quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Funeral do meu pai

Meu pai perdeu esta tarde a única batalha que ninguem pode vencer. Curiosamente foi no mesmo dia e quase a mesma hora em que ele se casou com a minha mãe em 1955.O velorio e enterro é no Cemiterio Congonhas no Jardim Marajoara.

Feliz Ano Novo

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

História

Sempre gostei de história. Ela, juntamente com geografia, eram as disciplinas em que obtinha as melhores notas. Se a memoria não falha, acho que no ensino fundamental e no médio a minha menor nota em história foi 9,0. Não tinha grandes dificuldades com a matematica, mas nada comparável com a minha facilidade em historia, geografia e literatura. E os professores eram rigorosos: o número de alunos que tinham que fazer o exame final era sempre alto.

Apesar desta paixão nunca pensei em estudar historia ou escrever dissertação/tese nesta área. Tão pouco tenho grande interesse pela história econômica. Nunca fui, por ex, professor desta disciplina. Em economia minha paixão sempre foi a teoria econômica, dai o meu interesse pela historia do pensamento econômico. O contexto histórico, importante, é verdade, nunca me interessou muito.

Minha grande paixão, ou melhor uma das grandes paixões, é ler livros sobre Esparta, Normandos, Espanha no período do dominio arabe e europa a partir do fim do seculo XIX. Um interesse recente é o continente africano: aguardo ansiosamente a chegada dos livros da amazon.com que comprei em 2 de novembro e ate agora ainda não recebi...

Não consigo ver o conhecimento histórico a partir de um ponto de vista utilitarista e tenho serias dúvidas quanto a sua relevância na formação do economista. Na crise atual, por ex,o pessoal que não gosta de teoria econômica e que venera história, erraram feio. Então porque ler livros de historia: porque gosto de conhecer como outros povos viveram, sua produção cultural, intelectual, etc. O que menos interessa é o lado econômico.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Cade o derrumbre, camaradas?

Para desespero da oposição da nova direita e dos tresloucados da extrema esquerda, os números da economia brasileira insistem em negar o cenário catastrofico por eles pintados no inicio da crise: captações do Tesouro e das grandes firmas brasileiras em alta e com taxas menores que as do período anterior a crise. Risco-país abaixo de 200 pontos e "os juros de empréstimos bancários para pessoa física são os menores desde julho de 1994, quando o Banco Central começou a série histórica"(Uol on line).

Os números são tão bons que ate no jornal da Ditabranda a ficha finalmente caiu e é a manchete principal da edição desta terça-feira.

Como diria um velho amigo dos tempos em que eramos estudantes e enfrentavamos a direita brava em perdizes e divertiamos com as maluquices da esquerda revolucionária marxista-leninista-stalinista-trotskista-albanesa-moscovita-cubanita e outros istas: cade o derrumbre, camaradas?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

domingo, 27 de dezembro de 2009

sábado, 26 de dezembro de 2009

Dream Song 75: Turning it over, considering, John Berryman

Turning it over, considering, like a madman
Henry put forth a book.
No harm resulted from this.
Neither the menstruating stars (nor man) was moved
at once.
Bare dogs drew closer for a second look

and performed their friendly operations there.
Refreshed, the bark rejoiced.
Seasons went and came.
Leaves fell, but only a few.
Something remarkable about this
unshedding bulky bole-proud blue-green moist

thing made by savage & thoughtful
surviving Henry
began to strike the passers from despair
so that sore on their shoulders old men hoisted
six-foot sons and polished women called
small girls to dream awhile toward the flashing & bursting
tree!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Mais piadas sobre economia e economistas

Um dia um homem entrou na biblioteca, foi a seção de referência e pediu por livros de economia. Para a surpresa da bibliotecária nenhum dos livros de economia estavam na seção de referência. "Não há problema. Eu posso ir a outra biblioteca. Sou um homem muito ocupado e tirei este fim de semana para estudar economia"
Curiosa com a figura, a bibliotecária não resistiu e perguntou ao sujeito: "Mas por que é tão urgente para o senhor estudar economia ?"
"É que eu sou economista. Estou dando aulas nesta universidade já fazem dez anos. Como eu tenho uma importante reunião da segunda-feira, imagino que a economia tenha mudado nos últimos dez anos."
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Uma mulher estava caminhando pela vizinhança quando um menino dirigiu-se a ela: "Senhora, você gostaria de ter estes cachorrinhos ? Eles são recém-nascidos, mas daqui a pouco já podem se mudar"
"Oh, que bonitinhos! Que raça são eles ?"
"São economistas."
A mulher gostou dos cachorros e falou com seu marido. Uma semana depois o marido viu os cachorros.
"Senhor, gostaria de um cachorrinho ?"
"Minha mulher falou com você há uma semana atrás. Que raça são eles mesmo ?"
"São analistas de decisão"
"Imaginei que minha mulher tivesse dito que eram economistas."
"Claro, é que eles abriram os olhos durante esta semana."
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Dois guardas estavam perseguindo um bandido. Um deles então começou a calcular a estratégia mista ótima para a perseguição, enquanto outro protestou: "Você está bobeando! Ele está fugindo!", "Relax", respondeu o policial adepto a Teoria dos Jogos."Ele estará pensando no assunto também, não estará ?"
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Um economista experiente e um economista não tão experiente estavam andando, quando avistaram uma merda na calçada.
O economista experiente falou: "Se você comer esta merda eu te dou $ 20.000,00". O economista não experiente calculou o problema de otimização e concluiu que o ótimo seria comer a merda a fim de pegar o dinheiro.
Os dois continuaram andando pela rua até que quase pisaram em outra merda. O economista não tão experiente disse: "Agora se vo-cê comer esta merda eu te dou $ 20.000,00."
Após avaliar cuidadosamente, o economista experiente comeu a merda e pegou o dinheiro.
Continuaram caminhando, enquanto o economista não tão experiente divagava: "Veja, nós dois temos a mesma quantidade de dinheiro que tínhamos antes, mas ambos comemos merda. Eu não nos vejo em uma posição ótima."
O economista experiente disse. "Bem, é verdade, mas você está subestimando o fato de que nós dois estivemos envolvidos num comércio de $ 40.000,00!"

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Economista

Afinal qual o pre-requisito para alguem ser economista? Graduação em economia seria a resposta lógica se lembrarmos que esta é a exigência para o advogado( Bresser Pereira, Belluzzo) e o engenheiro( Malan, Simonsen), profissionais que ao longo dos anos, com um mestrado e doutorado em economia, disputam o emprego do economista. Anti-corporativo e meritocratico por natureza, o graduado em economia, em geral aceita este estado de coisas , argumentando que se alguem consegue uma boa nota no exame da anpec e é aceito em um bom programa de mestrado é porque ele é de fato, ainda que não de direito, um economista. Tendo a concordar com esta linha de argumentação, mas acho que ela também se aplica as demais áreas de conhecimento. Se alguem consegue, por ex., ser aprovado no exame da OAB deveria ter o direito de exercer a profissão de advogado.Isto não ocorre devido ao poder da corporação dos advogados.

Não sei qual o peso disto na baixa procura e consequente fechamento de vários cursos de graduação em economia. Talvez a solução seja oferecer uma curso básico e deixar para a pós-graduação a formação profissional em economia, administração, contabilidade e direito entre outras áreas. E a partir dai exigir o devido certificado para o exercicio profissional.

domingo, 20 de dezembro de 2009

sábado, 19 de dezembro de 2009

That nature Is a heraclitean fire and of the comfort of the resurrection, Gerard Manley Hopkins

Cloud-puffball, torn tufts, tossed pillows ' flaunt forth, then chevy on an air-
built thoroughfare: heaven-roysterers, in gay-gangs ' they throng; they glitter in marches.
Down roughcast, down dazzling whitewash, ' wherever an elm arches,
Shivelights and shadowtackle in long ' lashes lace, lance, and pair.
Delightfully the bright wind boisterous ' ropes, wrestles, beats earth bare
Of yestertempest's creases; in pool and rut peel parches
Squandering ooze to squeezed ' dough, crust, dust; stanches, starches
Squadroned masks and manmarks ' treadmire toil there
Footfretted in it. Million-fuelèd, ' nature's bonfire burns on.
But quench her bonniest, dearest ' to her, her clearest-selvèd spark
Man, how fast his firedint, ' his mark on mind, is gone!
Both are in an unfathomable, all is in an enormous dark
Drowned. O pity and indig ' nation! Manshape, that shone
Sheer off, disseveral, a star, ' death blots black out; nor mark
Is any of him at all so stark
But vastness blurs and time ' beats level. Enough! the Resurrection,
A heart's-clarion! Away grief's gasping, ' joyless days, dejection.
Across my foundering deck shone
A beacon, an eternal beam. ' Flesh fade, and mortal trash
Fall to the residuary worm; ' world's wildfire, leave but ash:
In a flash, at a trumpet crash,
I am all at once what Christ is, ' since he was what I am, and
This Jack, joke, poor potsherd, ' patch, matchwood, immortal diamond,
Is immortal diamond.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Reynaldo Fernandes

Conheci o Reynaldo, ex-Presidente do Inep, no meu primeiro emprego como professor universitário, em 1987. Havia retornado de uma breve viagem de estudos na Bocconi e conversamos longamente sobre Pasinetti e outros italianos. Diverti muito com o formato das isoquantas da dissertação de mestrado que receberam um apelido que termina com " ndas". Não recordo de quem foi a idéia, provavelmente do amigo do guitarrista de uma conhecida banda de rock.

Vários membros do grupo, todos do mestrado da USP, tem(tiveram) participação destacada no atual governo, o que é curioso, já que não eram petistas, mas mostra a competencia deles. Conseguiram furar o cerco da mediocricidade da "partidocracia" - hoje presente nos grandes partidos - e prestaram um grande serviço ao querido bananão.

O trabalho do Reynaldo já é parte da historia dos avanços e solavancos da educação brasileira. Vai fazer falta, mas deixa um ótimo legado e inscreve seu nome ao lado de outros grandes da educação brasileira.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Terra desolada

Para a tristeza da oposição da nova direita e de extrema esquerda os números da economia brasileira são cada vez melhores. Aumento no emprego formal e a taxa de juros oferecida pelos títulos colocados no mercado internacional não deixam dúvidas quanto ao bom momento da economia brasileira.

Enquanto isto,na terra da chuva, tentamos sobreviver as consequêncis de anos de incompetencia dos amigos do serrágio e dele próprio. Não por acaso ele é um dos icones da turma de sempre...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Credito e bolha

Bom artigo do Paulo Rabello de Castro na edição desta quarta feira do jornal da ditabranda. Acho que ele tem razão: o crédito por aqui está longe de estar criando bolhas. Quanto ao futuro, bem, ele, a Deus pertence....


