quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Boas noticias, finalmente...

A taxa de desemprego na zona do euro em outubro, 10.3%, não apresenta alteração significativa em relação a de setembro, 10.2%. Continua alta na Espanha, 22.8%, já na Italia, apesar de tudo, ficou em 8.5%. Na Alemanha o mercado de trabalho continua robusto, com queda no desemprego de 5.7% em setembro para 5.5% em outubro. Os números não surpreendem, já que a anemia do mercado de trabalho espanhol é bem conhecido e camuflado, no período anterior a crise, devido ao insustentável boom imobiliário.

O anuncio conjunto dos Banco Central dos Estados Unidos, Reino Unido, Canada, Japão, Suiça e Zona do Euro de cortar o custo das linhas de swap em dolar é muito bem vindo e fundamental para evitar a piora no "liquid crunch" que ronda o mercado. Ele já é um fato, dai a necessidade do anuncio para reverter as expectativas de aprofundamento do problema. Elimina-lo, de todo, não me parece ser possível, sem a solução do problema da zona do euro.

A decisão do Bacen chines de reduzir o compulsório deve ser a primeira de uma serie de iniciativas para reduzir o impacto negativo da economia mundial sobre a economia chinesa e de quebra ajuda a desanuviar um pouco o ambiente lúgubre das últimas semanas. Ainda se esta a beira do precipicio e la deverá manter-se, no melhor cenário, pelo menos ate o 9 de Dezembro. Tudo depende, como bem lembrou o criador do BRIC, da aceitação do velho desejo da elite política alemã de maior integração na área fiscal.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Esperando pelo 9 de Dezembro...

Ontem a Belgica pagou caro pela emissão dos seus títulos, o cenário não foi diferente com a Italia, mas pelo menos conseguiu colocar o volume esperado, 7.5 bilhões de euro, yield de 7.56% no de 10 anos e astronomicos 7.89% no de 3 anos, mantendo a curva invertida O sucesso deste leilão é importante em razão do volume que deverá emitir em janeiro de 2012, alem de sinalizar o que França e Espanha podem esperar no leilão da quinta-feira. A situação, obviamente, continua delicada, mas ainda sobre controle e com o avanço na formação do novo governo italiano, pode-se esperar novidades na reunião do dia 9 de dezembro.

Enquanto-se espera pela próximo encontro, a boataria é grande, que vai desde socorro, improvável, do FMI a Italia, publicado no suspeito La Stampa, ate acordo entre alguns países da zona do euro para enquadrar os problemativos. O primeiro é um velho desejo, mas que exigiria a participação dos Brics, que ate onde se sabe não tem interesse em participar de pacote de socorros aos ricos do velho continente. Já o acordo , informal, é bem provável, já que permitiria implementar no curto prazo, o que pela via legal - alterações no Tratado - so seria possível no médio prazo. Alem do mais ele é o único caminho para derrubar a objeção alemã ao BCE atuando como emprestador de última instância. O fato é que alguma medida concreta tem que sair da reunião do dia 9 ..

Enquanto isto, no grande bananão, em reunião de pesos pesados do desenvolvimentismo, o discurso de sempre,..., não conseguiram debelar a inflação, mas insistem em defender medidas do velho manual com forte impacto sobre os salários. Apenas 6%, argumentam, pouco sem dúvida, para o andar de cima, muito para o de baixo, alem do mais quem garante que será apenas este valor? Qual a credibilidade de uma linha de pensamento econômico que não se mostrou competente para derrubar o dragão da inflação? O melhor caminho ainda é reclamar menos e fazer mais, ou como disse um professor meu em Oxford: latinos americanos reclamam demais, e sempre transferem para o outro, a responsabilidade pelos seus próprios erros. Agora é a China, quem será no futuro? Africa do Sul? Give me a break...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Aperte o cinto, emoções a vista...

Mais uma semana que promete ser complicada, com leilões de 17bilhões de euros de titulos da Belgica, Italia, França e Espanha que será um ótimo teste para os humores do mercado. No front bancário, os bancos ainda não conseguiram colocar titulos no valor equivalente aos que vencem este ano: $413 bilhões contra $654 bilhões esta diferença é mais areia no caminhão da contração do crédito, pessimo sinal para uma economia que caminha a passos largos para a recessão, enquanto o BCE assiste a tudo impassível a espera de acordo que permita definitivamente enquadrar os países que insistem em ignorar as regras básicas da boa gestão na área fiscal.É muito sangue frio e como mencionado em outro post, um jogo muito arriscado.

Enquanto isto no Imperio, a Black Friday foi um sucesso, mas não o suficiente para alterar o clima na área de varejo. Poderia ser pior,..., por falar nisto a Fitch começou a dança que poderá levar a perda dos 3A. O impacto na área econômica não é nada desprezivel e poderia levar a outra agência a seguir pelo mesmo caminho. O impacto sobre a candidatura Obama seria grande..

domingo, 27 de novembro de 2011

sábado, 26 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cade o Monti?

