terça-feira, 31 de julho de 2012

Em compasso de espera..


O pau continua comendo feio na Espanha, com as provincias governadas pelos partidos de oposição recusando-se aceitar o plano de ajuste fiscal proposto por Madri.Na reunião do conselho, responsável pela coordenação da política economica do governo central e o equivalente espanhol do nosso secretário estadual da fazenda, o representante da Catalunha, o respeitado economista e ex-professor de Harvard Andreu Mas-Collel sequer compareceu. O motivo da revolta é a recusa do Rajoy em conceder as regiões o mesmo privilégio que ele recebeu de Bruxelas: prazo maior e metas fiscais menos duras ou mais realistas, como argumentam os que discordam da proposta de Madri.

Enquanto o mercado continua em compasso de espera, com os rendimentos do titulos italianos de 10 anos gravitando em torno de 6% e o espanhol na banda 6.5%-7%. Hoje o primeiro chegou a cair para 5.59%, mas fechou em 6.06% em razão da reafirmação da oposição gernamica a concessão de licença para o fundo de resgate atuar como banco. O espanhol também, apresentou, comportamento semelhante, fechando o dia em 6.67%, depois de ter caido para 6.56%. Esta volatilidade reflete o volume de negócios do verão europeu e a ansiedade em relação a reunião do ECB, na quinta e, em menor medida, a reunião do FED americano.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Merkel já não assusta mais?


A semana começa com o Governo da Catalunha anunciando que não poderá pagar este mês as entidades com as quais mantem convenio de prestação de serviços na área de saúde e de assistencia social. Uma clara indicação da difícil situação pelo qual passa esta importante região autonoma, responsável por 20% do PIB da Espanha.

Enquanto isto, continuam as negociações sobre as medidas para substanciar a dura declaração de Draghi que conseguiu inverter o movimento ascendente dos rendimentos dos titulos soberanos. Neste segunda feira eles continuavam gravitando em torno do pico em que se encontravam antes do anuncio que Valencia estava solicitando socorro ao governo central da Espanha. O titulo italiano de 10 anos fechou em 5.95%, spread de 458.18%, variação de +0.60, enquanto que o espanhol foi negociado a 6.58%, spread de 520.61, variação de 2.30%.

O leilão de titulos italianos, também foi um sucesso, com rendimentos abaixos do mês passado. O titulo de 10 foi negociado por 5.96%, contra 6.19 do último leilão e o do cinco anos ficou em 5.29%, contra 5.84% no mês de junho. O bid do cover, que expressa a demanda pelos titulos foi baixo,1.29%, como já havia ocorrido em junho, 1.28%. A baixa procura indica que o mercado ainda continua extremamente cauteloso e por isto a queda no rendimento é um ótimo resultado que, no entanto, poderá ser revertido caso novas medidas não venham a ser adotadas pelo BCE.

A lista de medidas que poderá ser adotada é grande , mas a minha aposta é em uma nova demonstração de criatividade por parte do Draghi que não necessariamente será anunciada na reunião desta quinta-feira. As movimentações de figuras importantes e principalmente a declaração do Junker, presidente do grupo da zona do euro, parece sinalizar neste sentido, alem de fortalecer a hipotese que a oposição alemã não tem mais o mesmo poder que tinha tempos atrás. A paciência com a agir alemão centrado na defesa do seu auto interesse e guiado pelo calendário eleitoral, parece ter esgotado a paciência de vários membros importantes da zona do euro.

domingo, 29 de julho de 2012

sexta-feira, 27 de julho de 2012

"Go ahead, make my day..."


Sexta-feira de dúvidas e boatos sobre a declaração do Draghi e a esperada reação negativa do Bundesbank a proposta de compra de títulos soberanos e concessão de licença bancaria ao ESM. Segundo o WSJ o Presidente do BCE esta isolado e sua posição não expressaria a visão da maioria dos membros do conselho do banco. O mesmo jornal, diante da reafirmação da oposição do banco alemão, pergunta se ele teria consultado o seu colega. Um blefe, argumenta alguns, outros se mostram mais interessados em avaliar o menu a disposição do Draghi. Já segundo a Bloomberg, a proposta do Draghi, consistiria em compras no mercado primario e no secundário, a primeira ficaria a cargo do fundo de resgate e a segunda seria de responsabilidade do BCE; corte da taxa de juros e uma terceira rodada de LTRO. A concessão de licença ao ESM ficaria para o futuro, já que ele deverá entrar em operação somente depois de receber o ok da corte constitucional alemã. Ela seria apresentada ao Schaeule, Ministro das Finanças alemão, Weidmann do Bundesbank e a um convidado muito especial, Geithner dos Estados Unidos, em reunião a ser realizada antes da quinta-feira, 2 de agosto, quando o BCE deverá discutir a proposta do seu presidente.

