate takes a "long-run" perspective in that it refers to the level expected to prevail in, say, the next five to ten years, after any existing business cycle "booms" and "busts" underway have played out. For example, the U.S. economy is still at a relatively early part of its recovery from the 2001 recession, so the natural rate refers not to the real funds rate expected over the next year or two, but rather to the rate that is expected to prevail once the recovery is complete and the economy is expanding at its potential growth rate.

Para ler o texto completo, de autoria do John C. Williams, Senior Research Advisor: The Natural Rate of Interest (2003-32, 10/31/2003)

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Suicide of a Moderate Dictator

This is a day when truths will out, perhaps;
leak from the dangling telephone earphones
sapping the festooned switchboards' strength;
fall from the windows, blow from off the sills,
—the vague, slight unremarkable contents
of emptying ash-trays; rub off on our fingers
like ink from the un-proof-read newspapers,
crocking the way the unfocused photographs
of crooked faces do that soil our coats,
our tropical-wight coats, like slapped-at moths.

Today's a day when those who work
are idling. Those who played must work
and hurry, too, to get it downe,
with little dignity or none.
The newspapers are sold; the kiosk shutters
crash down. But anyway, in the night
the headlines wrote themselves, see, on the streets
and sidewalks everywhere; a sediment's splashed
even to the first floors of apartment houses.

This is a day that's beautiful as well,
warm and clear. At seven o'clock I saw
the dogs being walked along the famous beach
as usual, in a shiny gray-green dawn,
leaving their paw prints draining in the wet.
The line of breakers was steady and the pinkish,
segmented rainbow steadily hung above it.
At eight, two little boys were flying kites.


Elizabeth Bishop

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Prefeita e teóloga

Interessante artigo, na última edição da revista America, sobre a experiência de uma Professora Titular de Teologia, Georgia Masters Keightley, que deixou o emprego de professora para assumir o cargo de Prefeita de uma pequena cidade americana e tentar colocar em prática a doutrina social católica.

"S everal years ago, I unexpectedly found myself serving as the elected mayor of a small, economically depressed town in rural Nebraska. Previously I had been a tenured theology professor at a Catholic women’s college in the East. I had returned to my Nebraska hometown the summer after completing a sabbatical leave to finish up some family business. Once there, the idea of being able to do full-time research and writing on the role of the laity in the church grew irresistible, and I decided to resign my teaching position and stay.

My hometown was no longer the thriving farming and ranching community it had been when I was growing up. While the farms and ranches had grown much larger, there were far fewer families operating them. The arrival of a Wal-Mart 20 miles away had the usual dampening effect on local business. I was dismayed to discover that all the social ills of the big city could be found here in small-town America as well: widespread drug and alcohol abuse, limited educational opportunities, few new jobs and high unemployment. Social services were stressed, and not a few residents experienced grinding poverty. Later, during my door-to-door campaigning, I came across two homes that “borrowed” electricity from their neighbors, thanks to a very long orange extension cord.
After many lengthy conversations and strategy sessions with friends about what might be done to stem the town’s decline, I agreed, at their urging and with some reluctance, to run for mayor. But this decision was, I must confess, also prompted by a set of interests and concerns I had as a teacher and lay theologian. Let me explain.
Throughout my career, I had regularly taught courses in Catholic social ethics and was gratified to find students altruistic and enthusiastic about the idea that society could be transformed by their decisions and actions. Yet the more I taught these courses, the more I wanted to know how to translate this body of teaching into practical, everyday decisions and actions. What could educated Catholic professionals do to make the social, economic and political networks of their communities more fair and just, more supportive of the common good? How does one live out a preferential option for the poor in one’s professional life? How does the principle of solidarity apply to one’s daily use of money?
While I could remind students of the Gospel charge to do hands-on charity and service, such actions do not really address the structural causes of injustice, which, as Paul VI taught, must be a primary focus of the Catholic witness in our time. The pope described the need for Catholics to bring to conversion “the activities in which they engage, and the lives and concrete milieu which are theirs.” The question was how."

Para ler o artigo completo :A Theologian in Town Hall