"A Folha noticiou em manchete, no domingo passado, que 21 milhões de brasileiros já carregam dívidas de, pelo menos, R$ 5.000 por cabeça, o que perfaz um total de R$ 430 bilhões devidos aos bancos. O Brasil, como sabemos, amargou duas décadas perdidas em termos de consumo, principalmente pela falta de acesso a crédito em condições razoáveis de prazo e taxas.
Vinte e tantos anos de enorme escassez de linhas normais de financiamento para as famílias e empresas coincidiram com a maior escalada feita pelo governo brasileiro sobre as fontes de crédito existentes nos bancos e nos fundos, tudo para rolar a brutal dívida pública e das empresas estatais.
Na raiz do ataque ao setor privado, que os economistas chamam com o nome pomposo de "crowding-out" (do inglês, empurrar para fora), o governo visava a cobrir seu deficit fiscal. A carga tributária saltou, no período, de 25% do PIB, um nível correto, para mais de 35% nos dias de hoje. Parte do deficit continua sendo fruto da despesa com juros sobre a dívida pública, desproporcionalmente elevada e que compete em importância negativa com duas outras rubricas de gastos excessivos: pessoal e Previdência, ambas superando qualquer parâmetro de comparação com outros países.
Não espanta que o brasileiro tenha ido às compras agora, em 2009, justamente no meio da crise externa e contrariando previsões pessimistas. Por quê? É que o governo, eterno sugador de recursos, resolveu dar uma folga temporária na sua escalada, em razão da paradeira geral, ocorrida ao fim de 2008 e que ameaçava liquidar com as perspectivas de 2009. Agiu sobre os dois elementos críticos, juros e carga tributária. Baixou os dois com vigor, trazendo a taxa básica Selic para um patamar inédito de um dígito, e cortando impostos, como o IPI, para estimular a volta às compras. O consumidor brasileiro deu uma resposta de livro-texto de economia, pois aproveitou os incentivos de preço a ele oferecidos, exatamente como se previu que acontecesse.
A expansão recente do crédito no Brasil não tem quase nada a ver com a bolha de crédito americana. É verdade que o crédito pessoal aqui tem crescido muito. A equipe da RC Consultores estima que o crédito pessoal e habitacional (exclusive a empresas) tem evoluído ao ritmo de R$ 25 bilhões ao trimestre. Deve ultrapassar acréscimo de R$ 120 bilhões por ano durante 2010. É uma nova e poderosa máquina de circular riqueza no Brasil, que ocupa rapidamente os espaços disponíveis nos orçamentos das famílias. Guarda, contudo, uma diferença fundamental em relação aos Estados Unidos: o crédito de longo prazo -que é o habitacional- ainda representa parcela bastante pequena no conjunto do endividamento familiar, embora se expandindo à velocidade de quase 30% ao ano. Portanto, não há que falar em bolha de crédito no Brasil. Ainda chegaremos lá, mas não em 2010.
O desconforto que os observadores mais atentos enxergam é de outra natureza. A poupança interna é baixa no Brasil, fruto dos ataques gêmeos do governo com seus juros ainda altos e tributos indecentes.
Portanto, a capacidade do brasileiro de colaborar no financiamento da expansão futura do país fica reduzida. A poupança interna, como mecanismo de acumulação individual de riqueza, precisa ficar do tamanho da ambição do Brasil, de crescer a 6% ao ano e dobrar sua renda per capita em dez anos. E a taxa de investimentos, chegar aos 25% do PIB"

Fonte: FSP

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Liberation theology ‘is still a danger’

Leitura da última manifestação do Bento XVI sobre a Teologia da Libertação, publicado no Tablet, jornal do chamado campo católico progressista britanico.


Pope Benedict XVI has said that a Marxist-driven liberation theology is continuing to cause great harm to the Church in Brazil 25 years after he first tried to crack down on its proliferation.

“Its consequences, more or less visible, in the form of rebellion, division, dissent, offence [and] anarchy, are still being felt,” the Pope said last Saturday to the heads of some 28 dioceses in southern Brazil, including the metropolitan sees of Porto Alegre and Florianopolis. He told the bishops, who were in Rome for their five-yearly ad limina visit, that liberation theology was “creating great suffering and a serious loss of vital force in [their] diocesan communities”. In 1984, as Cardinal Joseph Ratzinger, he was prefect of the Congregation for the Doctrine of the Faith and issued an instruction, Libertatis Nuntius, which strongly condemned a number of elements in liberation theology.

In his meeting with the Brazilian bishops the Pope said it was “worth recalling” the twenty-fifth anniversary of that document. “It underlined the danger inherent in an a-critical acceptance by some theologians of theses and methodologies coming from Marxism,” he said. “I implore all those who in some way feel attracted, involved or intimately touched by certain deceptive principles of liberation theology to look again at the instruction and accept the benign light it offers with outstretched hands,” the Pope said.

Pope Benedict appeared particularly concerned that Brazil’s Catholic universities were teaching “deceptive principles” of liberation theology. He told the bishops these institutions were “not the property of those who founded or frequent them [i.e. religious orders], but an expression of the Church and her patrimony of faith”.

He did not mention any universities by name, but Brazil has more Vatican-established universities – six – than any other single country except Italy. One of them, the Pontifical Catholic University of the State of Rio Grande do Sul in Porto Alegre, has been the headquarters of the “World Forum on Theology and Liberation” since 2003. The WFTL brings hundreds of theologians together every two years just before the World Social Forum to discuss ways that Christian faith can help bring justice to the poor and oppressed.

The Pope may be concerned about liberation theology because it still has many adherents in Brazil, even though today it has a strong ecumenical flavour. After the Vatican started challenging Catholic liberation theologians in the 1980s Protestants, especially Lutherans, started to embrace its ideas. Last month one of Brazil’s leading Lutheran theologians, the Revd Dr Walter Altmann, said liberation theology’s “death certificate has been issued prematurely”. In an article published on 19 November by the World Council of Churches, he said: “It is true that [some] liberation theologians used Marxist categories for socioeconomic analysis and for a critique of capitalism’s evils.” But Dr Altmann said the core of liberation theology had never been Marxist. “It is rather the compassionate identification with the poor and their struggle for justice, inspired by the life and teachings of Jesus himself, which is at its heart,” he said.

domingo, 13 de dezembro de 2009

sábado, 12 de dezembro de 2009

It's this way, Nazim Hikmet

I stand in the advancing light,
my hands hungry, the world beautiful.

My eyes can't get enough of the trees--
they're so hopeful, so green.

A sunny road runs through the mulberries,
I'm at the window of the prison infirmary.

I can't smell the medicines--
carnations must be blooming nearby.

It's this way:
being captured is beside the point,
the point is not to surrender.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Bacha


Escrevi o último post antes de conhecer os dados do último trimestre que simplesmente confirmam o que escrevi ontem: ainda é prematuro discutir a taxa de juros de 2010. No geral os dados são positivos, destacando-se os numeros do investimento(fbkf). O consumo das familias continua em bom patamar. Para tristeza da oposição de extrema esquerda e da nova direita a economia brasileira continua se recuperando e promete um ótimo 2010.

Não concordo, necessariamente, com tudo que ele fala, mas é sempre uma opinião respeitável, afinal o Edmar Bacha, é um dos melhores, economistas do grande bananão, isto para não mencionar o papel fundamental na criação do depto de economia da puc-rio, depois de tentativa semelhante na UNB. A turma de sempre discorda, mas isto é porque desconhecem o seu ótimo manual de macro kaleckiana. Dominio da literatura econômica não é o forte deles, afinal não gostam de teoria econômica.


FOLHA - Vocês vão reduzir as projeções para o PIB?
EDMAR BACHA - Embora a gente vá rever a previsão do PIB de 2009 [de alta de 0,3%] para baixo, vamos manter a previsão de 6% para 2010. A economia vai estar numa trajetória mais forte do que aquilo que a gente estima que seja o potencial de crescimento [expansão máxima sem causar inflação].

FOLHA - Qual o espaço para crescer sem inflação como efeito colateral?
BACHA - A gente estima em 5%, mantendo inflação sob controle e o passivo externo sem explodir. Esses 5% são confortáveis porque ninguém gosta de dever, mas também não gosta de deixar de crescer. É um crescimento que tem de pedir emprestado dinheiro lá fora. Mas o grosso desse dinheiro tem vindo em reais e em portfolio. São os estrangeiros que estão correndo risco cambial. É bem diferente das experiências de crescimento com deficit externo que tivemos no passado, que significava falta de dólares. Aqui tem excesso de dólar. O que dá conforto é que o mundo está atrás [do Brasil] para aplicação de seu capital. O Brasil está ajudando a equilibrar a economia mundial.

FOLHA - O fato de o PIB vir mais fraco reduz a urgência de aumentar os juros a partir de março?
BACHA - Não acho. A gente está vendo em outros indicadores que o ritmo de crescimento da economia está bastante forte. Precisamos relativizar um pouco esse resultado do PIB porque os indicadores indiretos, que são de emprego, de capacidade ociosa e de produção industrial, não são afetados por revisões metodológicas do IBGE. Essa questão do PIB trimestral dessazonalizado, como o próprio IBGE reconheceu, é sujeita a revisões muito substanciais de curto prazo. E essas revisões podem vir contrárias ao que foi dito. Não existe nada de inusitado nisso.

FOLHA - Então o BC terá de subir os juros no início do ano?
BACHA - Dito tudo isso, é mais um elemento que qualifica aquela avaliação de que o BC precisaria começar [a subir os juros] já em março, embora sempre exista essa questão de quanto mais cedo ele começar, menos próximo da eleição vai estar quando terminar.

FOLHA - Há esse "timing" político?
BACHA - Quanto mais próximo da eleição [subir a taxa], pior. Mexer na política monetária é uma coisa muito sensível. É para não perturbar o processo eleitoral. Nenhum Banco Central no mundo gosta de contaminar o processo eleitoral. Se puder ficar parado durante o processo, é o ideal.

FOLHA - Esse dado do PIB pode estimular o governo a gastar mais e a adotar mais políticas de estímulo?
BACHA - Espero que não. Quanto mais tiver estímulo agora, mais o juro terá que subir depois. Essa previsão nossa de crescimento de 6% tinha uma folga [para eventuais estímulos]. Se me perguntar qual o risco [de errar a previsão], diria que é mais subestimar o crescimento no ano que vem.

FOLHA - Há dúvidas no mercado se o BC vai mexer mesmo nos juros em um ano eleitoral?
BACHA - É uma dúvida natural, não somente porque é um ano eleitoral, mas porque a gente não sabe como vai ser o BC em 2011. O prêmio de risco aumenta, isso é uma consequência. A taxa de juros a médio prazo tem um componente de risco que, em circunstância de indefinição eleitoral, é maior do que quando não há eleições. Mas também o que se vai fazer? Esse é o custo da democracia.