Por enquanto o mercado não está pagando pra ver, ou seja a ameaça do Draghi ainda é crível, como podemos verificar na queda dos rendimentos dos titulos espanhois e italinos nesta sexta-feira. O de 10 anos, do primeiro, fechou em 6.73%, spread de 532.87, variação -4.42%, o italiano ficou em 5.95%, spread de 455.45, variação - 4.06%. O titulo de 2 anos também esta em queda: o italiano terminou a semana negociado por 3.65% e o espanhol em 4.83. Como mencionado em outros posts, o valor dos rendimentos dos titulos de dois anos anos é o melhor indicador do humor do mercado em relação aos dois países e da capacidade deles em evitar o pedido de bail out do soberano.

Segundo a reuters, o Guindo, Ministro das Finanças da Espanha, comunicou ao seu colega alemão, que ela precisava de um empréstimo de 300 bilhões de euros. Schaueble, respondeu que seria melhor esperar o ESM entrar em operação, antes de se pensar em um socorro ampliado. Acredito que ao jogar a toalha, ele obrigou o Draghi a fazer a famosa declaração para ganhar tempo enquanto se discute o que fazer... Isolamento, não consultar o colega alemão, me parece serem boatos sem nenhuma fundamentação e fruto do desejo de continuar ganhando com a volatilidade do mercado. Abutres a procura de carniça é o que não falta no cenario econômico atual..

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Super Mario...


Draghi lembrou ao mercado e aos jornalistas que " When people talk about the fragility of the euro and the increasing fragility of the euro, and perhaps the crisis of the euro, very often non-euro area member states or leaders, underestimate the amount of political capital that is being invested in the euro" e mandou um recado duro: "Within our mandate, the ECB is ready to do whatever it takes to preserve the euro. And believe me, it will be enough." Ele expressou verbalmente uma ameaça que, dada a reação do mercado, será crível ate a proxima reunião do BCE. Se nenhuma medida for aprovada, a ameaça perderá a credibilidade e voltaremos a estaca zero. Ate lá, ela tem tudo para reduzir o impeto do ataque a Italia e Espanha. O leilão espanhol no dia 02 de agosto, será um bom teste para a reação do mercado que deverá aproveitar o fim de semana para pensar sobre a viabilidade de se traduzir a ameaça em medidas concretas, respeitando a legalidade e o sempre presente risco de veto germanico. Em outras palavras, a volatilidade continua, com o risco de novos picos causados por eventos que no verão acabam ganhando uma dimensão maior que em outros períodos do ano.

A reação do mercado foi rapida.Os titulos espanhois de 2, 3 e 5 anos fecharam em 6.29%, 6.56% e 5.680% respectivamente. O titulo de 10 anos foi negociado a 6.89%,spread de 557.49, variação de -8.70, enquanto que o italiano fechou em 6.07%, spread de 474.74, variação de -8.49. Em outras palavras voltou ao pico anterior: gravitando em torno de 6%, no caso do italiano e 7% o espanhol. Valores, obviamente altos, assim como o são, tambem, os dos titulos de curto prazo, que se mantidos no segundo semestre, poderá alterar o custo do funding que hoje se encontra em 4.1, assim como a média de vencimento dos titulos espanhois e italianos.

Concluindo, a resposta do mercado, parece confirmar a tese que uma ameaça com credibilidade é suficiente para convence-lo que não tem como ganhar a quebra de braço com o Banco Central. Naturalmente, no caso do BCE isto implica em medidas para mante-la crível, já que ele, ao contrário do americano, por ex., tem um grau de liberdade bem menor, para não mencionar o trauma germanico.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A falta que faz um Estadista ...