A eleição do Monti deveria ter alterado o cenário na Italia, mas, infelizmene, isto ainda não ocorreu devido ao simples fato que ainda não há um novo governo e, portanto, plano detalhado, apenas generalidades. A reação do mercado não poderia ser outra: inversão da curva dos yields que nunca é um bom sinal, apesar de não, necessariamente, levar ao fim trágico. Contudo, no atual cenário da zona do euro é um evento preocupante e claro sinal que a paciência do mercado com a Italia já está proximo do limite. Um outro desenvolvimento que somente aumenta a preocupação é o rebaixamento de alguns bancos italianos de médio porte pela Fitch e o da divida soberana da Belgica pela S&P. Já o yield da Alemanha voltou, como esperado, a ser menor que o britanico.

Enquanto isto, continuam as conversas de bastidores sobre a reforma da zona do euro visando maior coordenação na área fiscal que, como sabemos, não é para o curto prazo, já que requer um longo processo de negociação. Especula-se que ela seria a moeda de barganha da Merkel na negociação sobre o eurobond, sem o primeiro ela não aceitaria o segundo. O silêncio do Sarkozy também seria parte do acordo e permitiria ao BCE tomar a decisão que todos esperam, sem ser acusado de estar cedendo a pressões dos políticos. O que implica afirmar que o BCE não vai assumir a função de emprestador de última instância na prorrogação, apenas na hora de bater os penaltis para definir o resultado da partida. Jogo arriscado e que ainda não foi combinado com o mercado. Resta saber se ele vai esperar.

Neste cenário de alta ansiedade, para virar o jogo em favor da Italia, Monti tem que conseguir a aprovação de medidas de impacto, antes, naturalmente, tem que formar um governo e formula-las... sem isto a Italia vai continuar perdendo de goleada ..

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mais um dia de grandes emoções...

Como mencionado em outro post emoções fortes deve ser a regra nas próximas semanas na zona do euro. Depois do "insucesso" na venda dos titulos de dez anos, mais uma humilhação para a Alemanha, o retorno deste titulo, hoje, esta abaixo do equivalente britanico: 2.30% contra 2.20%., mas, felizmente, a taxa de juros dos de 6 meses é negativa, ou seja os investidores estão pagando para emprestar para os alemães. Isto não é um pequeno detalhe e indica que ao contrário da avaliação de alguns analistas apressados a Alemanha continua sendo um porto seguro. Alias, o evento de ontem, não foi o primeiro, mas o nono neste ano em que a meta de colocação dos titulos de 10 anos não foi alcançada. É verdade que ontem a performance foi pior, mas não foge muito da tendência ao longo do ano. Em outras palavras, o cenário ainda não é de contágio e crise sistêmica e somente surpreende quem não conhece o longo e complicado processo que levou a criação da moeda única.

Portugal conhece a maior greve geral dos últimos 30 anos e recebe como prêmio o rebaixamento do seu titulo que, obviamente, não é nenhuma surpresa, haja vista, as previsões pra lá de negativas sobre sua economia nos próximos anos. Enquanto isto, em mais um encontro de lideres, desta vez Merkel, Sarkozy e Monti, sugere-se alterações no Tratado, sem mencionar quais, mas é bem conhecido o desejo alemão de incluir a punição aos países que não respeitam as regras da área fiscal , assim como sua discordância em relação a posição francesa de permitir ao BCE cumprir a função de emprestador de última instância. Logo é mais papo para boi dormir que em nada ajuda a reduzir as incertezas na zona do euro.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Pimenta nos olhos dos outros não arde

Pimenta nos olhos dos outros não arde, diz o ditado, pois é..., a decepcionante venda de titulos de 10 anos da poderosa Alemanha poderá, quem sabe, levar a Merkel a repensar sua estrátegia de contemplar o precipicio. Não me parece que o evento possa ser definido como "auction failure" ou sinal de contágio e inicio de crise sistêmica, é necessário esperar a nova colocação de titulos, já que o movimento alemão pode ser plenamente justificado como tática necessária em um mercado que é um verdadeiro tiroteiro na zona do euro. Mas é, no entanto, uma experiencia nova com impacto sobre a arrogância germânica e isto não deixa de ser bem vindo.

No grande bananão, como esperado, a inflação continua em queda, o que deixa feliz o Bacen e aqueles que compraram sua análise do cenário internacional. Em relação a última, ainda acho que o ele exagerou nas tintas: a crise não atingiu e dificilmente atingirá o cenário catastrofico por ele pintado e por isto mesmo a preocupação com a inflação em 2012 ainda é plenamente justificada. Mantenho minha leitura: a aposta da atual administração é crescimento mesmo que o preço seja desrespeitar a meta... É uma aposta arriscada, mas em ano eleitoral tentadora demais para ser descartada...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Imperio de duas cabeças...

