terça-feira, 31 de agosto de 2010

Novo 'modelo Nakano' para crescer

Se a leitura do VTF estiver correta, meu velho mestre e orientador no mestrado, recuperou a boa forma. Ainda não tenho uma opinião formada sobre seu modelo, mas reconheço que é interessante. Esta na hora de fazer uma visita a Rua Itapeva


A crise no mundo rico deu cabo de duas antigas concepções de desenvolvimento econômico antagônicas, teoriza Yoshiaki Nakano, diretor da escola de economia da Fundação Getulio Vargas, de São Paulo.
Uma delas, o "modelo asiático", é a do crescimento impulsionado por exportações e superavit comerciais. Na outra, mais ou menos adotada no Brasil dos últimos 20 anos, um país carente de capital financiaria seus deficit externos crônicos por meio do capital estrangeiro. Isto é, desde que o fluxo de capital fosse livre e houvesse "disciplina macroeconômica" (de mercado): contas públicas em ordem, câmbio flutuante e juros suficientemente altos.
A lenta digestão da crise nos EUA e na Europa, além do papel agora central de China e cia., teria tornado obsoletos tais "modelos". Nakano apresentou o argumento no 7º Fórum da Economia da FGV, rodada anual de debates "neodesenvolvimentistas" de política econômica.
Segundo Nakano, o crescimento será baixo ou nulo por um período longo nos EUA e na Europa. Juros baixos e injeção de dinheiro não estimulariam o crédito. Ainda levará tempo para que bancos, empresas e consumidores reduzam suas dívidas e recomponham patrimônio. Além do mais, há no mundo rico cada vez mais oposição ao estímulo da economia via gastos do governo.
Logo, os superavit comerciais, exportar mais que importar, seriam a fonte restante de dinamismo das economias centrais do Ocidente.
As importações americanas, pois, deixam de ser um fator de impulso do comércio e do PIB mundiais. China e cia., em parte, tomam o lugar dos EUA, no comércio do Brasil em especial, mas apenas no que diz respeito a commodities (recursos naturais).
O fluxo mundial de capital, de resto, será menor. Os bancos dos países centrais precisam reduzir a "alavancagem" e recompor capital. A própria ideia de que o mercado financeiro seria capaz de bancar de modo seguro a carência de capital emergente foi à breca. A crise mostrou quão irracional, ineficiente, instável e descolada dos "fundamentos" pode ser a alocação de capital da grande finança. Acaba assim o "fetiche do financiamento externo".
O perigo desse cenário para o Brasil é a "armadilha da especialização regressiva". EUA em baixa e China em alta provocam o aumento inadvertido e relativo da importância do setor de recursos naturais na economia brasileira, processo chamado por alguns de "desindustrialização", termo evitado por Nakano.
O que nos resta? Planejar o aumento do consumo e do investimento, administrar a entrada de capitais e o câmbio. Não se trata de fechar a economia, aumentar o superavit comercial ou mesmo as exportações. O relevante é elevar o investimento e incentivar o capital a dirigir-se ao setor de produtividade mais alta: o de bens industrializados exportáveis. Como? Aumentando a lucratividade desse setor (câmbio mais favorável: real mais fraco) e o tamanho do mercado doméstico.
Para tanto, é preciso reduzir o gasto público de modo a deixar mais espaço ao investimento e ao consumo privado. E reformar o sistema de financiamento da dívida pública, herdado do tempo da inflação, que dá grande liquidez, segurança e alta rentabilidade de quem empresta ao governo, bonança perdulária nos dias de economia mais estável.

Fonte FSP

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Coutinho

Confesso que realmente não tenho o menor saco para os sub-paulo francis que poluem as colunas da midia nacional. Via de regra não possuem o talento e a verve do original e muito menos o conhecimento. Não que Francis fosse um scholar, longe disto, mas pelo menos era divertido e nos informava do que rolava na capital do império. Isto em um tempo em que não havia internet e revistas americanas eram caras e escassas, não era pouca coisa.

Dos novos colunistas do jornal da ditabranda, o único que se destaca é o portugues Coutinho: jovem, ironico e erudito é de longe o melhor colunista/cronista da atualidade. Conservador, as vezes reacionário, mas sempre com um texto ótimo é a minha leitura predileta da semana.

domingo, 29 de agosto de 2010

sábado, 28 de agosto de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Bernanke:The Economic Outlook and Monetary Policy

Como era de se esperar ele continua com o discurso otimista. A revisão do PIB para 1.6%, um pouco acima do esperado por vários analistas, não altera a avaliação deste blog sobre o estado atual da economia americana: alta probabilidade de deflação e de uma segunda recessão. Crescimento abaixo do trend de 2,5% não é apenas um prognóstico, mas um fato.


Chairman Ben S. Bernanke,
At the Federal Reserve Bank of Kansas City Economic Symposium, Jackson Hole, Wyoming
August 27, 2010


The annual meeting at Jackson Hole always provides a valuable opportunity to reflect on the economic and financial developments of the preceding year, and recently we have had a great deal on which to reflect. A year ago, in my remarks to this conference, I reviewed the response of the global policy community to the financial crisis.1 On the whole, when the eruption of the Panic of 2008 threatened the very foundations of the global economy, the world rose to the challenge, with a remarkable degree of international cooperation, despite very difficult conditions and compressed time frames. And when last we gathered here, there were strong indications that the sharp contraction of the global economy of late 2008 and early 2009 had ended. Most economies were growing again, and international trade was once again expanding.

Notwithstanding some important steps forward, however, as we return once again to Jackson Hole I think we would all agree that, for much of the world, the task of economic recovery and repair remains far from complete. In many countries, including the United States and most other advanced industrial nations, growth during the past year has been too slow and joblessness remains too high. Financial conditions are generally much improved, but bank credit remains tight; moreover, much of the work of implementing financial reform lies ahead of us. Managing fiscal deficits and debt is a daunting challenge for many countries, and imbalances in global trade and current accounts remain a persistent problem.

This list of concerns makes clear that a return to strong and stable economic growth will require appropriate and effective responses from economic policymakers across a wide spectrum, as well as from leaders in the private sector. Central bankers alone cannot solve the world's economic problems. That said, monetary policy continues to play a prominent role in promoting the economic recovery and will be the focus of my remarks today. I will begin with an update on the economic outlook in the United States and then review the measures that the Federal Open Market Committee (FOMC) has taken to support the economic recovery and maintain price stability. I will conclude by discussing and evaluating some policy options that the FOMC has at its disposal, should further action become necessary.

The Economic Outlook
As I noted at the outset, when we last gathered here, the deep economic contraction had ended, and we were seeing broad stabilization in global economic activity and the beginnings of a recovery. Concerted government efforts to restore confidence in the financial system, including the aggressive provision of liquidity by central banks, were essential in achieving that outcome. Monetary policies in many countries had been eased aggressively. Fiscal policy--including stimulus packages, expansions of the social safety net, and the countercyclical spending and tax policies known collectively as automatic stabilizers--also helped to arrest the global decline. Once demand began to stabilize, firms gained sufficient confidence to increase production and slow the rapid liquidation of inventories that they had begun during the contraction. Expansionary fiscal policies and a powerful inventory cycle, helped by a recovery in international trade and improved financial conditions, fueled a significant pickup in growth.