FOLHA - O processo eleitoral vai trazer volatilidade em 2010?
BACHA - Sim, mas nada parecido com 2002. Há muitos consensos na política econômica.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ainda o IOF

Para os economistas do Citi, segundo leio na Coluna do VT, no jornal da Ditabranda, o IOF impediu a queda do dolar para um patamar abaixo do 1,70. Eles não são os únicos com esta avaliação- um amigo e colega da pucsp, expressou a mesma opinião semana passada. Acho que eles tem razão, mas o sucesso é relativo e limitado ao curto prazo. Foi um sinal ao mercado que o Governo estaria disposto a implementar outras medidas para evitar a continua valorização do real. Digo relativo, porque reduziu a velocidade do movimento de valorização do real, mas não o o seu sentido. E, como sabemos, em ano eleitoral não se implementa medidas radicais e muito menos as anti-populares, dai ser prematuro afirmar que a taxa de juros vai atingir o patamar acima do cantado em verso e prosa pelo mercado. Ate mesmo este patamar é politicamente complicado. É sempre bom lembrar que trata-se de Política Econômica e não de um seminário de Macroeconomia. Diferença nem sempre reconhecida por bons economistas, como Alexandre "eram os deuses astronatuas" e levado ao extremo oposto pela turma de sempre. No caso destes últimos trata-se de desconhecimento da teoria econômica e ate mesmo, como argumenta, um outro amigo, odio da ciência econômica.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O exercito de Brancaleone

Nem sempre concordo com a opinião do "Alexandre eram os Deuses astronautas", mas acho que ele, mais uma vez, tem razão nas criticas aos "economistas" que insistem em apresentar as mesmas críticas, sem fundamentos, a política econômica do atual Governo. É claro que ela está longe de ser uma Brastemp, mas seguramente é bem melhor que a defendida pelos criticos, inclusive alguns com acesso ao ouvido do Presidente que, felizmente, parece estar surdo.

Já escapamos - é verdade com um preço exorbitante para a Academia - da tragedia que seria "o avvocato" na presidencia do Bacen, mas o risco de algo ainda pior esta a nos rondar...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Mais piadas sobre economia e economistas

Dois homens estavam andando de balão e se perderam. Decidiram baixar o balão e perguntar para algum transeunte.
"Ei, você poderia nos dizer onde estamos ?"
"Vocês estão em um balão", respondeu o transeunte.
"A resposta é correta e absolutamente inútil. Este homem deve ser um economista", comentaram entre eles, no balão.
"E você deve ser um empresário", respondeu o transeunte.
"Exato. Como você sabe disto ?"
"Você tem uma excelente visão de onde está e mesmo assim você não sabe onde está."
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— Quantos economistas com MBA são necessários para trocar uma lâmpada ?
— Somente um, se você me contratar. Na verdade eu posso trocar a lâmpada, eu mesmo. Eu tive uma extensa experiência em troca de lâmpadas em minhas funções anteriores. Também fui reconhecido como Especialista em Troca de Lâmpadas e já lecionei a disciplina Gerenciamento de Lâmpadas. Minha única fraqueza é que em meu tempo vago, sou um trocador de lâmpadas compulsivo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

What is living and what is dead in social democracy?

Interessante artigo do Tony Judt publicado na The New York Review of Books sobre a Social Democracia. Leitura recomendável, principalmente, para a turma de sempre.


The following is adapted from a lecture given at New York University on October 19, 2009.

Americans would like things to be better. According to public opinion surveys in recent years, everyone would like their child to have improved life chances at birth. They would prefer it if their wife or daughter had the same odds of surviving maternity as women in other advanced countries. They would appreciate full medical coverage at lower cost, longer life expectancy, better public services, and less crime.

When told that these things are available in Austria, Scandinavia, or the Netherlands, but that they come with higher taxes and an "interventionary" state, many of those same Americans respond: "But that is socialism! We do not want the state interfering in our affairs. And above all, we do not wish to pay more taxes."

This curious cognitive dissonance is an old story. A century ago, the German sociologist Werner Sombart famously asked: Why is there no socialism in America? There are many answers to this question. Some have to do with the sheer size of the country: shared purposes are difficult to organize and sustain on an imperial scale. There are also, of course, cultural factors, including the distinctively American suspicion of central government.

And indeed, it is not by chance that social democracy and welfare states have worked best in small, homogeneous countries, where issues of mistrust and mutual suspicion do not arise so acutely. A willingness to pay for other people's services and benefits rests upon the understanding that they in turn will do likewise for you and your children: because they are like you and see the world as you do.

Para ler o resto do artigo clique aqui

domingo, 6 de dezembro de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

a pretty a day, E. E. Cummings

a pretty a day
(and every fades)
is here and away
(but born are maids
to flower an hour
in all,all)

o yes to flower
until so blithe
a doer a wooer
some limber and lithe
some very fine mower
a tall;tall

some jerry so very
(and nellie and fan)
some handsomest harry
(and sally and nan
they tremble and cower
so pale:pale)

for betty was born
to never say nay
but lucy could learn
and lily could pray
and fewer were shyer
than doll. doll

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Google and the New Digital Future

Importante artigo do Robert Darnton sobre o admirável mundo novo que está sendo criado pelo Google.

November 9 is one of those strange dates haunted by history. On November 9, 1989, the Berlin Wall fell, signaling the collapse of the Soviet empire. The Nazis organized Kristallnacht on November 9, 1938, beginning their all-out campaign against Jews. On November 9, 1923, Hitler's Beer Hall Putsch was crushed in Munich, and on November 9, 1918, Kaiser Wilhelm II abdicated and Germany was declared a republic. The date especially hovers over the history of Germany, but it marks great events in other countries as well: the Meiji Restoration in Japan, November 9, 1867; Bonaparte's coup effectively ending the French Revolution, November 9, 1799; and the first sighting of land by the Pilgrims on the Mayflower, November 9, 1620.

On November 9, 2009, in the district court for the Southern District of New York, the Authors Guild and the Association of American Publishers were scheduled to file a settlement to resolve their suit against Google for alleged breach of copyright in its program to digitize millions of books from research libraries and to make them available, for a fee, online. Not comparable to the fall of the Berlin Wall, you might say. True, but for several months, all eyes in the world of books—authors, publishers, librarians, and a great many readers—were trained on the court and its judge, Denny Chin, because this seemingly small-scale squabble over copyright looked likely to determine the digital future for all of us.

Google has by now digitized some ten million books. On what terms will it make those texts available to readers? That is the question before Judge Chin. If he construes the case narrowly, according to precedents in class-action suits, he could conclude that none of the parties had been slighted. That decision would remove all obstacles to Google's attempt to transform its digitizing of texts into the largest library and book-selling business the world has ever known. If Judge Chin were to take a broad view of the case, the settlement could be modified in ways that would protect the public against potential abuses of Google's monopolistic power.

Para ler o resto do artigo clique aqui

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Radio Eldorado

É uma entrevista antiga, mas foi uma boa oportunidade para expressar o que penso sobre a experiência do leste europeu.

É so clicar aqui

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Krugman

Krugman, cada vez mais um bom jornalista e pessimo economista, ve risco de bolha no Brasil e outras tolices. É bom lembrar que ele errou feio no diagnóstico da crise da economia japonesa e, por isto mesmo, defendeu medidas equivocadas, que felizmente nunca foram implementadas pelo governo japones. No caso da crise americana ele se saiu melhor, mas mostrou-se incapaz de perceber, antes de todos, o que estava acontecendo. Surpreso com a rapida recuperação da economia brasileira, ele me parece, estar completamente equivocado quando a probabilidade, significativa, de bolhas na economia brasileira. Chuvas e trovoadas são sempre possíveis e perfeitamente normais, afinal equilibrio único e estável é apenas uma brincadeira dos economistas m...

Já os problemas do tal país baltico são bem conhecidos e a moratória é realmente possível. Ouvi isto de um economista nativo de tal país, que para quem não sabe o nome começa com L, termina, com A e a quarta letra é U.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

The irresistible rise of the Renminbi

Importante artigo do Eichengreen sobre o futuro da moeda chinesa.


China is making a big push to encourage greater international use of its currency, the renminbi. It has an agreement with Brazil to facilitate use of the two countries’ currencies in bilateral trade transactions. It has signed renminbi swap agreements with Argentina, Belarus, Hong Kong, Indonesia, South Korea, and Malaysia. Last summer, it expanded renminbi settlement agreements between Hong Kong and five mainland cities, and authorized HSBC Holdings to sell renminbi bonds in Hong Kong. Then, in September, the Chinese government issued in Hong Kong about $1 billion worth of its own renminbi-denominated bonds.

All of these initiatives are aimed at reducing dependence on the dollar both at home and abroad by encouraging importers, exporters, and investors to make more use of China’s currency. The ultimate goal is to ensure that China eventually gains the flexibility and financial prerogatives that come with being a reserve-currency country.

No one questions that the renminbi is on the rise. For the same reasons that the global economy has become more multipolar, the international monetary system will become more multipolar, with several currencies sharing reserve-currency status. And no one questions, given China’s size and growth prospects, that one day the renminbi will be an important international currency.

The question is when. Cautious observers warn that making the renminbi a true international currency will take time. Making it attractive for private and official international use will require China to build deep and liquid financial markets. This will mean the development of more reliable and transparent clearing and settlement systems. It will require a benchmark asset, a well-defined yield curve, and a critical mass of market participants. All of these dimensions of liquid markets take time to build.

Moreover, those markets will have to be open to the rest of the world. In other words, China will have to fully open its capital account before the renminbi can become a true international currency. This will require putting banks and state-owned enterprises on a fully commercial footing, and moving to a more flexible exchange rate. In short, it will entail fundamental changes in the Chinese growth model. All this is a reminder that the task will not be completed overnight.

Para ler o resto do artigo clique aqui

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um pequeno detalhe

Serrágio não é grande coisa como político, mas em economia é autor de dois bons artigos-leitura obrigatória em qualquer curso de economia brasileira. Não é surpresa, portanto, a menção ao crescimento para fora e para dentro, da Cepal e dos países do período da descolonização. Em alguns ela funcionou, em outros o resultato foi desastroso, mas querer recupera-lo no atual estágio da economia mundial e da brasileira me parece uma daquelas famosas idéias fora de lugar. Alias, este é o problema desta geração de pensadores: acostumados a lidar com o problema da restrição externa, mostram-se poucos originais quando o problema passou a ser o grande afluxo de capitais.