O esperado aconteceu: a comissão bipartidaria criada para resolver o impasse do corte de gastos americanos, não conseguiu superar o impasse que levou a sua criação, demonstrando a disfuncionalidade do sistema político americano. 2012 é ano de eleições e portanto não se espera grande avanços ou a manutenção das políticas em curso para ajudar na recuperação da economia americana. Sem acordo, os cortes a partir de 2013 tornam-se obrigatórios e a probabilidades de uma nova recessão, por ora descartada, deverá voltar com força. Na opinião deste blogger o sistema político americano tem se demonstrado ser menos racional que o da zona da euro, fato este, esquecido, por alguns analistas...

Na zona do euro, nenhuma grande novidade, já que os sinais de crise sistemática ainda são incipientes, não constituindo, nenhuma surpresa, também, o numero menor de interessados em titulos de alguns dos países. Longe, no entanto, de crise de iliquidez ou de insolvência, inclusive na Espanha e Italia. A idéia de crise de insolvência no terceiro maior mercado de titulos do mundo, o italiano, não pode, naturalmente, ser descartada,mas é improvável, haja vista, as consequencia de tal evento para a economia mundial. Merkel continua contemplando o precipicio e ate pensando em nele se jogar com um paraquedas, mas o suicidio esta, por enquanto, descartado, afinal ninguem gostaria de voltar a temas antigos e cruzar o Reno.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Bresser Pereira e a crise do euro...


Interessante artigo do Bresser Pereira sobre a crise da zona do euro.



O euro ainda pode ser salvo? Esta pergunta faz sentido porque há muitos analistas apressando-se a anunciar que o euro falhou e está condenado a desaparecer. Hoje está claro que o euro foi uma ideia arriscada, que afinal apresentou mais problemas do que soluções, mas é cedo para dizer que fracassou. Toda a questão nestes tempos anormais em que afligem a zona do euro está em saber se os europeus continuarão a ter uma "moeda estrangeira" como é hoje o euro ou a transformarão em uma moeda nacional europeia.

O erro fundamental do euro é o de ser uma moeda estrangeira -uma moeda que os países da zona do euro não têm o poder soberano de emitir. Ao adotar o euro, os países renunciaram à sua soberania, porque um requisito fundamental dela sempre foi a capacidade do Estado-nação de emitir dinheiro quando não tem alternativa para pagar suas dívidas. O exercício desse poder implica risco de inflação mas, no caso do euro, esse risco é pequeno. Certamente menor do que o custo que estão incorrendo os países europeus com esta crise.

Na última semana, em uma conferência internacional, o título de minha apresentação foi "No foreign finance, please", porque sei que nada foi pior para um país do que se endividar em moeda estrangeira. Em vez de promover o investimento e o desenvolvimento, o endividamento promove a apreciação cambial, o aumento do consumo, a fragilidade financeira e a crise do balanço de pagamentos. Os países em desenvolvimento se endividaram em moeda estrangeira por populismo cambial e porque equivocadamente acreditavam que deveriam "crescer com poupança externa". Já os países europeus se endividaram voluntariamente em moeda estrangeira -em moeda que o país não tem a soberania de emitir. Um perfeito contrassenso apoiado na suposta autorregulação dos mercados.

Mas os europeus ainda podem tornar o euro uma moeda nacional europeia. Para isto, é necessário que o Banco Central Europeu (BCE) faça o que estão fazendo os bancos centrais dos Estados Unidos e do Reino Unido e emita dinheiro para comprar os título dos países-membros. No caso da zona euro, compre até que sua taxa de juros atinja um nível normal -momento em que a crise estará terminada.

Isso implicará, como contrapartida, uma substancial diminuição da autonomia do país de incorrer em deficit fiscais, e em um severo monitoramento do endividamento privado que se reflete em conta corrente negativa dos países devedores dentro da zona.

Os alemães se opõem a esta monetização da dívida; têm medo de estimular a irresponsabilidade fiscal. Mas economistas alemães aprovaram a proposta que o BCE compre a dívida dos países até 60% do PIB, porque sabem qual o custo para seu país do colapso do euro: quase dois terços das exportações da Alemanha são realizadas para a zona do euro. Por enquanto, o Norte da Europa aproveitou o euro para exportar e investir, enquanto que o Sul, para importar e consumir. Ou essa síndrome perversa é corrigida pelo colapso do euro e a depreciação da moeda dos países devedores, ou é resolvida tornando o euro uma verdadeira moeda nacional europeia do Estado-multinação europeu em formação.

Fonte: FSP

domingo, 20 de novembro de 2011

sábado, 19 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Mais uma semana para recordar...

A semana termina como começou, com os yields da Italia(6.67%) e Espanha(6.76%) bem acima do nível sustentável e raspando, em alguns momentos, o nivel psicológico, 7%. So para ilustrar porque está bem acima do aceitável, recordo que o da Alemanha é 1.99%. Aparentemente o número de compradores de titulos da periferia europeia continua sendo ridicularmente pequeno, exceto pelo ECB. Durante a semana países do chamado norte europeu também foram surpreendidos com aumentos em seus yields, o que poderá leva-los a repensar o apoio cego ao governo alemão e sua tática de ceder somente quando resvalando no precipicio.

