sexta-feira, 29 de junho de 2012

A grande vitoria do Monti...



O que, aparentemente, seria mais uma cupula de mais bla, bla, sobre austeridade e medidas de longo prazo transformou-se, inesperadamente, em um dos mais importantes e produtivos dos últimos anos. Esta mudança, que a todos pegou de surpresa, só foi possível devido ao Monti que, provavelmente, deve ter deixado claro para seus colegas que voltar pra casa de mãos abanando, implicaria, obrigatoriamente, em fim do seu governo. Foi ele, mais que nenhum outro, que mudou o jogo e dobrou a Merkel, que, sabiamente, optou por não entrar para a historia como responsável pelo fim do projeto da moeda única.

Há vários detalhes a serem negociados, que não devem alterar o essencial: foi aprovado a recapitalização direta dos bancos, a renuncia de credor preferencial do Mecanismo Europeu de Estabilização, o uso de fundos do EFSF/ESM para intervir no mercado primário e secundário de titulos da divída pública, o BCE será o responsável pela supervisão bancária na zona do euro. Naturalmente, as exigencias junto ao país que solicitar ajudar serão duras, mas não inclui a participação da troika. Para participar, tem que ser um país virtuoso, ou seja apresentar uma boa folha corrida, como é o caso da Irlanda, que também terá acesso as mesmas facilidades colocadas a disposição da Espanha. A Italia afirma não pretendeu solicitar ajuda para reduzir o custo da rolagem da sua divida, mas é fato que as medidas aprovadas, tornam esta opção menos humilhante, ou seja a porta esta aberta para a Italia. Se vai entrar, é uma outra questão.

A reação do mercado foi boa, mas manteve-se na linha da prudência, com o yield do titulo italiano de 10 anos caindo 38 pontos base,5.81%, e o espanhol de mesma maturidade, 6.32%, queda de 62 ponto bases. A queda não foi maior, porque ainda há detalhes importantes, como é o caso do "funding"do EFSF/ESM. O montante atual é muito pequeno diante da nova função por ele assumida e se não for alterado, seu poder de intervenção do mercado ficara bem abaixo do necessário e limitado no tempo, ou seja os recursos não seriam suficientes para uma quebra de braço, prolongada. com o mercado para garantir yields mais civilizados para Espanha e Italia. É possível, no entanto, que o simples fato do fundo de resgate poder intervir no mercado, seja suficiente para convencer o mercado que não vale a pena apostar contra os titulos dos dois países.