É claro que o cambio sobrevalorizado não é uma das sete maravilhas da economia,mas é bom lembrar que o seu inverso implica em transferência de renda para o setor exportador e queda de salário real. Pequeno detalhe que os economistas da nova direita esquecem de mencionar.

domingo, 29 de novembro de 2009

sábado, 28 de novembro de 2009

When we two parted, Lord Byron

When we two parted
In silence and tears,
Half broken-hearted,
To sever for years,
Pale grew thy cheek and cold,
Colder thy kiss;
Truly that hour foretold
Sorrow to this.

The dew of the morning
Sank chill on my brow—
It felt like the warning
Of what I feel now.
Thy vows are all broken,
And light is thy fame:
I hear thy name spoken,
And share in its shame.

They name thee before me,
A knell to mine ear;
A shudder comes o'er me—
Why wert thou so dear?
They know not I knew thee,
Who knew thee too well:—
Long, long shall I rue thee
Too deeply to tell.

In secret we met—
In silence I grieve
That thy heart could forget,
Thy spirit deceive.
If I should meet thee
After long years,
How should I greet thee?—
With silence and tears.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dubai não é aqui

... E quando a maioria acreditava que desequilibrio entre ativos e passivos já havido sido resolvido eis que aparece Dubai para relembrar o obvio: o processo está longe de estar completo. No caso de Dubai, esperava-se que o vizinho rico - que nada em petroleo - evitaria a materialização de um cenário catastrófico, previsivel, com a crise no mercado imobiliário local. Esta é ainda uma opção e por isto mesmo é cedo para analises conclusivas sobre o que por lá esta acontencendo.

O fato é que o desequilibrio entre ativos e passivos ainda se faz presente em diversos países, principalmente nos USA e ate o encontro de um novo ponto de equilibrio - não necessariamente estável - solavancos são esperados. Nada, naturalmente, da dimensão catastrófica sonhada pela turma de sempre. Tão pouco - é sempre bom lembrar - Dubai não é aqui. Respingos, contudo, não podem ser descartados de antemão.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Miquinhos amestrados

Confesso não entender a atração que o Serrágio ainda exerce sobre importantes setores da intelectualidade paulista auto proclamada de esquerda. Como mencionado ontem, ele não foi um bom prefeito e tão pouco está sendo um bom governador. Há aqueles que o considera um bom guarda livros: qualidade importante para o cargo, porém, somente no futuro saberemos se isto é realmente verdade. O fato da velha direita e da nova direita "ilustrada" o admirar tanto não é nenhuma surpresa: não há outra opção, viável, no mercado eleitoral.

Falando em direita brava, a revista deles está conseguindo superar a rede americana FOX em hidrofobia. É a famigerada "banda de música" renascendo das cinzas com seus novos miquinhos amestrados.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O grande problema da política fiscal anti-cíclica é convencer o agente político que ela não deve ser mantida quando o cenário macroeconômico retornar a normalidade. A tentação é muito forte e é dificil resistir, como atesta a última decisão da área econômica do governo federal: manter a isenção do IPI ate março, usando como justificativa o argumento ecológico é julgar que somos todos idiotas. É o velho populismo macroeconômico do período eleitoral. Serrágio não é muito diferente do Presidente: obras inauguradas antes de concluidas e ate mesmo antes do lançamento de edital é o que esta ao alcance do vampiro brasileiro e não é nada dificil imaginar o que ele poderá fazer caso algum dia venha a ser eleito Presidente do grande bananão.

Serrágio mostrou ser um bom secretário e ministro de Estado, mas como governador e antes prefeito deixou muito a desejar. Seu talento não parece ser para o Executivo. Ele, alias, não é o único...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O visitante..

A visita saiu melhor que o esperado: protestos aqui e acola e cobertura contida na midia internacional. O comportamento da oposição foi lamentável: Lampreia é do ramo, mas comportou-se como um político profissional, um homem de partido. O argumento apresentado é no minimo sofrivel. Não vi o JN, mas o apresentador do Jornal da Globo não conseguiu disfarçar sua oposição a visita. O jornal da ditabranda fez uma boa cobertura, com destaque para os artigos do Clovis Rossi e E.Catanheda. Esta última apresentou a melhor análise do "impacto" da visita sobre a relação USA - Brasil.

No geral o comportamento da elite pensante foi o esperado: incapacidade de fazer uma análise a partir do ponto de vista do interesse nacional. Já no campo leninista-stalinista o destaque é a figura munificante: alguem, por favor, poderia ajuda-la a encontrar o Museu de Cera...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ditaduras...

A semana promete...longa entrevista do economista menor da ditadura no jornal da ditabranda. Nenhuma novidade, apenas reafirma as posições conhecidas sobre a macroeconomia brasileira e os elógios de sempre ao Lula. Alias, merecidos. É divertida as criticas dele ao estado atual da teoria econômica - o esquecimento da história,filosofia, psicologia e geografia - que, alias, o transformou no novo "darling" da esquerda leninista-stalinista. Ele tem razão, mas não é preciso jogar a criança com a agua do banho, como tem sido a pratica dos seus novos admiradores.

No mesmo jornal, artigo interessante do governador de sp, sobre a visita do presidente iraniano. Concordo com as criticas e realmente não podemos ficar em silêncio diante da negação do holocausto. Contudo, nas relações internacionais e pensando no interesse nacional, é preciso conversar com todos os "players" e usar a oportunidade para reafirmar a posição do país sobre o holocausto e questão nuclear.

É cinismo demais criticar a visita em razão dos resultados da eleição presidencial iraniana ou encontrar contradição entre a defesa da memoria daqueles que combateram ditaturas na america latina e esta mesma visita. Para ser coerente é necessário criticar a visita de todo e qualquer Presidente com pendores autoritários e totalitários, ai incluindo Chaves, Irmãos Castro, Fujimori, etc. Ditadura é sempre ditadura, não importa se de esquerda ou direita deve sempre ser condenada.

sábado, 21 de novembro de 2009

In extremis, Olavo Bilac

Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
Assim! De um sol assim!
Tu, desgrenhada e fria,
Fria! Postos nos meus os teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados...

E um dia assim! De um sol assim! E assim a esfera
Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...

E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! E este medo!
Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais a morte...

Eu com o frio a crescer no coração, — tão cheio
De ti, até no horror do verdadeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!

E eu morrendo! E eu morrendo,
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! A delícia da vida!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Mais piadas sobre economia e economistas

Economistas fazem sexo com bolas de cristal;
Economistas fazem sexo com um competidor atomístico;
Economistas fazem sexo na Caixa de Edgeworth;
Economistas fazem sexo ciclicamente;
Economistas fazem sexo na demanda
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Um matemático, um economista teórico e um econometricista são requisitados para achar um gato preto, que não existe, num quarto escuro e fechado.
O Matemático fica louco tentando achar o gato que não existe e vai parar no hospício.
O Economista Teórico não consegue achar o gato preto, entretanto sai do quarto dizendo orgulhosamente que pode construir um modelo para descrever todos os movimentos do gato com grande acurácia
O Econometricista passa uma hora dentro do quarto procurando o gato que não existe e depois grita, de dentro do quarto de que pegou o gato pelo pescoço.
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Um economista indiano explicava aos seus alunos de pós-graduação a teoria da reencarnação."Se você é um bondoso economista", disse, "você irá renascer como um físico. Mas se você for um maldoso economista, então você irá renascer como um sociólogo."
(P. Krugman, 1994)
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Três matemáticos e três economistas foram viajar de trem. Os matemáticos estavam rindo dos economistas, que haviam comprado somente um bilhete e iriam tomar multa. Quando o cobrador veio, os economistas foram para o banheiro. O cobrador bateu na porta do banheiro e um deles estendeu o bilhete com a mão, sendo bem sucedidos.
Noutro dia os matemáticos resolveram usar a mesma estratégia e compraram um só bilhete. Porém os economistas não compraram nenhum. Quando o cobrador estavam chegando os matemáticos foram para o banheiro. Quando ouviram as batidas na porta entregaram o bilhete ao condutor. O bilhete não retornou. Por que ? Os economistas pegaram e foram a outro banheiro.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

100% Caipira, com muito orgulho

Quer dizer que o Presidente tem a argúcia do Matuto. É naturalmente um elógio, mas matuto é sinonimo de Caipira e tem, também, outros significados, segundo o velho Aurelio: sujeito ignorante e ingênuo; acanhado, tímido, desconfiado. Bresser refere-se, me parece, ao último conjunto. Não deixa de ser curioso à menção a matuto em um país fundamentalmente urbano. Seria uma homenagem ao nosso grande e esquecido Mazzaropi e seu Jeca Tatu?

Bresser está pessimista demais e erra a mão na análise do cenário macroeconômico nacional: " o mais grave, porém, é que não é um crescimento com estabilidade". Parece que ele esta falando de outro país, tão pouco a reclamação a respeito do crescimento econômico faz sentido. Poderia ser maior - é verdade- porém, números chineses é coisa do passado, já que o país se encontra em outra fase do processo de desenvolvimento econômico.

Melhor ser pessimista que otimista, diria um amigo, mas a desconfiança expressa no artigo tem um tom conspiratório para o qual não encontro justificativa.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Fora Belluzzo

Não entendeu? ah!!!!, então voce não acompanha futebol e desconhece o preço que pagamos por livrar o bananão do risco de um trapalhão na Presidência do Bacen. Comparado com os estragos que o avvocato poderia fazer no Bacen, o cargo na Academia oferecia riscos bem menores. Argumento razoável, mas nunca imaginei a dimensão que a incompetencia dele - demonstrada no período do cruzado e na análise da crise mundial - poderia assumir. Confesso, que o subestimei e agora so me resta o grito: Fora Belluzzo.

Enquanto isso o Presidente - corintiano roxo - deve estar sorridente: poupou o país de uma escolha equivocada e ainda pode ver o arquirival do seu time do coração encerrar uma temporada no fundo do poço.

Não resta dúvida: onde o avvocato pisa, somente cresce erva daninha.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Irmãos Marx

Os comentários ao artigo do Bresser vai ter que ficar para outro dia. Li os dados sobre o emprego e fiquei surpreso, não pela recuperação, que já estava ocorrendo mas pela sua rapidez e, principalmente, pela sua qualidade. É uma demonstração da robustez da economia brasileira que surpreende ate um economista otimista, como é o meu caso. Estou curioso pra ouvir/ler os comentários da turma que apostava em um cenário catastrofico. Não sei se era um caso de desejo - ser oposição eternamente e apostar no quanto pior melhor - ou de erro de diagnóstico, mas o fato é que eles erraram feio e não apenas nos detalhes e tão pouco é a primeira vez que isto ocorre.Nem sequer aplica-se a brincadeira do relogio quebrado. Realmente um caso que somente pode ser explicado pelos irmãos Marx.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um papo com um ótimo economista

Segunda feira complicada com reuniões e mais reuniões e sem tempo para nada. Felizmente a noite encontrei um colega, ótimo economista, para trocar ídeias sobre o que anda acontecendo com a ex-república de bananas, ou seria de café? O tópico de sempre: o cambio. Ele lembrou que para o país isto é novidade, afinal sempre tivemos o problema inverso: a restrição do cambio, agora com a a avalanche de capital, andamos perdidos sobre o que fazer para evitar consequências desagradaveis desta nova situação da economia brasileira.É possível combinar controle na entrada com a manutenção do sistema de metas de inflação? Ele acha que sim, tenho dúvidas. Ainda acho que a melhor solução é ampliar o grau de abertura da economia,porém, esta não é uma opção com resultados práticos no curto prazo. O que fazer?