Draghi, o novo manda chuva do ECB, para não incomodar Merkel e demonstrar que, apesar de italiano, não tem a Italia no coração, continua firme em sua oposição a tranformação do ECB em emprestador de última instância, para não colocar em risco a reputação que herdou do BC alemão. Curioso, muito curioso, já que não me parece que ele a tenha perdido quando perdeu a quebra de braço com o primeiro ministro alemão no processo de unificação da Alemanha. Para aqueles sem memória, havia divergência em relação a taxa de câmbio a ser usada na conversão da moeda da alemanha oriental e somente restou a quem o presidia pedir as contas já que, afinal, em uma democracia a última palavra é sempre a do representante eleito, ou seja a do primeiro ministro.

Tolice achar que o mercado tudo pode, diante do poder do Estado. O problema é que nem sempre ele é usado corretamente, porem quando o é, nunca demonstrou ser tão frágil quando se imagina à esquerda do espectro político.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Alemanha e a zona do euro

Mais um ótimo artigo do Wolf sobre a zona do euro e a responsabilidade da Alemanha sobre o desenrolara da crise....



Diante das notícias de turbulências nas províncias, a região do euro decidiu enviar novos governadores. No lugar do impertinente George Papandreou, a Grécia agora tem Lucas Papademos, ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE). Em vez do incontrolável Silvio Berlusconi, a Itália agora tem Mario Monti, ex-chefe de políticas de concorrência da Comissão Europeia. A Europa está empossando esses novos governadores em países-membros que descenderam ao status de clientes. Será que isso vai funcionar? Não sem uma dose gigantesca de apoio proveniente centro.

O que está em jogo hoje não é apenas a estabilidade da economia europeia - talvez mundial -, mas a sobrevivência dos mais importantes esforços para unir a Europa desde a queda do Império Romano do Ocidente há 1.535 anos. Como destaca Walter Scheidel, da Stanford University, em um ensaio fascinante: "Há dois mil anos, talvez metade de todas as espécies estivesse sob o controle de apenas duas potências, os impérios romano e Han"*. Ambos desmoronaram. O império chinês, no entanto, foi restabelecido e ampliado repetidamente, enquanto o império romano foi dividido irreparavelmente. O sonho de reunificação, entretanto, nunca morreu. Esteve visível nas invocações de papas e "sacros imperadores romanos". Continuou na figura das águias de Napoleão. Hoje, é a inspiração entalhada na União Europeia.

A mudança do centro de gravidade econômica para o norte também é antiga. Então, quando Angela Merkel, da Alemanha, primeira-ministra do Estado mais poderoso da Europa, convoca a "Europa a desenvolver uma 'união política' para sustentar o euro e ajudar o continente a emergir de seu 'momento mais difícil desde a Segunda Guerra Mundial'", eu a levo muito a sério. Também tenho poucas dúvidas de que a maioria das empresas e da elite política alemã acredita que a sobrevivência do euro e de uma Europa unida interessa ao país. A questão é se estão preparados para pagar o preço.

Nos séculos após a queda de Roma, a Europa tornou-se uma Babel. Unir tal diversidade é uma tarefa assombrosa. As políticas são locais, não europeias, assim como os políticos. Isso poderia não importar muito se as decisões tomadas na esfera europeia fossem de pouca importância. As políticas fiscais e monetárias ou a regulamentação do mercado de trabalho, no entanto, fazem parte da essência das políticas democráticas. Quanto maior a divergência dentro da região do euro, maiores as pressões. Infelizmente, as divergências na competitividade, antes da crise, e no preço do crédito, depois dela, mostraram-se extremas.

Minha interpretação das ações de Merkel é que a estratégia consiste em ceder "só o suficiente, só no último momento". Dessa forma, ela pode ter esperança de que a população alemã mudará de opinião e concordará em mais ações. Dessa forma, ela também pode ter esperança de que os países periféricos da região do euro entrem na linha. Ela não permitirá que a situação fique ruim a ponto de a região do euro desmoronar; mas ela não dará tanto dinheiro para que os infratores afrouxem seus esforços.

Só o suficiente, só no último momento, vem sendo muito pouco e muito tarde. O que era uma crise em pequenos países periféricos tornou-se um grande incêndio. Os prêmios exigidos nos créditos soberanos chegaram à estratosfera. Pior ainda, esses prêmios soberanos agora incluem certo risco de desmembramento.

Monti e Papademos são, quase certamente, a última esperança de ajustes e reformas bem-sucedidas para seus países. Enquanto um fracasso na Grécia seria um transtorno, na Itália seria devastador. Se a Itália se visse obrigada a deixar de honrar seus compromissos, poderia muito bem eleger um governo populista determinado a sair da região do euro. Se o fizesse, poucos estariam a salvo, incluindo a França.