At best, though, fiscal impetus and the inventory cycle can drive recovery only temporarily. For a sustained expansion to take hold, growth in private final demand--notably, consumer spending and business fixed investment--must ultimately take the lead. On the whole, in the United States, that critical handoff appears to be under way.

However, although private final demand, output, and employment have indeed been growing for more than a year, the pace of that growth recently appears somewhat less vigorous than we expected. Notably, since stabilizing in mid-2009, real household spending in the United States has grown in the range of 1 to 2 percent at annual rates, a relatively modest pace. Households' caution is understandable. Importantly, the painfully slow recovery in the labor market has restrained growth in labor income, raised uncertainty about job security and prospects, and damped confidence. Also, although consumer credit shows some signs of thawing, responses to our Senior Loan Officer Opinion Survey on Bank Lending Practices suggest that lending standards to households generally remain tight.2

The prospects for household spending depend to a significant extent on how the jobs situation evolves. But the pace of spending will also depend on the progress that households make in repairing their financial positions. Among the most notable results to emerge from the recent revision of the U.S. national income data is that, in recent quarters, household saving has been higher than we thought--averaging near 6 percent of disposable income rather than 4 percent, as the earlier data showed.3 On the one hand, this finding suggests that households, collectively, are even more cautious about the economic outlook and their own prospects than we previously believed. But on the other hand, the upward revision to the saving rate also implies greater progress in the repair of household balance sheets. Stronger balance sheets should in turn allow households to increase their spending more rapidly as credit conditions ease and the overall economy improves.

Household finances and attitudes also bear heavily on the housing market, which has generally remained depressed. In particular, home sales dropped sharply following the recent expiration of the homebuyers' tax credit. Going forward, improved affordability--the result of lower house prices and record-low mortgage rates--should boost the demand for housing. However, the overhang of foreclosed-upon and vacant housing and the difficulties of many households in obtaining mortgage financing are likely to continue to weigh on the pace of residential investment for some time yet.

In the business sector, real investment in equipment and software rose at an annual rate of more than 20 percent over the first half of the year. Some of these gains no doubt reflected spending that had been deferred during the crisis, including investments to replace or update existing equipment. Consequently, investment in equipment and software will almost certainly increase more slowly over the remainder of this year, though it should continue to advance at a solid pace. In contrast, outside of a few areas such as drilling and mining, business investment in structures has continued to contract, although the rate of contraction appears to be slowing.

Although most firms faced problems obtaining credit during the depths of the crisis, over the past year or so a divide has opened between large firms that are able to tap public securities markets and small firms that largely depend on banks. Generally speaking, large firms in good financial condition can obtain credit easily and on favorable terms; moreover, many large firms are holding exceptionally large amounts of cash on their balance sheets. For these firms, willingness to expand--and, in particular, to add permanent employees--depends primarily on expected increases in demand for their products, not on financing costs. Bank-dependent smaller firms, by contrast, have faced significantly greater problems obtaining credit, according to surveys and anecdotes. The Federal Reserve, together with other regulators, has been engaged in significant efforts to improve the credit environment for small businesses. For example, through the provision of specific guidance and extensive examiner training, we are working to help banks strike a good balance between appropriate prudence and reasonable willingness to make loans to creditworthy borrowers. We have also engaged in extensive outreach efforts to banks and small businesses. There is some hopeful news on this front: For the most part, bank lending terms and conditions appear to be stabilizing and are even beginning to ease in some cases, and banks reportedly have become more proactive in seeking out creditworthy borrowers.

Incoming data on the labor market have remained disappointing. Private-sector employment has grown only sluggishly, the small decline in the unemployment rate is attributable more to reduced labor force participation than to job creation, and initial claims for unemployment insurance remain high. Firms are reluctant to add permanent employees, citing slow growth of sales and elevated economic and regulatory uncertainty. In lieu of adding permanent workers, some firms have increased labor input by increasing workweeks, offering full-time work to part-time workers, and making extensive use of temporary workers.

Besides consumption spending and business fixed investment, net exports are a third source of demand for domestic production. The substantial recovery in international trade is a very positive development for the global economy; for the United States, improving export markets are an important reason that manufacturing has been a leading sector in the recovery. Like others, we were surprised by the sharp deterioration in the U.S. trade balance in the second quarter. However, that deterioration seems to have reflected a number of temporary and special factors. Generally, the arithmetic contribution of net exports to growth in the gross domestic product tends to be much closer to zero, and that is likely to be the case in coming
quarters.

Overall, the incoming data suggest that the recovery of output and employment in the United States has slowed in recent months, to a pace somewhat weaker than most FOMC participants projected earlier this year. Much of the unexpected slowing is attributable to the household sector, where consumer spending and the demand for housing have both grown less quickly than was anticipated. Consumer spending may continue to grow relatively slowly in the near term as households focus on repairing their balance sheets. I expect the economy to continue to expand in the second half of this year, albeit at a relatively modest pace.

Despite the weaker data seen recently, the preconditions for a pickup in growth in 2011 appear to remain in place. Monetary policy remains very accommodative, and financial conditions have become more supportive of growth, in part because a concerted effort by policymakers in Europe has reduced fears related to sovereign debts and the banking system there. Banks are improving their balance sheets and appear more willing to lend. Consumers are reducing their debt and building savings, returning household wealth-to-income ratios near to longer-term historical norms. Stronger household finances, rising incomes, and some easing of credit conditions will provide the basis for more-rapid growth in household spending next year.

Para ler o resto do pronunciamento clique aqui

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Arapongas do candidato da Nova Direita

No mesmo dia em que publica mais uma rodada de pesquisa cujo único objetivo parece ser salvar seu instituto de pesquisa, o DataFalha,o jornal da Ditabranda insiste em tentar criar um escandalo sobre o nada: o acesso às declarações do IR de figuras do partido da Nova Direita. Ate um editorial foi providenciado, uma demonstração que o herdeiro perdeu completamente o rumo. E pensar que aos 24 anos, quando assumiu o jornal, era um jovem idealista ainda não seduzido, ao que parece, pelo lado escuro da força. A "espionagem", se verdadeira é lamentável e inaceitável ataque ao direito do cidadão, porem, dai concluir ser o produto de membros da coalizão da candidata da atual administração é puro delírio. Afinal é sabido que a destruição da candidatura da Herdeira da familia Sarney foi tarefa dos arapongas do candidato da Nova Direita. Logo, tudo pode muito bem ser uma grande jogada para culpar quem de fato é inocente. Seus aliados - alunos da melhor escola de formação de quadros da direita, o PCB - tem um longo histórico nada abonador...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A maldição do passado...