Li por alto o artigo do Bresser, amanhã, comento...

domingo, 15 de novembro de 2009

sábado, 14 de novembro de 2009

O lamento da viúva em plena primavera, William Carlos Williams

O pesar é o meu quintal
onde a grama nova
flameja como tantas vezes
flamejou antes não porém
com o fogo gélido
que se fecha este ano à minha volta.
Trinta e cinco anos
vivi com meu marido.
A ameixeira hoje está branquinha
de pencas de flores.
Pencas de flores
carregam os galhos de cerejeira
e dão a alguns arbustos cor
amarela e vermelha a outros
mas o pesar dentro de mim
é mais forte que elas ·
pois embora fossem a minha alegria
antigamente, eu hoje as vejo
e Ihes volto as costas deslembrada.
Hoje o meu filho me disse
que para lá dos prados,
na orla da floresta cerrada,
viu à distância
árvores de flores brancas.
Bem que eu gostaria
de ir até lá
para deixar-me tombar sobre essas flores
e afundar no brejo perto delas.

(tradução: José Paulo Paes)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Characterizations of Philosophy or Philosophizing

É sobre filosofia, mas poderia se aplicado a economia...



The relation between science and philosophy is like the symbiotic relationship between the countryside and town. The former provides the latter with food receiving garbage in return.

L. Kolokowski

What is the use of studying philosophy if all that it does for you is to enable you to talk with some plausibility about some abstruse questions of logic...if it does not improve your thinking about the important questions of everyday life?

Wittgenstein

Metaphysics is almost always an attempt to prove the incredible by an appeal to the unintelligible.

Mencken

It’s not things, it’s philosophers that are simple/

J.L. Austin

I can stand brute force, but brute reason is quite unbearable. There is something unfair about its use. It is hitting below the intellect.

Oscar Wilde

If, while making love, a woman says "faster" I will try. But if she says "deeper" she had better be looking for philosophy.

?

Of course pragmatism is true; the trouble is it doesn’t work.

S. Morgenbesser

In relation to their system most systemizers are like a man who builds an enormous castle and lives in a shack nearby.

Kierkegaard

There are two styles of philosophers: e.g. philosophers and i.e. philosophers - illustrators and explicators. Illustrators trust, first and foremost, striking examples, in contrast with explicators, who trust, first and foremost, definitions and general principles.

A Margalit

To have a system is to lack integrity.

Nietzsche

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Notre Dame Plans to Dissolve the 'Heterodox' Side of Its Split Economics Department

É uma decisão realmente lamentável. É um depto com ótimos professores heterodoxos e um deles, emerito, importante economista católico. O artigo comete o equivoco, recorrente, de confundir heterodoxia com próximidade com a doutrina social católica e neoclássico como oposição a esta mesma doutrina. A vida real é um pouco mais complicada e os marxistas, via de regra, não são exatamente amigos da doutrina social católica, muito pelo contrário e quando hegemonicos - vide experiencia do leste europeu - não toleram nenhuma outra doutrina social. Felizmente este não é o comportamento dos demais heterodoxos. Em Notre Dame os dois deptos se apresentam como comprometidos com a tradição social católica.


Early in this decade, the University of Notre Dame's economics department was bruised by a long series of quarrels over methods and ideology. So in 2003 the university's leaders came up with a Solomonic solution: They split the department in two.

Some of the faculty members stayed in what became known as economics and policy studies, a heterodox department that made room for post-Keynesians, Marxians, and historians of economic thought. (Broadly speaking, that had been the character of Notre Dame's economics program since the 1970s.) Others moved into economics and econometrics, a more-mainstream department with an emphasis on quantitative tools.

But this was not a divorce made in heaven. University officials now say that the experiment has not worked, and that they expect to dissolve the department of economics and policy studies within the next two years.

A few of the department's 11 faculty members might be invited to join the mainstream department—indeed, one scholar already made the leap this summer—but most of them expect to be scattered into various other departments, institutes, and research centers at Notre Dame.

For those faculty members, most of whom opposed the 2003 split in the first place, the news is a bitter pill. They say that the administration has failed to consult with them or with their students. And they say that it will be peculiar, at best, for them to move into other academic units when the university originally hired them because of their doctorates in economics.

Above all, they say that the dissolution would represent an intellectual loss for the university. While Notre Dame once had an economics program that was distinctively shaped by currents in Roman Catholic social thought, they say, it will now be left with a neoclassical department much like the ones at almost every other major university.

"In light of the crash of the economy, you would think there would be some humility among economists, some openness to new approaches," says Charles K. Wilber, a professor emeritus of economics at Notre Dame. "There's not a lot."

Para ler o resto do artigo clique aqui

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Debates

Uma rara manhã de debates acadêmicos bem interessantes. Apresentei um paper sobre " o problema do desenvolvimento econômico na moderna doutrina social católica ", ainda está em uma versão bastante preliminar, mas é sempre bom ouvir coméntários, ainda mais quando se trata de alguem talentoso e está era o caso do meu colega alocado para comentar o meu paper- um jovem intelectual marxista. Gostei dos dois comentários, principalmente do primeiro: um ponto importanté, bém tecnico, do argumento apresentado. Um terceiro paper ate o final deste mês esta nos meus planos.

Mudando de assunto. O apagão tem tudo para detonar a candidata do planalto. Há coisas com as quais não se pode lutar... Quem será o substituto?

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Liberdade, igualdade e solidariedade

Liberdade, igualdade e solidariedade. Objetivos fundamentais para qualquer sociedade, mas que a experiência histórica tem demonstrado que raramente andam juntos. A proposta econômica e política do marxismo prometia os 3 e acabou não ofertando nenhum deles. O que se viu foi uma experiência de exploração e negação total da liberdade e criação de privilégios para a casta dirigente. Nos países em desenvolvimento que optaram pelo modelo de economia de mercado prevaleceu o autoritarismo politíco e uma vergonhosa concentração de renda e privilégios, que levaram alguns a defender o modelo alternativo, ou seja o marxismo. Hoje sabemos que ele nunca foi uma solução, mas parte do problema, exceto no caso da experiencia chilena do Allende, um dos raros momentos na história do pós guerra em que de fato se procurou combinar mudanças fundamentais na economia e na sociedade com liberdade.

É possível ainda pensar em socialismo ou em utopias? Lutar por um mundo melhor sem elas é possível? Não tenho, naturalmente, respostas para estas questões, mas as considero importantes.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

20 anos de liberdade

Há 20 anos caia o Muro de Berlim e um capitulo trágico da vida política e econômica de alguns paises, começava, finalmente, a encontrar o seu desfecho final. O comunismo marxista mostrou ser um fracasso político e econômico: prometia um mundo de maravilhas, um verdadeiro paraiso terrestre e em troca pedia somente a liberdade individual. Em um mundo de desigualdades e injustiças a proposta demonstrou ser bem atraente para parcelas significativas das populações de alguns países democráticos, transformando-se na nova verdade revelada para a grande maioria da intelectualidade ocidental. Pouco a pouco ele foi perdendo o charme inicial e novos argumentos eram sempre necessários para justificar o que acontecia no leste europeu .Novas variantes do marxismo apareceram, tentando conciliar a proposta inicial com os valores da democracia ocidental. Convenceu alguns, mas não o suficiente para manter-se como alternativa política viável. No campo acadêmico não foi diferente: tornou-se uma curiosidade intelectual que ainda resiste, no mundo de lingua inglesa, nos deptos de estudos culturais e de literatura.

A vitoria da economia de mercado sobre seu grande concorrente, o marxismo, não traduziu-se, como se esperava inicialmente, em um mundo melhor, prevalecendo o hiper-liberalismo há muito tempo criticado, nos documentos da doutrina social católica. A desigualdade e a injustiça não desapareceram com a queda do marxismo, mas é inegável que onde há de fato ambiente acadêmico, a discussão de temas econômicos e sociais tornou-se mais aberta, já que não há mais o medo de perder o emprego por defender posições que não são do agrado das grandes corporações. O marxismo deixou de ser um perigo, já que não tem relevância alguma do ponto de vista político, o que permite que a produção acadêmica marxista seja julgada pelo seu valor acadêmico e não pela sua importância política ou contribuição a revolução iminente. O marxismo é mais uma corrente do pensamento econômico com aspectos positivos e negativos, contribuições e equivocos iguais as demais escolas, seja ela a sueca, keynesiana, neo-ricardiana, monetarista, etc. Ela tem, por isto mesmo, lugar garantido em qualquer programa de história do pensamento econômico.

domingo, 8 de novembro de 2009

sábado, 7 de novembro de 2009

Continual Conversation With A Silent Man, Wallace Stevens

The old brown hen and the old blue sky,
Between the two we live and die--
The broken cartwheel on the hill.

As if, in the presence of the sea,
We dried our nets and mended sail
And talked of never-ending things,

Of the never-ending storm of will,
One will and many wills, and the wind,
Of many meanings in the leaves,

Brought down to one below the eaves,
Link, of that tempest, to the farm,
The chain of the turquoise hen and sky

And the wheel that broke as the cart went by.
It is not a voice that is under the eaves.
It is not speech, the sound we hear

In this conversation, but the sound
Of things and their motion: the other man,
A turquoise monster moving round.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Andre

34 celsius, transito, reuniões, quase 10 horas e ainda não li o jornal. alias, já é o segundo dia, ... nada para falar de economia, mas um pouco sobre o Andre, meu aluno de monografia( TCC) na puc-sp, que ficou em nono lugar na Anpec 2010. O merito, naturalmente, é todo dele, mas é bom saber que não estava errado...A anpec é apenas o inicio de uma longa jornada de desafios que tenho certeza ele vai tirar de letra.

É bom ver a nova geração chegar e tornar-se colega e muito melhor economista que seu velho professor.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Monastic Theology and Scholastic Theology

Mais uma lição de erudição do Bento XVI. E voce ainda acha estranho que eu o admire tanto.