O que Monti precisa fazer é enormemente difícil. Como argumenta Gavyn Davies, a Itália pode precisar apertar sua política fiscal em mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para reverter os prêmios cada vez maiores e começar a reduzir sua dívida pública bruta, em elevados 120% do PIB. Tendo em vista os inevitáveis efeitos adversos na produção, a tentativa de aperto teria de ser ainda maior. Ainda assim, é improvável que os investidores voltem a confiar nas dívidas italianas se sua economia não se recuperar. A austeridade não é suficiente.

A inquietação social e política desencadeada pelas reformas estruturais contempladas, especialmente as que afetam o mercado de trabalho, também sacudirá a confiança. Dada a fragilidade da demanda doméstica prevista sob tal programa de austeridade fiscal, a Itália precisará crescer puxada pelas exportações. Levará muito tempo, porém, para que reconquiste a competitividade perdida na década de 2000. Por si só, isso gerará uma mescla de cortes de empregos e queda nos salários nominais - uma receita para desemprego, agitação e inquietação dos credores.

As chances de que isso funcione e ocorra suavemente não são muito altas. O período de recuperação levará anos. Com Berlusconi certamente preparado para condenar o governo de Monti como mera ferramenta dos interesses estrangeiros, os obstáculos políticos também serão intimidantes. Berlusconi poderá usar sua mídia para tornar os ataques mais ruidosos.

Monti precisará de muita sorte. Também precisará, em grandes doses, de três tipos de ajuda: primeiro, financiamento para cobrir o volume de dívida soberana que não conseguir ser rolado nos mercados, ao considerável custo de quase € 1 trilhão; segundo, mercados externos dinâmicos e lucrativos; e, por fim, um fortalecimento convincente das bases políticas da união, suficiente para tornar o desmembramento algo inconcebível. Tudo isso dependerá de decisões arrojadas da Alemanha. Também dependerá do BCE. Se o banco central permitir que o baixo crescimento, para não dizer uma plena recessão, se apodere da região do euro, as chances para os países periféricos grandes serão sombrias. A Itália não é a pequena Irlanda. Isso deveria ser óbvio para todos.

A região do euro ficou se enganando até a própria Roma começar a queimar. Com o novo governo, tem em mãos o que pode se revelar a última chance para apagar o fogo. Sim, é concebível que a Itália possa continuar na região do euro mesmo se ficar inadimplente. Mas isso não é provável. Seja como for, uma inadimplência na Itália afetaria mercados de bônus por todo o continente e bancos por todo o mundo. Já passou do momento em que se podia pensar em apenas fazer "muito pouco, muito tarde". O que se precisa, em vez disso, é que se faça "muito, neste exato momento". O poder traz responsabilidade. A Alemanha sozinha tem o poder. Cabe ao país exercer essa responsabilidade. (Tradução de Sabino Ahumada)

* "From the 'Great Convergence' to the 'First Great Divergence'", de Walter Scheidel, no livro "Rome and China", da Oxford University Press, 2009 (algo como, da 'grande convergência' à 'primeira grande divergência', parte do livro Roma e China.

Martin Wolf é editor e principal comentarista econômico do FT

Fonte: Valor

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O dia promete....

Como mencionado ontem, mais um dia de grandes emoções e promessa de mais ao longo da semana. O yield to titulo de 10 anos da Espanha subiu para 6.32% o spread em relação ao alemão chegou a 400 pontos. Ampliou também o spread do frances( 188 pontos), valor mais alto deste 1999 e do Belga( 300 pontos) em relação ao alemãos. O retorno do Italiano continua alto 6,92%.

A explicação é a dificuldade de formação de governo na italia e os números sobre o estado da economia da zona do euro, em particular dos países da sua periferia que indicam baixo crescimento o que obviamente é uma pessima noticia para a sustentabilidade da relação divida pib.

O mercado continua apostanto pra saber ate onde vai a resistência do governo alemão a uma ação mais energica do ECB. É praticamente consenso à esquerda e à direita que ele deve assumir a função de emprestador de última instância. Exceto, obviamente para o governo alemão...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Lembrai - vos do Adenauer....

Quem esperava um milagre, deve estar desapontando: o primeiro dia do Monti, não foi nada auspicioso com o yield do titulo de 10 anos em 6.76%, 27 pontos acima do valor de sexta-feira. Há no mercado vários vendedores e, aparentemente, um único comprador o ECB. Os bancos da zona do euro - e não somente eles - estão colocando em ordem o portfolio e isto implica em se livrar dos títulos italianos. É um problema gravissimo, sem dúvida, mas felizmente a média de vencimentos é de 7 anos, o que permite um certo respiro ao Monti, mas com momentos de fortes emoções para todos, ainda mais com o desejo do bufão de fazer parte do governo ou de presidi-lo no futuro. Em se tratando da Italia, um belo país, com uma incompetente elite política à esquerda e à direita tudo é possível.

