quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ou vai ou racha?



A Italia conseguiu bater a toda poderosa Alemanha e, no domingo, enfrenta a Espanha na final da Eurocopa. Se no futebol o resultado de ambas tem sido muito bom, o mesmo não se pode dizer a respeito do custo da rolagem da divida pública. A Italia conseguiu colocar 5.42 bilhões de titulos de cinco e 10 anos, pagando 6.19% para os de 10 anos e 5.84% para os de cinco anos. Valor ligeiramente superior ao alcançado pelo primeiro no último leilão, 6.03% e o do segundo, 5.66%, no mês passado. No mercado secundário o yield do titulo espanhol de 10 anos subiu e gravita em torno de 7%, tendo, inclusive superada na abertura do mercado. A situação italiana não é uma Brastemp, mas é bem melhor que a espanhola e isto não deverá se alterar antes da divulgação de importantes detalhes do emprestimo espanhol. É a velha dúvida, já mencionada, a respeito da senioridade em relação aos demais credores.

Enquanto isto, a cupula da União Europeia, continua apresentando soluções para o longo prazo e ignorando as demandas do mercado sobre o curto prazo. A posição alemã ainda é a mesma, mas há a possibilidade de acordo sobre a supervisão unificada dos bancos, e provavelmente, algum esboço das etapas/caminho para maior convergência na área fiscal/orçamentária.

Se a situação piorar, i.e. se o custo da rolagem da divida dos dois finalistas da Eurocopa 2012 atingir um nível proibitivo, caberá ao BCE entrar no mercado comprando titulos da sua divida soberana ou recorrer ao LTRO de 3 anos a juros de mãe. Mas isto se e somente se a situação se deteriorar muito...

Up date: O cenário mudou drasticamente com a recusa da Espanha e da Italia em assinar o pacote com medidas visando a retomada do crescimento e criação de emprego, sem receber em troca medidas que permitam a participação do EFSF ou do BCE no mercado de divida pública. Ele parece contar com o apoio tacito do Hollande. Parece que a Alemanha mostra-se mais disposta a aceitar a uso dos fundos do EFSF para ajudar os dois paises rebeldes. Isto porque se Monti retornar a Roma de mãos vazias, será o fim do seu governo. Em outras palavras, se a Merkel bater o pé, ela será responsável pela queda do governo Monti o que levaria ao bail out soberano da Espanha e colocaria a Italia de joelhos. Seria o fim do projeto de moeda única. Por estes motivos, acredito que Monti deverá obter sucesso em sua demanda e a Espanha conseguira excluir a clausula de senioridade no seu emprestimo e aumentou bastante a probabilidade de conseguir que o emprestimo seja direcionado ao bancos sem passar pelo tesouro, evitando aumento na relação divida/PIB. A Alemanha e aliados do norte estão em um beco se saida. Monti, alem de ótimo economista, mostrou ser um grande operador político.