Dear Brothers and Sisters,

Today I am reflecting on an interesting page of history that concerns the flourishing of Latin theology in the 12th century which occurred through a series of providential coincidences. A relative peace prevailed in the countries of Western Europe at that time which guaranteed economic development and the consolidation of political structures in society, encouraging lively cultural activity also through its contacts with the East. The benefits of the vast action known as the "Gregorian reform" were already being felt within the Church. Vigorously promoted in the previous century, they had brought greater evangelical purity to the life of the ecclesial community, especially to the clergy, and had restored to the Church and to the Papacy authentic freedom of action. Furthermore, a wide-scale spiritual renewal supported by the vigorous development of consecrated life was spreading; new religious orders were coming into being and expanding, while those already in existence were experiencing a promising spiritual revival.

Theology also flourished anew, acquiring a greater awareness of its own nature: it refined its method; it tackled the new problems; advanced in the contemplation of God's mysteries; produced fundamental works; inspired important initiatives of culture, from art to literature; and prepared the masterpieces of the century to come, the century of Thomas Aquinas and Bonaventure of Bagnoregio. This intense theological activity took place in two milieus: the monasteries and the urban Schools, the scholae, some of which were the forerunners of universities, one of the characteristic "inventions" of the Christian Middle Ages. It is on the basis of these two milieus, monasteries and scholae, that it is possible to speak of the two different theological models: "monastic theology" and "scholastic theology". The representatives of monastic theology were monks, usually abbots, endowed with wisdom and evangelical zeal, dedicated essentially to inspiring and nourishing God's loving design. The representatives of Scholastic theology were cultured men, passionate about research; they were magistri anxious to show the reasonableness and soundness of the Mysteries of God and of man, believed with faith, of course, but also understood by reason. Their different finalities explain the differences in their method and in their way of doing theology.

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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Bresser e Nakano

Gostei do artigo do Nakano na Folha do último domingo.Diagnostico interessante, porem sem sugestão de medidas para resolver o problema. Não acredito que ele considera a brincadeira do IOF uma solução adequada ao problema.

Na segunda o Bresser no mesmo jornal, publicou um resumo do seu último livro. Vida corrida e transito me impediram de comparecer ao lançamento, mas esta na lista de leitura, que não para de crescer. Gostei da expressão "novo desenvolvimentismo", que segundo ele está baseado "em crescimento com poupança externa interna, salários que cresçam com a produtividade, responsabilidade fiscal, taxas de juros moderadas e taxa de cambio competitiva". É uma boa lista. É otimo crescer com poupança interna, mas sabemos, usando o modelo do kaldor, que isto não é nada simples. O mesmo argumento se aplica a juros e câmbio. Mas é um começo, o próximo passo é apresentar propostas concretas que permitam transformar a lista em realidade. Esta não é, naturalmente, uma tarefa exclusiva da Dupla Dinamica, se permite a expressão, mas de todos que com eles compartilham o ideal de crescimento/desenvolvimento com justiça social.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Roubini e as bolhas


Roubini parece ser um pessimista por natureza e sua última previsão não nega a sua fama. A possibilidade de criação de bolhas como resultado da política de combate a crise econômica, era sempre uma possibilidade, mas, perfeitamente administrável. Ainda não ultrapassamos esta fase e dai que o cenário por ele traçado, ainda que possível, não é, contudo, inevitável. A recente medida do governo brasileiro, como mencionado em outro post, não foi implementada devido ao risco de bolhas, mas devido a outros temores e tem pouco impacto em um movimento que é, por sua própria natureza, mundial. Cautela é sempre recomendável, mas o risco para o futuro próximo, como ele mesmo reconhece, não é muito grande.




Desde março vem ocorrendo um aumento maciço em ativos de alto risco de todo tipo -participações, preços do petróleo, energia e commodities-, um estreitamento dos "spreads" de alta rentabilidade e alta classificação e um aumento maior ainda nas classes de ativos de mercados emergentes (suas ações, obrigações e moedas).
Ao mesmo tempo, o dólar caiu muito, enquanto a rentabilidade dos títulos governamentais tem aumentado ligeiramente, mas se mantido baixa e estável.
Essa recuperação dos ativos de alto risco é movida em parte por melhores condições econômicas fundamentais. Evitamos uma quase depressão e um derretimento do setor financeiro com um estímulo monetário e fiscal maciço e pacotes de socorro aos bancos. Quer a recuperação tenha formato de V, conforme a visão consensual, ou tenha formato de U e seja anêmica, como eu argumento, os preços dos ativos deveriam estar subindo gradualmente.
Contudo, ao mesmo tempo em que as economias americana e global iniciaram uma recuperação modesta, desde março os preços dos ativos vêm subindo vertiginosamente, numa alta grande e sincronizada. Em 2008, quando o dólar subia, os preços dos ativos estavam em queda forte, mas, desde março, eles têm recuperação acentuada, enquanto o dólar cai. Os preços dos ativos de alto risco vêm subindo demais, cedo demais e rápido demais em comparação com os fundamentos.
O que está por trás dessa alta maciça? Com certeza, foi ajudada pela onda de liquidez advinda de juros a quase zero e flexibilização quantitativa das condições monetárias. Mas um fator mais importante que alimenta a bolha de ativos é a fraqueza do dólar americano, movida pela "mãe" de todos os "carry trades" [operação em que o investidor pega empréstimos com juros muito baixos, como os dos EUA hoje, e aplica em outros ativos]. O dólar virou a principal moeda a financiar os "carry trades", na medida em que o Fed [BC dos EUA] vem segurando os juros. Os investidores que estão vendendo o dólar a descoberto para comprar ativos de rentabilidade maior e outros ativos globais em base altamente alavancada não estão só contraindo empréstimos a juros zero em termos do dólar -estão contraindo empréstimos a juros muito negativos, que podem chegar a 10% ou 20% negativos ao ano-, na medida em que a queda do dólar leva a ganhos maciços de capital sobre posições do dólar.
Resumindo: negociantes estão contraindo empréstimos a juros negativos de 20% para investir em base altamente alavancada em uma massa de ativos globais de alto risco que estão subindo devido ao excesso de liquidez e a um "carry trade" maciço. Cada investidor que joga esse jogo de alto risco fica parecendo um gênio -mesmo que só navegue numa bolha imensa-, já que os retornos totais têm estado na faixa entre 50% e 70% desde março.
A consciência que as pessoas têm do valor em risco de seus portfólios deveria ter aumentado devido à correlação crescente dos riscos entre classes diferentes de ativos, todos movidos por essa política monetária comum e pelo "carry trade". Na prática, virou uma grande negociação comum -você compra o dólar para adquirir qualquer ativo de alto risco.
Ao mesmo tempo, porém, o risco percebido das classes individuais de ativos vem declinando, na medida em que a volatilidade diminuiu graças à política do Fed de comprar tudo que está à vista. Assim, o efeito conjunto da política de taxa zero sobre fundos do próprio Fed, flexibilização quantitativa das condições monetárias e aquisição maciça de instrumentos de dívida de longo prazo está aparentemente fazendo o mundo ser seguro -por enquanto- para o maior de todos os "carry trades" e a maior de todas as bolhas de ativos globais altamente alavancados.
Ao mesmo tempo em que essa política alimenta a bolha global, também alimenta uma nova bolha de ativos americanos. Dinheiro fácil, facilitação do crédito e fluxo maciço de capitais para os EUA por meio de um acúmulo de reservas em divisas estrangeiras em outros países tornam os deficit fiscais dos EUA mais fáceis de financiar e alimentam a bolha americana de participações e crédito.
Finalmente, um dólar fraco é bom para as participações acionárias americanas, já que pode gerar crescimento maior e elevar os lucros de multinacionais.
A política americana insensata que alimenta esses "carry trades" obriga outros países a adotar a mesma política monetária. Políticas de juros a quase zero e flexibilização quantitativa já eram seguidas no Reino Unido, na zona do euro, no Japão, na Suécia e em outras economias avançadas, mas a debilidade do dólar vem agravando essa flexibilização monetária global. Ásia e América Latina, preocupadas com a fraqueza do dólar, estão intervindo agressivamente para impedir a valorização excessiva de suas moedas. Isso segura os juros de curto prazo em níveis inferiores aos desejáveis. É possível que os BCs também sejam forçados a reduzir os juros.
Preocupados com o dinheiro quente que vem inflando suas moedas, algumas autoridades, como as do Brasil, vêm impondo controles aos fluxos de capital entrantes. Mas a bolha do "carry trade" vai se agravar: se as moedas estrangeiras se valorizarem mais, o custo negativo dos empréstimos do "carry trade" ficará ainda maior. Se intervenções ou operações no mercado aberto controlarem a valorização das moedas, a flexibilização monetária doméstica decorrente alimentará a bolha nessas economias. Assim, a bolha perfeitamente correlacionada de todas as classes de ativos globais cresce diariamente.
Mas essa bolha vai estourar um dia, levando ao maior estouro coordenado de ativos já visto: se fatores puderem levar o dólar a reverter sua queda e a se valorizar repentinamente -como em inversões anteriores-, o "carry trade" alavancado terá de ser encerrado de uma hora para a outra, à medida que os investidores cobrem suas transações a descoberto com dólar. Haverá um estouro da boiada, com o fechamento de posições de alto risco e alavancagem longa em todas as classes de ativos financiadas por transações em dólar a descoberto gerando colapso coordenado de todos esses ativos de alto risco -ações, commodities, ativos de emergentes e instrumentos de crédito.
Por que esses "carry trades" desabarão? Para começar, o dólar não pode cair a zero, e em algum momento se estabilizará; quando isso acontecer, o custo de empréstimos em dólar repentinamente se tornará zero, em lugar de altamente negativo, e o risco de uma inversão no dólar levará muitos investidores a cobrirem suas transações a descoberto. Em segundo lugar, o Fed não poderá suprimir a volatilidade para sempre. Em terceiro, se o crescimento americano surpreender positivamente, os mercados podem começar a esperar que um arrocho do Fed chegue mais cedo, não mais tarde. Em quarto, pode haver fuga do risco movida pelo medo de um repique recessivo ou risco geopolítico, como um choque EUA/Israel-Irã.
Esse processo pode não ocorrer por algum tempo, já que o dinheiro fácil e a liquidez global excessiva ainda poderão elevar os ativos por algum tempo.
Mas, quanto mais se prolongarem e quanto mais crescer a bolha, maior o crash. O Fed e outros responsáveis pela política econômica parecem não ter consciência da bolha monstro que criam. Quanto mais tempo permanecerem cegos, mais dolorosa será a queda.