Confesso que esperava um resultado melhor, afinal credibilidade ele tem, porém, me parece que o problema continua sendo a chantagem alemã que impede o ECB de cumprir a função de emprestador de ultima instância. Entendo o dilema alemão: ceder é abrir mão do melhor incentivo a disposição para obrigar alguns países a colocar a casa em ordem, alem de funcionar como exemplo da necessidade de avançar ou então retroceder no projeto de unificação da Europa. É um jogo arriscado e não será a primeira vez que um lider alemão erra a mão com consequencias desagradaveis para todos. Neste momento nos resta pensar no exemplo do Adenauer, grande líder político, católico , e arquiteto do milagre do pós guerra.

domingo, 13 de novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Monti

Depois de vários dias turbulentos, a sexta feira parece mais calma, com a queda dos yields do titulo italiano de 10 anos, 6.6%, ainda muito alto e insustentável, porem se comparado ao valor que chegou no inicio da semana, 7.5% é um grande alivio. O equivalente francês que havia ampliado o spread em relação ao alemão, também, recuou para 3.4, já o germanico oferece retorno de 1.79%. O valor pago pelo francês era o mesmo retorno oferecido pelo italiano, antes da crise da Grecia, o que da uma boa idéia da gravidade da situação italiana.

Quanto estudei na Bocconi, Monti tinha reputação de professor brilhante e rigoroso e se colocava no campo teorico keynesiano mais conservador. Foi importante e respeitado membro da burocracia de Bruxelas e tem credibilidade para implementar as reformas que a Italia vem empurrando com a barriga e que explica a terrivel situação da sua economia. Resta saber se ele conseguira arregimentar o apoio político necessário. Em todo caso esta me parece uma ótima oportunidade para a Italia, finalmente, colocar sua economia no caminho do crescimento econômico. Ainda há tempo para evitar o desastre e mergulho no precipicio ..

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Only the ECB can save Italy now, but it can’t act alone

Ótima analise do cenário atual da zona do euro.


Here we go again. Europe’s debt crisis has entered a new, more dangerous phase with the yield on Italian 10-year bonds crossing the seven per cent level on Wednesday morning. This is a eurozone-era record that, if sustained, would severely destabilise the debt situation of the world’s third largest bond issuer and one of the original six founders of the modern European project.
Those who lived through the horrid days of the various emerging market debt crises will quickly recognise the four distinct factors that have come together in the last few days to form a highly destabilising cocktail. And they may well agree on what needs to be done to stop a bad situation getting worse.
Messy domestic politics have undermined the already-complicated relations between those with the potential to solve Europe’s debt crisis – the highly-indebted countries, their official creditors and private holders of their debt.
As in Greece, Italy is now going through an uncertain political transition. While the media has understandably focused on when and how Prime Minister Silvio Berlusconi will resign, what Italy urgently needs is much more complex – namely, a new government that can credibly design, implement and shepherd multiyear efforts to lower debt and deficits, while also increasing economic growth.
Secondly, it has become fashionable not only to sell Italian bonds but also to tell the world about it, as loudly as you can.
In the last few days several banks have rushed to announce that they have been actively reducing their holdings of Italian debt – as a means of reducing market concerns about their own well-being. This phenomenon is similar to the 1980s phase of “macho provisioning” that saw banks trying to outdo each other in telling the world that they were fully protected against their past loans to Latin America. The result today is to encourage and push other Italian creditors to also sell, adding to the market pressures. In too many cases, the damage to the demand for Italian bonds is much more than transitory.
Third, a series of technical changes are disrupting the Italian bond market, adding to its instability. They range from Tuesday night’s increase in margin requirements imposed by a major clearing house, to the decrease in availability of hedging instruments in the derivative markets.
Finally, the European Central Bank has appeared more hesitant in recent days to purchase Italian bonds. Whether it is an issue of willingness or ability, the result has been to add to the mounting market instabilities.
Left to their own devices, several of these factors could get even more disruptive. Italy is now in the grips of what economists call a ‘path-dependent multiple equilibria’ – where one bad outcome raises the probability of another, even worse outcome.
There is only one institution that has an immediately-available balance sheet that could stabilise the situation in the next few days and weeks – the ECB. But before we all join the chorus urging the bank to do more, we should recognise that it, alone, cannot deliver good outcomes.
To act as a durable circuit breaker, the ECB needs others to help on four critical issues: a bold and lasting separation in how we deal with Europe’s insolvent nations and its illiquid ones; a regional programme to enhance growth and employment; immediate actions to counter the fragility of the banking system; and bold political decisions to strengthen the institutional underpinning of the eurozone, either as it is configured today or via a smaller and less imperfect one.
The European summit on October 23 came close to partially addressing some of these factors but slow progress and disruptive national political developments limited its impact. As a result, Europe’s crisis has entered a new and even more worrisome phase.
With neither the region nor the global economy in a position to afford many more slippages, let us hope that this latest development will serve as a loud, urgent and effective call for proper diagnosis and comprehensive action.