A perfomance do setor imobiliario americano em julho, queda de 27,2%, a dificuldades em criar empregos, a revisão para baixo do PIB do ultimo quarter - de 2.4% para 1.4%- parecem confirmar o tese defendida em vários posts neste blog: a recuperação da economia americana ainda é anemica e uma segunda recessão é cada vez mais provável e no melhor cenário um crescimento abaixo do trend de 2.5% . O que fazer para evitar o pior cenário é a grande questão, principalmente devido ao fato de que a política econômica tem poucos instrumentos a sua disposição: a fiscal é a solução obvia, mas politicamente difícil, em ano eleitoral e diante da quase certa perda de maioria na camara dos deputados e redução da maioria no senado. Para não mencionar os resultados negativos esperados na eleição para Governador em diversos estados.

O cenário político poderá tornar pior uma situação econômica desconfortável, porém longe de desesperadora, levando a uma repetição, do que já aconteceu no passado.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ainda o aperto econômico



Comentário do VTF à manchete de ontem do jornal onde ele trabalha. Ele é um bom analista econômico, algo raro no grande bananão.



Em maio, Dilma Rousseff (PT) foi a Wall Street dizer que:
1) A política macroeconômica em seu eventual governo ainda será orientada pelo objetivo de reduzir a dívida pública, por meio de superavit primários relevantes, e de diminuir os juros, por meio da política de metas de inflação, as quais seriam gradualmente reduzidas;
2) A dívida líquida cairia para 30% do PIB em 2014, o que é bem factível. Em conversa reservada, disse que gostaria de baixar a taxa real de juros básica para "perto de 3%, mas sem fazer mágica";
3) O Banco Central continuará operacionalmente autônomo. Seu presidente ainda terá status de ministro. Ou seja, nada muda: nem mais nem menos autonomia;
4) O aumento do crédito por meio de bancos públicos chegou "ao limite"; é preciso estimular o crédito de longo prazo por meio de incentivos a fundos de pensão e ao mercado de capitais. É preciso tirar do BNDES a responsabilidade pelos financiamentos compridos e volumosos;
5) A difícil reforma tributária é uma de suas prioridades.
A campanha de Dilma reafirmou várias dessas diretrizes e revelou a intenção da candidata de levar o superavit primário, a poupança do governo desconsiderados gastos com juros, de volta a 3,3% do PIB.
Tais ideias do comando dilmista foram publicadas ontem, nesta Folha, em reportagem de Kennedy Alencar e Valdo Cruz. O texto foi traduzido na manchete do jornal como "Dilma estuda aperto econômico". Em "solo nacional", seria a primeira conversa séria desta campanha.
Ontem ainda, Dilma negou que sua campanha discuta tais coisas: "Lamento, mas vou desmentir".
Dilma não poderia dizer outra coisa, claro. De outro modo, a campanha adversária poderia alardear "Dilma promete arrocho" etc. O de sempre. Mas o que está em estudo ou se conversa na campanha da candidata é aquilo mesmo que está no texto de Alencar e Cruz. Se, uma vez no poder, Dilma mudaria de ideia ou seria incapaz de implementá-las, são outros quatrocentos.
Note-se que o comando de Dilma difunde tais informações de propósito. Trata-se de uma espécie de "bilhetinho aos brasileiros", parodiando a "Carta aos Brasileiros" de Lula, na campanha de 2002.
Foi por meio desse discurso que o PT trocou sua roupa ideológica em público, quando as finanças do país derretiam e o "mercado" estava em polvorosa com a perspectiva de que os petistas cumprissem seu programa econômico doidivanas.
Por fim, é preciso lembrar que os "estudos" da campanha dilmista estão no centro do debate econômico. Não vai haver mais investimento, capital privado de longo prazo, distribuição de renda e, quiçá, impostos menores se a taxa de juros não baixar. A fim de baixar os juros, é preciso levar a dívida pública para 30% do PIB ou menos, e rápido. Para tanto, é preciso mais superavit primário: "aperto econômico".
É possível fazer um governo de esquerda ou "democrático e popular" baixando a dívida. Aliás, é preciso. Para início de conversa, dívida alta leva dinheiro para quem já o tem (quem empresta ao governo). Para pagar a dívida, cobra-se relativamente mais imposto de quem é pobre. Se, como o comando de sua campanha o dizia ainda ontem, Dilma está preocupada com esses problemas, isso é boa notícia.

Fonte: FSP

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

De salto alto...

Segundo o jornal da Ditabranda, Dilma estuda aperto econômico com as seguintes medidas: meta de inflação menor, menos reajustes ao funcionalismo público, controle nos gastos dos ministérios, financiamento da política industrial pelo BNDES e manutenção do câmbio flutuante. São medidas, me parece, adequadas e seguindo a lógica do ciclo político devem de fato serem implementadas nos primeiros anos do governo. A sua divulgação em plena campanha eleitoral poderá agradar aos endinheirados, mas seguramente a reação na base eleitoral da candidata não deverá ser nada boa e poderá inverter sua curva e leva-la para um segundo turno.

É uma grande tolice e sabemos que ocupar a cadeira antes do resultado das eleições não é uma boa idéia. Será que já esqueceram da eleição para prefeito de São Paulo?

Alias, a primeira pagina do mesmo jornal é um conjunto de noticias com forte apelo eleitoral negativo para a candidata da atual administração. Aparentemente a mídia ainda não jogou a toalha e aposta em uma virada do jogo, mesmo que seja com o uso de práticas e táticas da velha direita golpista que eles, da boca para fora, condenam como retrogradas.

domingo, 22 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Investimento alivia uso da capacidade


Mais uma boa noticia e confirma que o céu continua sendo de brigadeiro.


A indústria de transformação produziu no primeiro semestre deste ano 1,1% a mais que no mesmo período de 2008, quando a economia também avançava a um ritmo forte, mas com um uso menor de sua capacidade produtiva. De janeiro a junho, a média do nível de utilização de capacidade instalada (Nuci) ficou em 84,6%, abaixo dos 86% dos primeiros seis meses de 2008, na série com ajuste sazonal da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A maturação de investimentos e a recuperação mais modesta das exportações são fundamentais para explicar o comportamento mais moderado do uso da capacidade instalada, assim como a própria perda de fôlego da indústria a partir de abril. A trajetória mais tranquila do indicador é uma boa notícia para a inflação, por indicar que não há grandes gargalos produtivos na indústria.

O coordenador de sondagens da FGV, Aloisio Campelo, acredita que o Nuci mais baixo neste ano em relação ao de 2008 se deve, em sua maior parte, à expansão da capacidade produtiva da indústria. Depois de um primeiro semestre de 2009 fraco, marcado pela freada nos investimentos, muitas empresas retomaram os projetos para ampliar a oferta. Com a maturação de parte dos investimentos, o volume de produção cresceu sem que a utilização de capacidade voltasse aos picos atingidos em 2008. Depois de aumentar de 79,4% em junho de 2009 para 83,8% em dezembro do ano passado, o Nuci passou a avançar a um ritmo mais moderado em 2010. Nos últimos meses, tem oscilado na casa de 85%. É mais do que a média de 83,1% registrada desde 2003, mas ainda assim menor que os patamares atingidos em 2008.
Para Campelo, parte da indústria tratou de antecipar investimentos ao vislumbrar a perspectiva de crescimento mais forte da demanda em 2010. Ele considera que o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI) do BNDES, com taxas bastante baixas para padrões brasileiros, ajudou a estimular um movimento de antecipação de projetos de aumento da capacidade instalada. "A sondagem trimestral de investimentos da FGV apontou uma forte concentração da intenção das empresas de investir neste ano", diz Campelo. .

O economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada, também vê a maturação de investimentos como uma das principais responsáveis pelo comportamento mais tranquilo do Nuci, mesmo num cenário em que o volume produzido está em níveis elevados. "A formação bruta de capital fixo [FBCF, medida do que se investe na construção civil e em máquinas e equipamentos] tem crescido com força", observa ele, que estima uma alta no segundo trimestre para a FBCF de 26,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Para 2010, a aposta de boa parte dos analistas é de um crescimento da FBCF de 20%.

Para Bacciotti, o arrefecimento da produção industrial a partir de abril também contribui para explicar o comportamento do nível de utilização. Depois de atingir o patamar mais alto da série em março deste ano, a indústria de transformação recuou nos três meses seguintes. Na série com ajuste sazonal, está 2,6% abaixo do nível do fim do primeiro trimestre. Mesmo com esse desempenho, a alta acumulada de janeiro a junho é de 16,2% sobre igual período de 2009.

A recuperação ainda fraca das exportações também tem peso na trajetória recente do uso da capacidade. Campelo chama a atenção para o comportamento distinto da utilização de capacidade entre as empresas voltadas para o mercado interno e as que exportam muito. No caso das primeiras, em que as vendas externas equivalem a no máximo 10% do faturamento, a ocupação dos recursos disponíveis atingiu 83,4% em julho, mais do que a média de 82,1% registrada a partir de 2003, segundo números da FGV. No entanto, a capacidade instalada nessas companhias está em queda nos últimos meses, possivelmente pela maturação de investimentos feitos para atender a expectativa de uma demanda mais robusta.

No caso das empresas em que as vendas externas respondem por mais de 50% do faturamento, o uso da capacidade ficou em 81,3% em julho, abaixo da média histórica de 84,5%. A partir de junho, porém, o nível passou a subir nessas companhias. Para Campelo, é possível que isso se deva ao fato de que elas pouco investiram na ampliação da oferta, dadas as incertezas em relação à demanda externa. A recuperação das exportações, ainda que modesta, também pode explicar parte desse movimento de alta nos últimos dois meses.

Os números de utilização de recursos para a média da indústria de transformação parecem tranquilos, mas há setores com sinais de pressão. É o caso do segmento de material para construção, em que este nível fechou julho em 91,7%, o mais alto da série iniciada em 1993, indicando o risco de que gargalos.

Fonte: Valor

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ainda o marxismo talebã

Porque marxismo talebã, perguntou um amigo? Simples, para separar o artigo genuino da cópia falsificada. É verdade que não sou marxista, mas isto não implica assumir uma atitude reacionária e negar que há trabalhos de qualidade nesta importânte tradição intelectual. Prova é minha razoavel coleção de livros(lidos) de autores desta tradição, inclusive de vários representantes de uma variante pouco conhecida nos tristes trópicos e muito menos, ainda, na terra das jabuticabas exóticas, o marxismo japones que teve importante papel no pós guerra.

O adjetivo talebã não é por acaso e tão pouco gratuito e remete, obviamente, a conhecidos grupos que disvirtuam o islamismo. Naturalmente o marxismo tabebã é uma variante acadêmica e não usa a violência fisica, mas uma forma mais sofisticada - não menos letal - o assedio da qual já fui vitima. O estrago esta restrito à unidades transformadas em aparelhos que eles defendem com uma política do medo que pode ser resumida na conhecida expressão sintese de certo governo americano no imediato pós 11 de setembro.

Um outro aspecto é seu anti-catolicismo militante e seu apreço por práticas autoritárias coronelistas sempre sobre a fachada da defesa da democracia e do pluralismo no que lembra velhos personagens da triste história política abaixo do Equador. Cronisno, omerta e outras práticas lhe são também caras.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Era uma vez um candidato...

Datafalha e Ibope confirmam o que outros institutos já haviam indicado: o barco do candidato da Nova Direita esta afundando com uma velocidade surpreendente . A midia que sempre o protegeu e inflou, tornando-o a personificação da salvação nacional, começa, aos poucos, a abandonar o barco. É claro que parte da mídia ainda resiste e procura saídas no receituário clássico da velha direita golpista e adepta da política do medo , mão não por muito tempo. Como diria um velho amigo os ratos estão abandonando o barco.


Ele tinha a eleição na mão, um passado de respeito, mas preferiu o abraço da morte: os conselhos da velha direita golpista e de alguns graduados da melhor escola de formação de quadros da direita brasileira(PCB). Com tantos golpistas e reacionários fazendo companhia, perdeu o rumo e tentou se repaginar como um Neo-Conservador, a Nova Direita. Caiu do cavalo, naturalmente, e parece um personagem a procura de um autor . Triste, mas prevísivel, fim.

Alguns amigos ainda o apoiam; compreendo, respeito e admiro a lealdade. Ficar no barco, quando ele está afundando exige coragem, que sabemos ser uma virtude de poucos....

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mendonça de Barros e a economia americana


Nunca acreditei na recuperação da economia americana em 2010 - vide os vários posts sobre o tema, excluindo esta pequena divergência, sempre apreciei as analises do Mendonça de Barros, e a de hoje não foge a regra.