Fonte: FSP

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mais piadas sobre economia e economistas

Perguntaram a George Stigler, um dos líderes da Escola de Chicago, quando ganhou seu prêmio Nobel, qual a razão de não haver premiações para outras ciências sociais como sociologia, psicologia, história. Stigler respondeu: "Não se preocupem...eles todos já tem seu prêmio Nobel...em Literatura."
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Três econometristas foram caçar. Quando encontraram a presa, o primeiro atirou, errando um metro para a esquerda. O Segundo atirou e também errou, um metro para a direita. O terceiro econometrista não atirou, mas mesmo assim gritou: "Pegamos, acertamos !"
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— O que economistas e computadores tem em comum ?
— Você necessita entupi-los com informação.
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Se todos os economistas fossem colocados juntos, seria uma orgia... de matemáticos.
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Um rico e bem sucedido economista do trabalho queria porque queria ter um neto. Tinha duas filhas e dois filhos, todos casados. Durante o Natal, a família toda estava reunida, inclusive todos os genros e as noras e ele disse. — Eu quero muito dar continuidade a nossa família. Para ajudar nas futuras despesas depositei cem mil dólares no banco para o primeiro casal que tiver um neto meu.
Quando olhou para os lados só estava sua esposa na mesa de jantar.

domingo, 1 de novembro de 2009

sábado, 31 de outubro de 2009

The Refugees, Randall Jarrell

In the shabby train no seat is vacant.
The child in the ripped mask
Sprawls undisturbed in the waste
Of the smashed compartment. Is their calm extravagant?
They had faces and lives like you. What was it they possessed
That they were willing to trade for this?
The dried blood sparkles along the mask
Of the child who yesterday possessed
A country welcomer than this.
Did he? All night into the waste
The train moves silently. The faces are vacant.
Have none of them found the cost extravagant?
How could they? They gave what they possessed.
Here all the purses are vacant.
And what else could satisfy the extravagant
Tears and wish of the child but this?
Impose its canceling terrible mask
On the days and faces and lives they waste?
What else are their lives but a journey to the vacant
Satisfaction of death? And the mask
They wear tonight through their waste
Is death's rehearsal. Is it really extravagant
To read in their faces: What is there we possessed
That we were unwilling to trade for this?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Indigência intelectual

Relações internacionais é um tópico novo e ainda discutido por poucos no grande bananão. Conceitos como " Política de Estado" e " Interesse Nacional" ainda não fazem parte do vocabulário da elite bem pensante brasileira. O "debate" sobre a entrada da Venezuela no Mercosul é um bom exemplo desse estado de indigência intelectual na discussão sobre a política externa brasileira. A admissão da Venezuela deve ser vista como parte da estratégia de afirmação da liderança brasileira na área abaixo do Mexico e demonstração que o Brasil consegue colocar ordem no seu próprio quintal. A inclusão no Mercosul é o melhor meio para resolver o problema. Achar que isto implica em afirmação do poder do Chaves é mais um desejo, que o resultado de uma análise bem fundamentada da longa tradição de excelência da diplomacia brasileira.

A reação da Folha é mais uma prova da existência do complexo de "patinho feio" da elite do grande bananão que, devido a ausência de uma boa formação academica na área, insiste em jogar contra os interesses do país. Ela tem muito a aprender com as elites do outro lado do Rio Grande e da Velha Europa. Uma temporada de estudos em instituições onde são treinadas as elites da diplomacia mundial parece ser o melhor caminho para a superação desse complexo. St Antony´s College,Oxford, por experiência própria, seria uma boa opção.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Impérios

Finalmente algum bom sinal vindo do Império: by, by recessão..., porém e há sempre um porém, isto não implica que eles estão a caminho do paraiso. A fase critica será o período pós medidas emergencias, ou seja o retorno a normalidade e definir com precisão o momento adequado desse retorno. E isto esta longe de ser uma tarefa fácil e é ai que mora o perigo.

Enquanto isto a Dama de Ferro alemã esta embarcando em uma política fiscal temerosa diante da sua atual situação fiscal: corte de impostos é sempre bem vindo, mas neste caso parece ser um tiro no próprio pé. É ver para crer...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

The Relationship Between Exchange Rates and Inflation Targeting Revisited

Resumo do paper do Sebastian Edwards mencionado em outro post.

"This paper deals with the relationship between inflation targeting and exchange rates. I address three specific issues: first, I analyze the effectiveness of nominal exchange rates as shock absorbers in countries with inflation targeting. This issue is closely related to the magnitude of the "pass-through" coefficient. Second, I investigate whether exchange rate volatility is different in countries with an inflation targeting regime than in countries with alternative monetary policy arrangements. And third, I discuss whether the exchange rate should play a role in determining the monetary policy stance under inflation targeting. An alternative way of posing this question is whether the exchange rate should have an independent role in an open economy Taylor rule."

para acessar o paper clique aqui

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Willianson, FMI e Brasil

Como se diz: quem te viu, quem te ve... quem diria, alguns tigres perdem as listas.


A ação brasileira ao impor um tributo sobre certas formas de fluxo de capital estrangeiro, a fim de controlar a alta da moeda do país, tem grande importância, prática e simbólica.
O valor simbólico está no fato de que a decisão sinaliza o fim da era em que os mercados emergentes viviam enamorados dos financiamentos estrangeiros e na expressão de uma disposição de agir para moderar fluxos de capital externo. Em termos práticos, a importância está na ampliação do arsenal de que os países podem dispor para moderar o superaquecimento de suas economias. O caso serve como boa ilustração do tipo de medida que as autoridades econômicas podem usar para deter um superaquecimento incipiente nos preços dos ativos.
A resposta do FMI (Fundo Monetário Internacional) à medida foi cálida ou até ligeiramente negativa. Um importante dirigente da instituição afirmou que "esse tipo de imposto oferece alguma margem de manobra, mas nem tanto, e por isso os governos não deveriam se sentir tentados a postergar ajustes mais fundamentais. Em segundo lugar, implementar esse tipo de taxa é muito complexo, porque ela precisa ser aplicada a todos os possíveis instrumentos financeiros"; ele acrescentou que esse tipo de imposto se havia provado "poroso" em diversos países.
A resposta é decepcionante não porque esteja errada, mas porque reflete que a abordagem intelectual do FMI quanto à globalização das finanças continua a mesma. Essa abordagem sempre envolveu desaprovação implícita a esse tipo de medida, por meio de apelos aos países para que tomem medidas complementares (melhor governança empresarial, reforço de regulamentações financeiras etc.), a fim de preservar influxos estrangeiros, que o FMI vê como sacrossantos.
Para os países de mercado emergente, o problema vem sendo o de que nem sempre é fácil implementar medidas como essas em curto prazo, de modo que a questão prática premente do que fazer quanto aos influxos excessivos persiste, e não há muita orientação do FMI quanto a respostas.
Taxas sobre os fluxos de capital têm seus problemas, mas isso não é argumento contra elas. Nenhuma pessoa sensata acredita que taxas não devam ser impostas porque podem ser, e serão, sonegadas. Em lugar disso, seria necessário procurar as melhores maneiras de ordenar essas medidas (a base deveria ser o preço ou a quantidade?
Que espécie de influxo deve ser visado preferencialmente, para títulos de dívida ou de capital? Qual é a duração mais efetiva para essas limitações? Quando elas devem ser retiradas?), de modo a que os benefícios sejam maximizados, e os riscos, minimizados.
Em lugar de continuar recebendo medidas como essa com um banho de água fria, o FMI deveria considerar que elas oferecem uma oportunidade intelectual. Deveria continuar a apoiar os países em sua busca de fluxos de capital mais abertos, como objetivo estrutural, de longo prazo. Mas também é preciso que reconheça que surtos de alta no fluxo de capitais podem representar um sério desafio macroeconômico, capaz de requerer resposta cíclica diferenciada.
Para os mercados emergentes, o arsenal de medidas de política econômica contra crises futuras precisa abarcar medidas de restrição em forma contracíclica do crescimento de crédito e do endividamento, especialmente as altas no influxo de capital. O motivo mais importante para que o FMI leve a sério a medida tomada pelo Brasil se refere a ideologia e narrativa.
Se a crise mundial deriva, em parte, de um sistema de crenças que elevava de maneira indevida o status das finanças, o FMI contribuiu, de forma explícita ou implícita, para que fosse santificado o capital estrangeiro. Isso impôs um custo pesado, e subestimado, aos países de mercado emergente: caso tomassem medidas de restrição ao fluxo de capital, corriam o risco de ser vistos como avessos ao livre mercado e imprudentes em suas políticas econômicas.
Ao reconhecer que, em certos casos, limitações sensatas aos fluxos podem ser uma resposta de política econômica pragmática e razoável, o Fundo eliminaria o estigma de aversão ao livre mercado que ações como as empreendidas pelo Brasil correm o risco de sofrer.
De fato, o medo desse estigma fica evidente na recente medida brasileira: as magnitudes são pequenas, e o Brasil vem se esforçando por enfatizar a natureza temporária das limitações e as duas coisas fazem com que o mercado leve a medida menos a sério, o que prejudica sua eficiência.
Caso o estigma não existisse, o imposto sobre o fluxo poderia ter sido definido de forma melhor e aplicado com mais confiança, a fim de garantir sua efetividade. O mundo precisa de uma abordagem menos doutrinária quanto aos influxos de capital estrangeiro. Ajudar o Brasil em sua decisão, em lugar de divulgar uma resposta negativa, sinalizaria que o FMI está desempenhando papel construtivo para facilitar essa mudança.

ARVIND SUBRAMANIAN e JOHN WILLIAMSON são pesquisadores sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sistema hibrido

A discussão é sobre o que fazer para evitar a continua valorização do real, mas ela deixa na sala um grande elefante: afinal é um sistema de metas de inflação ou um sistema de metas de câmbio? É possível conciliar os dois sistemas, criando um sistema hibrido? São questões importantes,mas que, aparentemente, os defensores de um sistema de metas de cambio, preferem igonar.

Enquanto essas questões não forem discutidas abertamente, ficaremos nesta papo feijão com arroz que em nada avança na solução do problema.

domingo, 25 de outubro de 2009

sábado, 24 de outubro de 2009

The Naming Of Cats , T. S. Eliot

The Naming of Cats is a difficult matter,
It isn't just one of your holiday games;
You may think at first I'm as mad as a hatter
When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES.
First of all, there's the name that the family use daily,
Such as Peter, Augustus, Alonzo or James,
Such as Victor or Jonathan, George or Bill Bailey--
All of them sensible everyday names.
There are fancier names if you think they sound sweeter,
Some for the gentlemen, some for the dames:
Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter--
But all of them sensible everyday names.
But I tell you, a cat needs a name that's particular,
A name that's peculiar, and more dignified,
Else how can he keep up his tail perpendicular,
Or spread out his whiskers, or cherish his pride?
Of names of this kind, I can give you a quorum,
Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat,
Such as Bombalurina, or else Jellylorum-
Names that never belong to more than one cat.
But above and beyond there's still one name left over,
And that is the name that you never will guess;
The name that no human research can discover--
But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess.
When you notice a cat in profound meditation,
The reason, I tell you, is always the same:
His mind is engaged in a rapt contemplation
Of the thought, of the thought, of the thought of his name:
His ineffable effable
Effanineffable
Deep and inscrutable singular Name

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ainda a última médida do setor externo

Retomando o post de ontem: um amigo me informa que na Fazenda tem ótimos profissionais nesta área, dai não ter procedência chamar por profissionais, eles já estariam lá. Não tenho por que discordar da opinião deste amigo, mas não me parece que esses profissionais estão sendo ouvidos. Minha avaliação quanto a eficácia da medida, não é muito diferente da expressa pelo L.C.Mendonça de Barros no artigo abaixo. Ele é do partido da oposição, mas também é um ótimo economista.