Mohmed El-Erian is the chief executive and co-chief investment officer of Pimco

Fonte: FT

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Contemplando o precipicio

A LCH.Clearnet, a "clearing house" britanica decidiu cobrar pagamento de margem adicional pelo uso de títulos italiano como garantia para empréstimos. O resultado esperado, já está ocorrendo: yields de títulos de 10 anos a 7.42% e dos de 5 anos a 7.63%, bem acima do teto de sustentabilidade, 6.5%, e da barreira psicológica de 7%. Com números semelhantes outros países, Irlanda, por ex, recorreram ao bail out, resta saber se será diferente com a Italia. É sempre bom lembrar que os fundamentos macros, excluído a divida em relação ao pib, não são ruins, mas o comportamento do mercado, não raro, é guiado pelo comportamento de manada e ai pouco pode ser feito.

A situação é critica, alias, pra lá de critica, porem ainda não esta fora do controle e não está claro se o BCE esta fazendo "corpo mole" na sua política de compra de títulos, para pressionar o Berlusconi. É um jogo arriscado, mas pode ser a explicação para estes números assustadores. É preciso esperar a evolução ao longo do dia para verificar ate que ponto isto é verdade. Se não for, será difícil a Italia escapar do bail out. Não estou afirmando ser impossível, já que nestes tempos sombrios o impossível tem se tornado possível com uma frequência inédita.

O agravamento da situação na Italia, que poderá leva-la ao bail out, é culpa dos próprios italianos, que afinal elegeram o bufão, mas é também, resultado da estupidez alemã em negar ao BCE o papel de emprestador de ultima instância. Não há "moral hazard" que justifique este lamentável comportamento..

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Não parece ser um país serio...

Ele disse que vai renunciar, mas só acredito depois que realmente deixar o cargo. Inacreditável, com o titulo de 10 anos pagando yield de 6.77% , 477 pontos acima do cobrado pelo alemão, ele ainda insiste em fazer exigências para deixar o cargo. O valor exigido pelo título é bem acima do nível sustentavel, 6.5 e se mantido levaria ao impensável, no momento, que seria a quebra da Italia. Sinceramente, dados os bons fundamentos de sua economia, não acho que isto vá acontecer, porém, tudo depende da evolução da conjuntura política italiana, principalmente da pressão da zona do euro sobre o Presidente da Republica, que dado a situação de grave crise, já deveria ter convocado um governo de tecnocratas ou de união nacional. Curiosamente, esta era a tese do famoso compromisso histórico dos comunistas, partido, no passado, do Presidente italiano.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O bufão insiste

A solução da crise política na Grecia, não resolver, obviamente, a crise econômica, mas permite, no entanto, um ganho político necessário à implementação do plano de austeridade e , principalmente, a revisão de aspectos que ao impedir o crescimento de sua econômica recolocará, no futuro próximo, o mesmo problema de hoje. É um fato que os genios da zona euro insistem em não ver.

Enquanto isto na Italia, o bufão insiste em manter-se no cargo, com graves consequencias para economia italiana, como verificou-se ao longo do dia. Ao que parece ele deseja ser o novo Nero da economia italiana. Tempos estranhos e sombrios em que o bem comum é colocado do lado justamente onde menos se esperava.

domingo, 6 de novembro de 2011

sábado, 5 de novembro de 2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A semana que nunca termina...

No mundo das relações econômicas internacionais o processo de tomada de decisões é lento, muito lento, e a reunião do G20 em Cannes não fugiu a este conhecido roteiro. Como esperado não há nenhum cavaleiro branco disposto a socorrer a zona do euro, apenas cobranças e promessas de ajuda, caso consigam chegar a um acordo entre os seus membros. É o caso, por ex, de apoio a participação ativa do FMI, sem detalhar como isto será possível sem novo aporte de capital. A grande novidade é a decisão da Italia de abrir seus livros para o FMI, esperando com isto reverter a percepção negativa do mercado e conseguir colocar titulos a juros menores. É uma tarefa dificil, já que o problema é essencialmente político: uma coalização frágil e incapaz de colocar em pratica as reformas necessárias e urgentes para a retomada do crescimento da economia italiana. Na área fiscal o único problema da Italia é sua divida pública, mas o deficit fiscal, assim como o resutado primário estão entre os melhores da zona do euro. Divida alta por lá não é novidade, mas torna-se problematica com um crescimento econômico pra lá de anêmico.

No Império a criação de postos de trabalho em outubro e principalmente os dados revisados de agosto e setembro, suavizam um pouco o cenário do mercado de trabalho, sem contudo altera-lo significativamente: são numeros ainda muito baixos e mantem a taxa de desemprego em 9% e confirmam que a recuperação - se é que esta é a palavra adequada - é lenta, muita lenta....

A semana ainda não terminou, já que o resultado do voto de confiança no parlamento grego somente será conhecido por volta da meia noite, no horário grego.