Verão na Europa é coisa seria: é tempo de férias e o mercado funciona em outro ritmo que em momento de crise econômica e alta ansiedade implica em transformar um rato em elefante. Bastou o representante austriaco no BCE, Nowotny, reconhecer que há meritos na proposta de conceder licença bancária ao ESM para o mercado dar uma folga a Italia e Espanha, o que indica que um fundo de resgate com maior poder de fogo não precisaria usar os seus recursos, já que a sua própria existência seria o suficiente para convencer o mercado a se comportar. É por isto que a oposição alemã a idéia não faz o menor sentido, já que no caso da Espanha ser obrigada a solicitar o bail out ampliado, o custo aos contribintes germanicos seria muito maior. Para não mencionar que se ela cair, leva junto, tambem, a Italia, o que aumentaria bastante a conta. Continuo achando que a estratégia alemã é usar a crise para obrigar os países da região mediterranea a implementar reformas que eles não consideram prioritárias e tão pouco necessarias ao crescimento econômico. Resta saber se para conseguir este objetivo a Alemanha e aliados estão dispostos a humilhar ainda mais a Espanha e obriga-la a pedir o socorro ampliado e somente depois conceder a licença bancária ao ESM para salvar a Italia. É uma jogada arriscada, mas tudo é possível neste jogo de poquer em que se transformou a zona do euro. Resta, no entanto, o fato que sem queda nos rendimentos dos titulos de medio e longo prazo, a Espanha será obrigada a recorrer aos de curto prazo( 3, 6 e 12 meses) para rolar a divida que vence no segundo semestre. Pode ate dar certo mas é arriscado, se lembrarmos que em 29 e 31 de Outubro ela tem que rolar 20.27 bilhões de euros. Por isto não é um exagero afirmar que ela tem somente setembro e algumas semanas de outubro para negociar uma saída com os demais membros da zona do euro.

Hoje o titulo titulo italiano de 10 anos fechou, no mercado secundário, em 6.45%, spread de 518.77, variação -2.33%. Já o espanhol ficou em 7.37%, spread de 610.61, variação -3.07. A situação tende a manter-se volátil, assim como a dúvida a respeito do pedido de socorro ampliado. Segundo o El Pais, para alguns membros do governo espanhol ele é inevitável. Alias, o atual governo espanhol esta demonstrando uma incrivel falta de competencia política pra administrar os ganhos obtidos na reunião de cupula. É em momentos como este que reconhecemos a falta que faz um Estadista...

terça-feira, 24 de julho de 2012

Resfriado e com febre alta...



Enquanto o mercado ataca impiedosamente a Espanha e a Italia, Merkel continua aproveitando as férias de verão e seu ministro das finanças, depois do encontro com o seu colega espanhol, deverá, tambem, desfrutar deste que é o mais sagrado dos direitos dos europeus: férias de verão. Infelizmente, muitos, principalmente na Espanha e Grecia, estão mais preocupados em garantir, o cada vez mais dificil pão nosso de cada dia.
A situação piorou, com a inversão, ainda que momentanea, da curva de juros espanhola e o rendimento do titulo italiano de 10 anos em 6.54%, spread 531.12, variação de +3.331. O espanhol com a mesma maturidade, fechou em 7.53%, spread de 629.94, variação + 0.71. A pequena variação do espanhol pode ser explicada pelo sucesso do leilão de 3.04 bilhões de euros de titulos de 3 e 6 meses. O rendimento do primeiro ficou em 2.434%, contra 2.362 do mês passado e o segundo foi negociado por 3.691%, contra 3.237% em junho. A demanda foi alta, 2.9 vezes, superior a do leilão de junho, 2 vezes.
O bom resultado do leilão dos titulos de 3 e seis meses, e o pequeno numero de leilões programados para o mês de agosto, permite a sobrevivência pelo menos ate o mês de setembro.
A evolução ascendente no rendimento do italiano, indica, que infelizmente, o contágio, que dava sinais de enfraquecimento, retornou com força, conforme pode ser visto, inclusive, na evolução do spread do titulo frances de 10 anos em relação ao alemão. É um valor ainda baixo, mas que apresentou uma variação, ascendente, superior à do italiano e do espanhol. É um dado que deverá aumentar a solidariedade fracesa a demanda espanhola e italiana pelo respeito ao que foi negociado na última reunião de cupula. Alias, sem a implementação daquelas medidas e a intervenção do BCE no mercado de divida soberana é muito dificil a Espanha sobreviver sem recorrer ao bail out do soberano.
Se a Espanha perder a quebra de braço com mercado, a próxima vitima deverá ser a Italia que, como sabemos, é grande demais para ser salva o que colocaria em xeque o projeto de unificação monetaria europeu.

