terça-feira, 29 de maio de 2012

O arriscado jogo espanhol...


A Espanha fez tudo o que foi solicitado pelos parceiros da zona do euro e ao colher o resultado nada agradável, recessão, desemprego, resolveu pedir algo em troca: a recapitalização dos seus bancos pelo European Stability Mechanism. Este parece ser o fundamento da sua decisão de anunciar, sem consultar o ECB, a proposta de capitalização do Bankia através de um criativo mecanismo de troca em que ele receberia titulos soberanos a serem usados junto ao ECB. Como esperado este último não gostou nada idéia e a recusou. Isto, naturalmente, já era esperado pelo governo espanhol e não deverá alterar a sua estratégia de confronto com Berlim o que leva a inevitável questão: qual a chance dela ter sucesso? Primeiro é bom lembrar que a Espanha não é Grecia, Irlanda ou Portugal, sua situação fiscal é bem melhor, e dado o tamanho da sua economia um bail out no estilo adotado nestes países não é possível, nem tão pouco necessário, já que o problema está restrito aos seus bancos. A capitalização através do ESM realmente parece ser a melhor opção e a pior, seguramente, seria o governo espanhol chamar para si a responsabilidade de garantir a sobrevivência dos bancos através da injeção de recursos públicos. O resultado seria perder um dos seus trunfos, a relação divida/pib, que abriria o caminho para um inevitável bail out não apenas dos bancos, mas,também, da Espanha. Como no caso do Bankia,a opção foi outra é de se imaginar ser uma estratégia usada para colocar contra a parede a Alemanha, usando o argumento que a Espanha é grande demais para quebrar, ainda mais depois de ter feito a lição de casa. Enquanto isto o mercado toca a música já conhecida no baile de mascaras italiano: manutenção do spread em relação ao título alemão um pouco acima dos 500 pontos base, mas estável, e redução no spread entre os juros dos titulos espanhois de curtos e longo prazo. Como a Espanha já rolou mais da metade do valor que tinha que captar no corrente ano, a situação esta sobre controle e é bem diferente do cenário do inicio de ano, o que lhe permite participar deste jogo arriscado, mas necessário, com a Alemanha.