Update: o primeiro ministro grego sobreviveu ao voto de confiança. Berlusconi recusou uma oferta de empréstimo do FMI. Segundo o FT o empréstimo seria de 50bn de euros. Com a oferta do empréstimo e supervisão do FMI e dos enviados da zona do euro, a Itália esta recebendo tratamento semelhante ao dos quebrados, sem estar quebrada.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Mais um dia emocionante...

A Grecia é o grande drama, mas o problema é a Italia. O yield do titulo de 10 anos, 6.4 e 427 acima do alemão, se aproxima perigosamente dos limites aceitos pelo mercado: 6.5 e 450 pontos acima do alemão. A Italia, ao contrário da Grecia, é grande demais para ser salva e ai entrar-se-ia em um territorio novo em que nada pode ser descartado. Sinceramente, não acho que o impensável vá ocorrer, mas tudo depende da liderança política italiana, que, sabidamente, não é grande coisa.

A jogada era(é) arriscada, mas parece que o primeiro ministro grego conseguiu alcançar o objetivo traçado: colocar contra a parede a oposição e leva-la aceitar o plano de austeridade e participação em alguma forma de governo de unidade nacional que, provavelmente, não será por ele liderado. Não me parece ser uma vitoria de pirro ou tão pouco um trabalho de sisifo.

A ficha finalmente caiu e o Bacen da zona do euro reduziu o juro. Já não era sem tempo, com a recessão na esquina, o corte era inevitável e sinaliza que o italiano a frente do BCE sabe o que faz. Resta saber se conseguira convencer o governo alemão a aceitar que ele cumpra o mesmo papel do seu equivalente americano. Este é um ponto critico para solução da crise da zona do euro e retomada do crescimento econômico. Pode parecer estranho mencionar a última, quando a primeira ainda não foi solucionada, mas o fato é que sem crescimento econômico o máximo que se pode fazer é jogar o problema para o futuro próximo, muito próximo. Dificil crescer, com todos os países seguindo a mesma política de austeridade. Vários não tem alternativa, mas alguns tem e deveriam seguir em outra direção, mas como cordeirinhos caminham juntos para o precipicio. Quem disse que a história nunca se repete?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A hora é agora...

A reação da dupla dinamica da zona do euro à decisão grega de submeter o último pacote de socorro a um referendum é totalmente histérica, beirando a comportamento tipico de velhos impérios do passado. Será que a Alemanha realmente acredita ser a zona do euro a reencarnação do Sacro Império Romanico Germanico? Não me parece ter sido esta a idéia dos pais fundadores do projeto de unificação européia, principalmente aqueles inspirados pela doutrina social católica. E sabemos que não eram poucos, alem de influentes. É sempre bom recordar o obvio: é um projeto essencialmente político e por isto mesmo encontra serios problemas na arena econômica. Alguns esperados, outros tem tanto e seguramente ninguem contava com uma crise da dimensão de 2008. O fato é que este é o primeiro grande teste do projeto de unificação monetária e acredito que há vida depois dele, porem, mudanças devem ser implementadas, principalmente no que diz respeito ao papel do Bacen, convergência fiscal e governança. O déficit democrático também não poderá ser ignorado por muito tempo....

No curto prazo é necessário mudar o papel do Bacen que deve assumir a mesma posição do FED, ou seja ser o emprestador de ultima instância. Recorrer ao capital dos emergentes não é uma má idéia e me parece ser do interesse deles, Brasil inclusive, em participar de uma solução rapida para a crise da zona do euro, porém a contrapartida, alem da discussão do poder no FMI deve ser a mudança de política do Bacen. É hora da Alemanha, descer do muro e aceitar os fatos da vida.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Semana movimentada...

A semana começou bem movimentada com a forte participação do governo do Japão no mercado de câmbio para tentar reverter ou pelo menos evitar maior valorização de sua moeda. É uma batalha de resultado incerto, exceto quando há forte determinação como no caso da Suiça. É, no entanto, mais um lance na perigosa guerra cambial, que é surpreendente por ocorrer na semana da reunião do G20. Não é um bom sinal.

Da Grecia mais novidades. O governo vai submeter a um referendo a última proposta de socorro negociado com os parceiros da zona do euro. É uma aposta arriscada, mas não me parece, necessariamente, negativa, haja vista, o déficit democrático das instituições relevantes da zona do euro. Ao faze-lo, o primeiro-ministro grego coloca contra a parede a oposição que tem apresentado comportamento irresponsável diante da grave situação do país e, se vitorioso, terá condições de enfrentar a forte oposição dos movimentos sociais e negociar algum "refresco"com os manda-chuva de Bruxelas.

Na Italia, preocupa - e muito - o retorno exigido pelos seus titulos que se aproxima perigosamente do teto que o obrigaria o governo italiano a passar o pires em Bruxelas. Berlusconi é o grande culpado, porem não é o unico: a incapacidade da elite política italiana à esquerda e à direita em apresentar propostas para resolver os problemas endêmicos da Italia é bem conhecida, mas nos últimos meses tem conseguido se superar e por isto paga o preço.