Para os que -como eu- acreditam na recuperação da economia americana ao longo de 2010, os dados relativos ao segundo trimestre deste ano têm representado um teste muito duro. Uma primeira lição que precisa ser tirada desse verdadeiro choque de realidade é que a recessão de agora é muito mais complexa do que as que a antecederam.
Mesmo para os que entendem a particularidade da crise atual, a resposta da economia aos estímulos monetários e fiscais tem sido mais lenta do que a esperada. Aliás, foi o próprio presidente do Fed que reconheceu isso ao falar aos congressistas americanos há poucos dias. Mesmo à distância, podia-se sentir o grau de desapontamento de Ben Bernanke.
Mas o que aconteceu entre abril e junho deste ano que levou o mercado a apostar na volta da recessão nos EUA? Em primeiro lugar vamos a alguns fatos revelados pelas estatísticas econômicas desse período. O volume total de crédito para empresas e indivíduos está finalmente se estabilizando, mas a um nível 25% menor do que o verificado antes da crise.
A taxa de desemprego parece ter encontrado também certa estabilidade em um nível bem menor do que os analistas previam há um ano. Mas o número de americanos empregados hoje é quase 8 milhões menor do que o verificado antes da crise. Apesar disso, o total de rendimento do trabalho já é hoje superior ao que prevalecia na primeira metade de 2008. Isso ocorre porque os ganhos salariais dos empregados têm crescido a taxas superiores a 4% ao ano.
Mas o lado negativo da recuperação lenta e incerta é que o americano empregado está aumentando a parcela de sua renda que é poupada. Uma resposta racional ao alto índice de desemprego, que parece ser mais duradouro que nas recessões passadas. Com isso, apesar de o consumo das famílias já ter praticamente recuperado o nível anterior da crise, o crescimento dos gastos dos americanos tem sido bem menor do que o esperado.
Uma forma agregada de medir os gastos na economia americana é acompanhar o que se chama "vendas finais para compradores domésticos". Engloba as compras finais dos indivíduos, das empresas -inclusive os gastos com investimentos- e do setor público.
Nesse número estão incluídos os bens e serviços produzidos internamente e os importados de outros países. Para isolar as importações, existe um indicador -chamado de "vendas finais de bens domésticos"- que trata apenas do que é produzido internamente.
Ao analisarmos esses dois indicadores é que temos a grande surpresa dos números do segundo trimestre deste ano a que me referi. Boa parte do aumento dos gastos dos americanos -empresas incluídas- foi atendida com bens importados.
Se isolarmos o comércio externo americano no período de abril a junho, o PIB teria crescido quase 3,5% ao ano. No mundo real das importações chinesas, o crescimento da economia americana pode ficar abaixo de 1% ao ano.
Esse vazamento da demanda americana para o exterior está sendo muito maior do que se previa anteriormente e, certamente, é uma das causas do desconforto do presidente do Fed em sua ida ao Congresso americano. Parte disso parece se dever a fatores pontuais, que podem ser revertidos em poucos meses. Mas a incerteza aumentou.
Hoje é possível fazer uma avaliação "ex-post" do impacto do pacote fiscal do governo Obama e dos efeitos da política monetária agressiva do Fed. Os efeitos positivos dessas ações são muito claros nos dados econômicos americanos. A demanda criada pelo setor público -gastos e redução de impostos- foi suficiente para compensar a retração do setor privado. Nos últimos meses, os gastos de empresas e consumidores voltaram a crescer de maneira tênue, mas sustentada.
Mas, enquanto parte importante desses gastos for parar na Alemanha, na China e em outros países exportadores, o crescimento dos EUA ficará comprometido. E o risco de tensões políticas pode crescer. O crescimento da demanda nos países superavitários é crucial para sustentar o crescimento global no médio prazo. Qualquer evidência de retrocesso nessa área é preocupante.

Fonte: FSP

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

The shame of the World Cup

Para aqueles que ainda acham que intelectual não gosta de futebol... se entende, eu não sei...

For any practitioner of Zen who imagines he has achieved a state of detached equanimity, the ultimate test must be to watch his national side play at soccer’s World Cup. That England’s team is dull, I tell myself after the first game, I can handle; that they are truly dire, I reflect after the second and third, is perhaps only par for the course. When, in their first knockout match, England goes 2–0 down to a fluent and attractive Germany, it seems the perfect opportunity for resignation and acceptance.

Then it happens. England scores. 2–1. And scores again! The ball strikes the bar behind the goalkeeper and goes a yard into the goal before bouncing out. We have all seen it, we are delighted. But the referee doesn’t blow his whistle! Neither he nor the linesman has seen it. Not that they have poor eyesight. They see a thousand tiny things. It is extraordinary, watching the replays of complex fouls and tussles, how rarely referees and linesmen are wrong. But in this case they blinked in synchrony precisely as Frank Lampard’s strike went into the goal.

Immediately the television is showing replays. Inside the stadium on huge screens the crowd can now see that the ball was even further into the goal than we originally thought. But the rules do not permit the referee to change his mind. Even thirty seconds after a wrong decision, it is too late.

I am reminded of a moment some years ago when I was standing on the terraces in Verona’s Bentegodi stadium among some of Italy’s most notoriously violent fans during a game against Inter Milan. “The violence doesn’t start with us,” the young man beside me remarked. It was halftime and the screen above us was endlessly replaying two incidents. In the dying seconds of the half, Verona’s center forward, running alone into Inter’s penalty area—the part of the field around the goal where a foul requires a penalty kick—had been pulled down from behind. The whistle sounded, but no penalty was given. The referee had contrived to blow for halftime exactly as the foul was committed.

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Bye, Bye Recuperação, Hello Deflação....

Finalmente parece que caiu a ficha e o FED reconheceu que a recuperação esta longe de ser a esperada. Naturalmente, por ele, otimista por obrigação, o fato é que a fragilidade da economia americana não é nenhuma novidade, assim como o risco crescente de cair em uma espiral deflacionária. Sim, este é o grande risco: deflação. E ele é cada vez maior.

Com a taxa de juros próxima de zero, o espaço da política monetária esta bem reduzido e a única alternativa é a política fiscal que , por outro lado, requer apoio político que o governo esta perdendo com uma rapidez impressionante. O cenário não é nada confortável.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Nakano e a crise


Artigo inspirado, com rigor teorico e a marca registrada do autor: pessimismo, reminiscência, quem sabe, do marxismo dos anos passados em Cornell. Ironias a parte, brilhante e erudito trabalho do Nakano velho de guerra.



As crises financeiras não são processos imprevisíveis, fenômeno tipo "cisne negro", para usar expressão na moda. Ciclos econômicos e crises financeiras resultam da operação normal da moderna economia de mercado capitalista, como demonstraram Keynes e Minsky. Existe uma fragilidade financeira intrínseca ao sistema capitalista de forma que a própria estabilidade gera prosperidade, euforia e crise financeira. Os estudiosos da história mostram que cada crise financeira é produto de uma série de acidentes históricos específicos, mas a estrutura e as fases do processo, que culmina em crise, são sempre as mesmas e são conhecidas. Estas foram analisadas por Kindleberger na sua obra magistral: "Manias, Pânicos e Crashes".

Foi por isso que muitos estudiosos previram a atual crise. E em relação aos desdobramentos pós-crise? Existe uma sequência lógica e previsível de fases para sair da crise? A minha resposta é sim, mas a previsão é bem mais complexa porque as intervenções do governo são variadas e os desdobramentos dependem dessas medidas.

A rigor, a crise financeira, na sua última fase de pânico e crash, na visão de muitos, se não houver intervenção do governo, seria a sua própria cura. Nesta, ativos problemáticos seriam expurgados, pois todos correm para a liquidez (moeda) ou títulos do tesouro, desencadeando uma deflação nos preços dos ativos financeiros, e destruindo as dívidas excessivas geradas nas fases de euforia. De fato, uma fase logicamente necessária para sair da crise financeira é encontrar uma forma de reduzir as dívidas para recompor a confiança no sistema financeiro, e a economia voltar a operar normalmente.