Volto mais uma vez à questão da valorização do real. Finalmente o governo resolveu agir para tentar estancar -ou pelo menos reduzir- a queda do dólar em relação à nossa moeda. O leitor da Folha já conhece meu pensamento em relação a esse assunto. Discordo dos analistas que não consideram isso um problema e me preocupo muito com o fortalecimento do real. Principalmente enquanto durar a posição atual da China em relação à sua moeda e a política monetária do Federal Reserve nos Estados Unidos.
Portanto parece-me correta a posição do ministro Guido Mantega de tentar interferir na formação da taxa de câmbio. Vivemos um período em que as autoridades de economias importantes estão atuando nos mercados de câmbio. O yuan chinês, mantido artificialmente constante em relação ao dólar, é, de longe, o fator externo mais relevante por trás da valorização do real e de outras moedas de países emergentes.
No caso da China, o mecanismo de defesa do yuan é simples: o banco central chinês compra qualquer quantidade de dólares que entra no país mantendo fixa a cotação de sua moeda em relação ao dólar norte-americano. Para viabilizar esse sistema de câmbio fixo, conta com mecanismos institucionais que tentam impedir a entrada de capitais financeiros de curto prazo.
Além disso, o sistema está ancorado em alta geração de poupança interna, minimizando os riscos inflacionários dessa política. Acredito que apenas em 2010, quando a recuperação chinesa estiver consolidada, vá ocorrer uma valorização do yuan e uma redução na pressão sobre outras moedas, como o real. Já no caso norte-americano, a influência do Fed na manutenção do dólar fraco é mais sutil: os juros quase a zero fazem com que os especuladores tomem dinheiro emprestado em dólares e os troquem por outras moedas como o real. Apenas com a retomada da normalidade da política monetária norte-americana é que vai desaparecer essa fonte temporária de desvalorização do dólar perante quase todas as outras moedas. Coisa também para 2010, talvez já no fim do primeiro semestre.
Minha intuição diz que o valor do dólar norte-americano, quando essas duas forças forem retiradas, será próximo a R$ 1,80. Enquanto elas permanecerem, não descarto a hipótese de vermos a moeda norte-americana sendo negociada a R$ 1,60. Por isso, acredito que uma intervenção do governo nesse período faça sentido.
Se concordo com a preocupação do ministro Mantega, discordo frontalmente do instrumento escolhido por ele para enfrentar esse problema. Uma primeira crítica é que essa medida isolada não tem a menor chance de ter sucesso, pois o Banco Central acredita na teoria do câmbio flutuante puro. E, sem o engajamento do Banco Central nesse difícil combate, as chances de sucesso são inexistentes.
Em segundo lugar, na forma como foi definido o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) pelo Ministério da Fazenda, será fácil para as instituições financeiras evitá-lo. A própria imprensa trouxe ontem um cardápio de dez alternativas para tanto. Com o pagamento de uma taxa inferior a 1% a um intermediário financeiro, pode-se evitar o pagamento do IOF. Nessa hipótese, teríamos o pior dos mundos: a criação de um custo adicional para os investimentos financeiros no Brasil sem que o Tesouro Nacional se beneficie pela arrecadação de impostos

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Profissionais, please

A última medida do governo para o setor externo não resolve o problema da valorização do real, encarece o custo de capital de algumas empresas - não das grandes -, enfraquece ainda mais o já anâmico mercado de capitais brasileiro o que leva a inevitável questão: qual o objetivo da medida? Um sinal que o Brasil, enquanto país emergente não está nada satisfeito com a performance do dolar no mercado mundial, seria esta a razão?

Nada tenho contra alguma forma de controle - na entrada - dos capitais de curto prazo e reconheço que a valorização do real seguramente não é o melhor para a economia brasileira, portanto medidas corretivas são necessárias, mas isto requer um conhecimento minímo do funcionamento desse mercado. É terrível reconhecer que a atual equipe na Fazenda não parece estar preparada para enfrentar o problema. O momento requer bons profissionais...

update: O FT em editorial elogia a medida em razão do risco de bolhas. não me parece ser o caso, tão pouco este foi o motivo que levou o governo a impor um IOF de 2%.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A última medida para o setor externo...

A Folha publicou hoje 3 artigos sobre a última medida do governo para a área externa. O artigo do Cardim não é nada convincente o que é estranho, já que ele é um dos melhores economistas da linha pós-keynesiana. Gostei do artigo do Alexandre "eram os deuses os astronautas" e do Lacerda, meu colega do Depto de Economia da PUC-SP. Ainda não tenho uma posição definida sobre a medida, mas os pontos abordados nos dois artigos me parecem corretos. Tenho dúvidas em relação a necessidade do aumento do juros "antes do que seria necessário", posição defendida pelo Alexandre. Lacerda tem razão ao argumentar contra a inexorabilidade deste aumento, mas acho que, dependendo do andamento da economia brasileira, ele poderá vir a ser a necessário. Quando é a minha grande dúvida.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mais piadas sobre economia e economistas

Economia é o único campo onde duas pessoas podem ganhar um Prêmio Nobel dizendo exatamente coisas opostas.
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Um matemático, um contador e um economista se candidataram para o mesmo emprego.
O entrevistador chamou o matemático e perguntou "Quanto é 2 + 2 ?". O matemático respondeu. "Quatro". "Mas quatro exatamente ?", indagou o entrevistador. O matemático olhou surpreso para o entrevistador e disse "Sim, quatro, exatamente."
Chamou o contador e perguntou a mesma questão: "Quanto é dois mais dois ?". O contador disse: "Na média 4, acrescente ou tire 10%, mas na média é quatro."
Por último chamou o economista. "Sr. Economista, quanto é dois mais dois ?". O economista levantou, trancou a porta, fechou a cortina, sentou próximo ao entrevistador e perguntou: "Diga-me uma coisa...o que você quer igualar?"
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Sete razões para estudar Economia:
1. Economistas são armados e perigosos: "Cuidado com nossas mãos invisíveis !"
2. Economistas podem ofertar quando são demandados.
3. Você pode falar de dinheiro sem sempre ter de fazer dinheiro em alguma coisa.
4. Mick Jagger e Arnold Schwarzenegger estudaram economia e veja no que se tornaram.
5. Quando você está na fila de desempregados, ao menos você sabe porque você está lá.
6.Embora a Ética ensine que a virtude tem sua própria recompensa, na Economia nós aprendemos que a recompensa tem sua própria virtude.
7. Quando você está bêbado você pode falar para todo mundo que você está apenas pesquisando a lei da utilidade marginal decrescente.
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Economistas só fazem sexo com modelos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Bresser Pereira e o MST

Desta vez o Bresser Pereira superou todas as minhas expectativas: o artigo é excelente, um clássico. É o Velho Mestre que sempre admirei...


Há uma semana, duas queridas amigas disseram-me da sua indignação contra os invasores de uma fazenda e a destruição de pés de laranja. Uma delas perguntou-me antes de qualquer outra palavra: "E as laranjeiras?" -como se na pergunta tudo estivesse dito.
Essa reação foi provavelmente repetida por muitos brasileiros que viram na TV aquelas cenas. Não vou defender o MST pela ação, embora esteja claro para mim que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é uma das únicas organizações a, de fato, defender os pobres no Brasil. Mas não vou também condená-lo ao fogo do inferno. Não aceito a transformação das laranjeiras em novos cordeiros imolados pela "fúria de militantes irracionais".
Quando ouvi o relato indignado, perguntei à amiga por que o MST havia feito aquilo. Sua resposta foi o que ouvira na TV de uma das mulheres que participara da invasão: "Para plantar feijão". Não tinha outra resposta porque o noticiário televisivo omitiu as razões: primeiro, que a fazenda é fruto de grilagem contestada pelo Incra; segundo, que, conforme a frase igualmente indignada de um dos dirigentes do MST publicada nesta Folha em 11 deste mês, "transformaram suco de laranja em seres humanos, como se nós tivéssemos destruído uma geração; o que o MST quis demonstrar foi que somos contra a monocultura".
Talvez os dois argumentos não sejam suficientes para justificar a ação, mas não devemos esquecer que a lógica dos movimentos populares implica sempre algum desrespeito à lei. Não deixa de ser surpreendente indignação tão grande contra ofensa tão pequena se a comparamos, por exemplo, com o pagamento, pelo Estado brasileiro, de bilhões de reais em juros calculados segundo taxas injustificáveis ou com a formação de cartéis para ganhar concorrências públicas ou com remunerações a funcionários públicos que nada têm a ver com o valor de seu trabalho.
Por que não nos indignarmos com o fenômeno mais amplo da captura ou privatização do patrimônio público que ocorre todos os dias no país? Uma resposta a essa pergunta seria a de que os espíritos conservadores estão preocupados em resguardar seu valor maior -o princípio da ordem-, que estaria sendo ameaçado pelo desrespeito à propriedade.
Enquanto o leitor pensa nessa questão, que talvez favoreça o MST, tenho outra pergunta igualmente incômoda, mas, desta vez, incômoda para o outro lado: por que os economistas que criticam a suposta superioridade da grande exploração agrícola e defendem a agricultura familiar com os argumentos de que ela diminui a desigualdade social, aumenta o emprego e é compatível com a eficiência na produção de um número importante de alimentos não realizam estudos que demonstrem esse fato?
A resposta a essa pergunta pode estar no Censo Agropecuário de 2006: embora ocupe apenas um quarto da área cultivada, a agricultura familiar responde por 38% do valor da produção e emprega quase três quartos da mão de obra no campo.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, nesta Folha listou esses fatos e afirmou que uma "longa jornada de lutas sociais" levou o Estado brasileiro a reconhecer a importância econômica e social da agricultura familiar. Pode ser, mas ainda não entendo por que bons economistas agrícolas não demonstram esse fato com mais clareza. Essa demonstração não seria tão difícil -e talvez ajudasse minhas queridas amigas a não se indignarem tanto com as laranjeiras.