segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ao mestre com carinho...

Como bebemos na mesma fonte, a Doutrina Social da Igreja, gosto de pensar que não há tanta diferença entre o que tento, sem muito talento, articular e a visão de economia e política econômica do meu velho mestre. Coisa de discipulo, diria, alguns. Me parece correto. Com ele aprendi muito e ainda continuo a aprender. Dito isto, sou obrigado a reconhecer que ele foi infeliz na construção a seguir:
"Assim como os conservadores atribuem a culpa da pobreza e da exclusão aos pobres, os neoliberais estão agora atribuindo a desindustrialização aos empresários.". De fato a primeira afirmação "os conservadores...aos pobres" é verdadeira, mas a segunda não me parece ser. A pobreza, seguramente, não pode ser imputada aos pobres; mas a desindustrialização é, em grande parte, culpa da falta de perspectiva de longo prazo dos empresários do grande bananão, preocupados que estavam( estão?) em explorar ao máximo os trabalhadores e pouco atentos a questão da produtividade. Comportamento este, explicado, pela manutenção por um período bem superior ao necessário, da politica de substituição de importações(PSI). Não estou criticando a PSI, apenas lembrando que sua longevidade foi nefasta ao país. Portanto, o processo de desindustrialização é o resultado da miopia do empresário ou do habito de sempre recorrer, com sucesso, ao Estado para defender seus interesses, mesmo, quando claramente, em oposição aos interesses da maioria da população. A variável externa está longe de ser o elemento determinante.


Ao colocar no mesmo paragrafo pobreza e desindustrialização, sutilmente é sugerido que são equivalentes o que é um absurdo e moralmente um insulto, não muito diferente da visão conservadora objeto da critica. O pobre merece mais respeito...