A principal ação do governo nos Estados Unidos e na Europa foi de socorrer, em grande escala, o sistema financeiro, comprando dívidas podres ou ativos tóxicos, transferindo-os para o balanço do banco central e do tesouro nacional. As taxas de juros foram reduzidas para praticamente zero e liquidez à vontade, sob o argumento de evitar um colapso total do sistema financeiro e uma nova grande depressão. Isto daria tempo para os agentes privados endividados ajustarem os seus balanços, desalavancando, vendendo ativos com risco, e aumentando capital próprio etc. Mas, por outro lado, esta mesma política está mascarando os reais problemas, sustentando devedores e bancos que realmente são insolventes. Daí a grande incerteza que reina ainda no mercado.

A solução adotada pelos governos de comprar dívidas problemáticas do setor privado apenas deslocou a crise financeira para um novo estágio, criando o problema de endividamento excessivo dos governos. Em alguns países como Grécia, Portugal e Irlanda, já excessivamente endividados, com dificuldade de financiar os seus déficits públicos e de rolar as dívidas, demandaram novas operações de socorro de outros países na área do euro e FMI, transferindo estas dívidas, principalmente, para o BCE e tesouros nacionais de países com menores dificuldades como a Alemanha e França. Assim, o problema de redução das dívidas problemáticas está se convertendo gradualmente em como reduzir a dívida pública. De qualquer forma, a saída da crise exige destruição de dívidas, e existem quatro formas de fazê-la: 1) calote; 2) inflação; 3) tributação confiscatória de ativos financeiros; e 4) ajuste fiscal gradual com corte de despesas e aumento de impostos. Se afastarmos neste momento as alternativas 1 e 3, restam a inflação e o ajuste fiscal.

No horizonte de curto e médio prazos, a inflação está afastada. Com a taxa de desemprego muito elevada, redução no custo unitário de trabalho, capacidade ociosa elevada, além da forte competição dos países emergentes no mercado de manufaturados, existe, sim, um risco crescente de deflação. Isto já está no horizonte e nas expectativas de grande número de investidores do mercado financeiro.

Dessa forma, a redução lenta e gradual das dívidas parece ser a saída que será adotada tanto nos Estados Unidos, como na Europa, e esse processo poderá levar mais de uma década, a exemplo do que aconteceu no Japão. A probabilidade de um novo mergulho recessivo aumentou com as medidas de ajuste fiscal adotadas na Europa e a crescente movimentação política do "Tea Party" nos Estados Unidos, que dificultará a renovação do pacote de injeção fiscal de US$ 800 bilhões. Se não for renovado, uma nova crise não pode ser descartada no próximo ano. Os indicadores já apontam uma desaceleração da recuperação econômica neste segundo semestre. Por isso, o presidente do Federal Reserve (Fed) já fala em nova rodada de política monetária expansionista (seriam novas compras de dívidas problemáticas, empréstimos diretos, taxa negativa de juros) para estimular a economia americana. Mas não há razão, no momento, para acreditar que essa nova rodada venha a trazer recuperação econômica fazendo com que os consumidores, empresas ou bancos voltem a se endividar mais, pois ao contrário, estão ajustando seus balanços, desalavancando, desfazendo de ativos problemáticos e buscando aumentar seu capital; que os bancos queiram ampliar oferta de crédito, mas demanda de crédito do setor privado está em queda; ou que os preços dos ativos financeiros voltem a aumentar gerando efeito riqueza positivo também é pouco provável.

Fonte: Valor

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pensando em Tony Judt

A primeira vez que li um artigo do Tony Judt ainda estava em Oxford e a primeira impressão manteve-se ao longo dos anos e leituras de vários artigos. Ele era de esquerda, mas não era marxista, tão pouco um adepto da terceira via. Profundo conhecedor do marxismo por ele não nutria as ilusões presentes na academia brasileira no inicio dos anos 90 e que ainda se mantem firme principalmente na terra das jabuticabas exóticas: o último bastião do marxismo talebã.

As vezes penso se algum dia este tipo de esquerda -se é que assim podemos chama-los - vai conseguir conseguir libertar-se da grande ilusão do seculo xx que deixou como produto mortos sem sepultura e um deserto intelectual no meio acadêmico de vários países, entre os quais o grande bananão. Mas porque falar de mediocres, quando lembramos e honramos a memoria de um intelectual único e brilhante que como alguns outros da mesma estirpe nos deixou cedo demais.

Vou sentir falta dos artigos, do senso de humor, da fina ironia e acima de tudo o compromisso com a verdade e honestidade intelectual, artigos raros na conhecida terra da intolerância onde crescem as terriveis jabuticabas exóticas.

domingo, 8 de agosto de 2010

sábado, 7 de agosto de 2010

What Kind Of A Person, Yehuda Amichai

"What kind of a person are you," I heard them say to me.
I'm a person with a complex plumbing of the soul,
Sophisticated instruments of feeling and a system
Of controlled memory at the end of the twentieth century,
But with an old body from ancient times
And with a God even older than my body.
I'm a person for the surface of the earth.
Low places, caves and wells
Frighten me. Mountain peaks
And tall buildings scare me.
I'm not like an inserted fork,
Not a cutting knife, not a stuck spoon.

I'm not flat and sly
Like a spatula creeping up from below.
At most I am a heavy and clumsy pestle
Mashing good and bad together
For a little taste
And a little fragrance.

Arrows do not direct me. I conduct
My business carefully and quietly
Like a long will that began to be written
The moment I was born.

Now I stand at the side of the street
Weary, leaning on a parking meter.
I can stand here for nothing, free.

I'm not a car, I'm a person,
A man-god, a god-man
Whose days are numbered. Hallelujah.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Debate

Entre o jogo e o debate optei pelo segundo. Decisão equivocada, reconheço agora, já que o debate foi chato, muito chato com o vampiro brasileiro esquecendo algumas perguntas, a candidata da atual administração tentando superar o nervosismo e a arrogância de classe tão comum entre seus pares - vem do berço, diria um velho amigo- e plinio, o velho e bom militante de tantas causas e figura lendária do ativismo católico em noite inspirada. Confesso que já fui seu eleitor, mas seu radicalismo atual é difícil de engolir. Discordo, naturalmente, da sua leitura sobre a economia e sua defesa apaixonada, mas equivocada de outros temas. Continuo no mesmo lugar e ao lado de outro católico notável: Bento XVI.

Ah! já sei voce o considera reacionário. Mas isto é porque voce de fato não o conhece e compra uma leitura de terceira mão a respeito deste grande intelectual.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Triste figura

Eu nunca imaginei que ele terminaria sua carreira política deste jeito: de braços dados com a extrema direita e com a melhor escola de formação de quadros da direita brasileira(PCB). Logo ele, um quadro histórico da juventude católica do inicio dos anos 60. Parece perdido, verdadeira barata tonta no grande salão da política nacional. Estou curioso pelo seu comportamento no debate desta noite. Mais uma estaca no seu coração de genuino vampiro brasileiro? Seu barco, sem timoneiro, mais parece um queijo suiço com um nada agradável odor de bolor. Triste fim...

Encontrar serrista hoje requer algum esforço, mesmo no ambiente onde antes ele reinava. Admiro aqueles que, apesar de tudo, ainda estão ao seu lado.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A política monetária e o crédito


Ótimo artigo do Nakane & Andrade. Argumento, teorico, interessante.



Diante do evidente aquecimento da economia brasileira e do consequente ciclo de elevação de juros que vem sendo promovido pelo Banco Central, torna-se pertinente avaliar a importância do canal de crédito para o Brasil, no que diz respeito ao impacto do aperto monetário sobre o volume de crédito. Uma avaliação empírica mostra que, no período recente, dois elementos importantes podem ter alterado a relevância do mercado de crédito como mecanismo de transmissão da política monetária.

O primeiro é a evolução dos volumes de empréstimos na economia brasileira nos últimos anos. É de se esperar que a importância do canal de crédito seja maior à medida que avance o processo de aprofundamento financeiro da economia. Ou seja, uma mesma variação na taxa Selic deveria resultar em uma contração maior do crédito conforme o mercado se desenvolva.

O segundo elemento importante são as operações de crédito direcionado em geral e as do BNDES, em particular. Como parte da política anticíclica engendrada pelo governo em resposta à crise financeira mundial, os empréstimos do BNDES alcançaram proporções significativas no período recente. Segundo o Banco Central, os saldos das operações de crédito do BNDES saltaram de 6,1% do PIB em meados de 2008 para 9% em dezembro de 2009.

As operações do BNDES têm dois impactos importantes sobre o mercado de crédito. Em primeiro lugar, atuam como operações substitutas às realizadas pelos bancos comerciais. O segundo possível impacto da atuação do BNDES está mais relacionado ao tema desse artigo e diz respeito ao enfraquecimento do canal de crédito na presença das operações de financiamento dessa instituição. Se ocorrer o deslocamento das operações de crédito do segmento livre para as linhas do BNDES, então a contração monetária deve ser mais forte para que se tenha o mesmo impacto sobre a economia pelo canal de crédito, pois ela estaria atuando sobre uma menor parcela de empréstimos com recursos livres. Isso ocorre pois as operações do BNDES não são feitas a taxas de mercado e, portanto, não são afetadas pela política monetária.

Assim, enquanto o aprofundamento do mercado de crédito no segmento livre observado nos últimos anos aumenta a importância daquele canal como mecanismo de transmissão da política monetária, a expansão das operações do BNDES atua no sentido oposto. Quando os dois elementos estão presentes, o efeito líquido é incerto. A questão torna-se empírica e é para esse propósito que procedemos a este estudo.

Para investigar a importância do aprofundamento financeiro da economia em conjunto com o aumento das operações do BNDES no canal de crédito, procuramos estimar uma equação de demanda por crédito na economia brasileira. O modelo captura os principais canais de interesse discutidos anteriormente. Em linhas gerais, é confirmada a expectativa de que um aperto monetário contrai a demanda por crédito livre e que as operações direcionadas amortecem o impacto do aperto sobre a demanda por crédito com recursos livres.

A partir daí, são feitos dois exercícios contrafactuais. O primeiro tem por objetivo simular o comportamento do mercado mediante variações apenas na taxa Selic. Neste caso, imaginamos que inexistam os direcionamentos de crédito e que o único impacto da política monetária se dá por meio dos juros. Simulamos o que ocorreria com os saldos de crédito livre se, em cada mês do período amostral, o Banco Central tivesse aumentado a taxa Selic em 1 ponto percentual. Os efeitos aumentam com o tempo, reproduzindo a intuição de que o aprofundamento do mercado de crédito torna mais importante esse canal na economia.

No segundo exercício, introduzimos o impacto do BNDES. Ou seja, o efeito da taxa de juros é agora mensurado levando em conta o estoque de crédito do banco de fomento. Aqui, calculamos quanto seriam os saldos no segmento livre se, em cada mês do período amostral, a taxa de juros fosse 1 ponto percentual acima do efetivamente observado.

A figura mostra a diferença nos saldos de crédito livre assim computado com os saldos efetivamente observados em cada mês. Considerando os efeitos das operações do BNDES, a contração monetária provoca um efeito menor sobre os saldos do crédito livre. Conclui-se, dessa forma, que a importância cada vez maior dos saldos direcionados no volume de crédito total da economia diminui a eficácia da política monetária sobre o mercado de crédito, visto que os empréstimos não são realizados em condições de mercado. Consequentemente, para que seja obtido o mesmo efeito sobre os saldos de crédito totais, é preciso que o aumento da Selic seja maior por parte do Banco Central.

Fonte: Valor

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Delfim e o Estado


De vem em quando Delfim Neto acerta. É o caso do artigo publicado hoje no Valor.



É grave ilusão acreditar que a crise produzida pelas arriscadas inovações do sistema financeiro, que atingiram o nível destrutivo que conhecemos, exige a volta a um "novo" e ampliado papel do Estado na aceleração do processo de desenvolvimento econômico. Por que exatamente o fracasso da mão visível dos Estados no controle do setor financeiro exigiria o retorno ao Estado-Produtor? Este tem falhado invariável e miseravelmente ao longo da história na construção de uma sociedade politicamente livre e economicamente eficiente.

Se há alguma coisa que aprendemos no estudo da economia política nos últimos 250 anos é que o desenvolvimento social e econômico com liberdade individual exige, isto sim, um Estado bem controlado constitucionalmente e suficientemente forte para impor a construção de instituições que controlem e regulem o setor privado. São elas que, ao estimularem adequadamente a liberdade de iniciativa, produzem a organização dos mercados, fundamental para a eficiência econômica. A fórmula do sucesso não é única, mas todas exigem um Estado-Indutor inteligente e amigável com relação a um robusto setor privado. É preciso reconhecer, entretanto, que: 1) existem bens públicos que o mercado não pode prover com eficiência; 2) o nível de atividade e do emprego tendem, naturalmente, a flutuar pelo comportamento psicológico dos agentes em resposta às suas expectativas sobre o futuro imperscrutável; 3) não há "lei natural" que leve ao máximo de bem estar da sociedade ou a uma aceitável distribuição de renda; e 4) a economia pode funcionar durante muito tempo abaixo do seu potencial produtivo. Tentar corrigir esses problemas é função do Estado, com uma política econômica bem desenhada que dê os incentivos corretos aos agentes.

Não se trata de problema ideológico envolvido em sinal de trânsito (direita ou esquerda), mas de um pragmatismo responsável que tenta aprender com a história. Em certas circunstâncias, como foi o caso do Brasil nos anos 1930/80, a falta de musculatura do setor privado exigiu uma ação direta de empresas estatais nos setores críticos da economia (energia, transporte, portos etc), inclusive com a criação de "poupança forçada" (empréstimos que foram devolvidos, como é o caso das debêntures da Eletrobras).

Por maiores e bem fundadas que tenham sido algumas das críticas às apressadas privatizações - de fato estimuladas pelas crises do balanço em conta corrente, como consequência de uma política cambial desastrosa - é inegável o extraordinário aumento da eficiência das empresas privatizadas e de sua subsequente contribuição para a aceleração do desenvolvimento social e econômico do Brasil.

É evidente, por outro lado, que a criação e expansão das empresas estatais é uma questão de poder. Cada uma delas precisa procurar mais espaço - tão naturalmente como qualquer manifestação da vida, não importa aonde esta surja. Todas têm a necessidade (ínsita no seu DNA) de crescer e multiplicar-se.

Isso não tem nada a ver com a competência dos administradores públicos. Muitas de nossas velhas estatais (a Telebrás, por exemplo) ganharam prêmios internacionais. Posteriormente elas forneceram mão de obra qualificada, competente e honesta para as empresas que as adquiriram. O problema com as empresas estatais é o mesmo com as do setor privado: ou crescem ou entram em estagnação. A diferença é que elas não morrem e não vão à falência. Ficam esquecidas nas dobras displicentes dos orçamentos "frouxos" que se repetem ano após ano. O Estado é um fenômeno geológico: os estratos nunca são substituídos. São apenas esquecidos e soterrados, mas continuam no orçamento.

A União deve ter hoje mais de cem empresas estatais. Se somarmos com as dos Estados e municípios, não teremos menos do que 400, muitas caminhando célere e seguramente para a tragédia, como é o caso de fundos de pensão municipais. É hora de estudar cuidadosamente a necessidade de cada uma delas e dar eficiência às que, em função do seu próprio objetivo, têm de continuar públicas e dispor das demais, privatizando-as ou extinguindo-as.

Se continuarmos a criar uma estatal para cada problema que o governo tem que resolver, em breve voltaremos à confusão de 1979, quando foi preciso fazer um "censo" para saber quantas estatais existiam e quantas outras cada uma delas havia independentemente parido...

Vou fazer uma confissão. O meu amigo e ministro da Aeronáutica, o ilustre brigadeiro Araripe Macedo, sugeriu ao presidente Médici criar a Infraero (Lei 5.862, de 12 de dezembro de 1972). Houve muita resistência interna (o governo pensava em um modesto programa de privatizações), mas argumento do hábil brigadeiro convenceu-nos a todos: com no máximo 600 funcionários ela resolveria os problemas que já enfrentávamos nos aeroportos. Pois bem, depois de 37 anos, ela tem hoje uma força de trabalho da ordem de 28 mil profissionais (empregados, concursados e terceirizados) e o problema dos aeroportos ficou para ser resolvido em 2014!

Proponho um contra-factual. O que teríamos hoje em matéria de eficiência e conforto no transporte aéreo, se em lugar de criar a Infraero tivéssemos privatizado os aeroportos em 1972?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Running in place on trade

Ótimo artigo do Jagdish Bhagwati, o melhor especialista (vivo) em economia internacional. Ah! voce pensou que era o Krugman!!!. Pois é, o comite do Nobel, também, ..., e cometeu uma grande injustiça..., já corriqueira no Nobel de Literatura. Mas como diria Borges, prémios existem para aqueles que deles precisam para sobreviver....



Meetings of G-20 leaders regularly affirm the importance of maintaining and strengthening openness in trade. June’s G-20 summit in Toronto, although not very effusive on trade, did not back away from it. Yet talk is cheap, and the open-mouth policy of (generally pro-trade) pronouncements has not been matched by action.

The paradox is that this has been good for holding the line on protectionism. After all, actions are also necessary to “roll back” open trade. So we have largely stood still, in trade jargon.

But lack of trade activism has also meant that we are not moving forward with trade liberalization. The long-standing Doha Round of multilateral trade negotiations seems to have been put on indefinite hold.

That governments did not break out into protectionism after the global financial crisis hit surprised many. In retrospect, it is easy to see why. Policy is driven by three “I’s”: ideas, institutions, and interests (i.e., lobbies). On all three dimensions, protectionist policy was hemmed in.

Progress in economic thought after 1929 initially led to the argument that, in a depression, tariffs are justified because they would divert insufficient aggregate world demand to one’s goods at the expense of others. But all could play this game, saddling the world economy with tariffs that would likely hurt all while failing to revive growth. The solution was obviously to forgo protectionism and increase aggregate demand instead. This lesson has been well learned.

Institutions have also helped. Following the passage of America’s Smoot-Hawley Tariff in 1930, countries raised trade barriers in a tit-for-tat frenzy, with no rules to constrain their behavior. The architects of the postwar global order therefore established the General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) in 1947, which embodied such rules – as does the World Trade Organization, which absorbed and expanded the GATT in 1995. Indeed, no country has defied WTO rules in the current crisis.

Of course, we might still have yielded to pressure for protectionist measures, especially as WTO rules leave open the possibility of such a response. Thus, for instance, bound tariffs (i.e., agreed ceilings) allow countries to raise actual tariffs, which are often lower, without restraint. What has prevented the eruption of WTO-compliant trade wars has been the changed structure of the world economy, which has created strong anti-protectionist interests.

Thus, when the United States Congress enacted “Buy America” provisions for public procurement, many US firms, such as Boeing, Caterpillar, and General Electric – all fearing retaliation in their foreign markets – lobbied successfully to moderate the legislation.

The Doha Round ought to profit from some of these fundamental forces that favor open trade and impede protectionism. Indeed, conventional wisdom holds that, during a depression, citizens become risk-averse and will not support liberalization. But, with many people now aware that their jobs depend on trade in a closely integrated world economy, polls in the US and elsewhere show continued majority support for free trade.

While the Doha negotiators have settled many important issues, the final negotiations first stalled last year, owing to America’s refusal to cut its agricultural subsidies further and India’s insistence on special safeguards to prevent exposing its millions of subsistence farmers to unfairly subsidized US competition.

Today, domestic politics in the US and India has left America as the only stumbling block to progress. The last election freed India’s Congress Party of its coalition with the Communists, who opposed trade, and thus increased the flexibility of pro-trade Prime Minister Manmohan Singh. But the last election in the US ushered in a Democratic congressional majority that is indebted to trade-fearing unions, thus constraining the pro-trade President Barack Obama.

Obama also faces falling support from business lobbies in manufacturing and services – sectors that are demanding more concessions from other nations. Were he to opt to close the Doha Round as it has been negotiated to date, he could become a general without any troops. His silence on Doha at the recent G-20 summit was deafening.

So, how do we move forward on trade? One solution, favored by some Washington think tanks, is to go along and ask for more. But that would mean several years of re-negotiation. The Doha Round would then be de facto dead.

The other option is to close the Round by resolving the US-India discord on agriculture. Mutual concessions can be crafted that ensure negligible political fallout for both leaders. This would also require marginal improvements in concessions by the major developing countries, and by the US and the European Union on services.

The problem is that lobbyists in Washington would reject this modest solution if the Doha Round were the end game. So, part of the solution would have to be declaration of another Round to negotiate new aspirations and demands. We could even call this the Obama Round. After all, Obama should have to live up to his Nobel Prize as a multilateralist!

Fonte: Project Syndicate

domingo, 1 de agosto de 2010