A grave situação da Espanha pode ser visualizada nos graficos abaixo do jornal El Pais, que apresenta a evolução dos rendimentos dos titulos espanhois e a situação das regiões autonomas. A situação destas regiões é que torna ainda mais dificil para Espanha evitar o bail out soberano. Não estou afirmando que é impossível, apenas que a probabilidade de um socorro ampliado é muito alta.








segunda-feira, 23 de julho de 2012

Ainda não é a gripe espanhola...

Lembra do verão passado? Pois é, cá estamos nos, novamente, em um cenário em que a diferença entre o retorno dos títulos de curto prazo e os de longo prazo é pequena, com o risco de inversão da curva de juros espanhola. Ano passado, em novembro, aconteceu com a curva de rendimentos italianos, se nada for feito, o mesmo deverá ocorrer com a espanhola. O primeiro sinal, de agravamento da situação, foi a combinação de baixa demanda e rendimentos elevados dos títulos de curto prazo. A situação piorou com o pedido de socorro de Valencia e neste fim semana, ficou ainda pior com o anuncio que a Murcia também precisava de socorro, ainda que somente em 2013. Catalunha e mais algumas regiões autonomas devem entrar na fila de socorro. Não estranha, portanto, a reação do mercado nesta segunda-feira.

O que fazer, como evitar a perda de controle que implicaria em bail out do soberano. Sim porque o risco aumentou muito em relação a semana passada: a Espanha vinha respirando com a venda de titulos de curto prazo, com os rendimentos elevados esta deixa de ser uma alternativa. O rendimentos dos titulos de 12 meses ainda são bem baixos e pode ser o novo plano B, mas por um período muito, mas muito limitado de tempo e no máximo compraria tempo ate o inevitável bail out. Como o próprio ministro da fazenda espanhola reconheceu: a solução está alem da capacidade do seu governo. Verdade. Somente o ECB tem condições de evitar a perda de controle, adquirindo titulos da Espanha. Compras no mercado secundário, como no verão passado, não é suficiente e muito menos a melhor solução. Atuar diretamente no mercado primário é a melhor opção, mas com a oposição germanica vai ser difícil. Uma outra possibilidade é convencer os bancos espanhois a continuarem comprando titulos, mas para isto seria necessário uma nova rodada de emprestimos de 3 anos ou uma conversa ao pé do ouvido com os CEO de cada um deles.

O fato é que a situação é grave o que torna ainda mais irresponsável a decisão da Corte alemã em deixar pra 12 de setembro a decisão a respeito do pacto fiscal e ESM. Em todo caso, sendo otimista, em momentos como este, a Europa sempre deu um jeito de evitar o naufragio do barco...Resta torcer que o mesmo ocorra neste verão e que o resfriado espanhol não se transforme em gripe espanhola.

domingo, 22 de julho de 2012

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Com a pulga atrás da orelha...


A semana fecha com acrescimo de um dado novo, ainda que esperado, ao circo de horrores espanhol: Valencia pediu socorro ao governo central. Não é inesperado, porque ela concentra boa parte do boom imobiliário, origem dos problemas dos bancos de espanhois. O impacto foi forte, levando o titulo de 10 anos a romper, novamente, a barreira dos 7%, atingindo segundo a Bloomberg 7.285% e segundo a Tradeweb, 7.309%. O record anterior era 7.285%. Segundo a nossa fonte de dados, o jornal italiano Il sole 24 ore, ele fechou em 7.22%, spread 605.46, variação +5.34%; o italiano em 6.16%, spread 499.00, variação 4.63%. Preocupante, sem dúvida, mas é bom lembrar que a média do custo do "funding" espanhol ainda se encontra em nível confortável, 4.1%, assim como o prazo de vencimento, 6.4 anos. É verdade que a Espanha ainda deverá captar um volume razoável no segundo semestre, sendo outubro, o mês com a meta mais elevada, mas até lá já será conhecido o resultado do teste de stress dos seus bancos, assim como a opinião da Corte Constitucional alemã sobre o ESM e pacto fiscal. É preciso ficar atento ao comportamento do mercado secundário na próxima semana, principalmente em relação aos titulos de curto e médio prazo, já que o de 10 anos, deverá continuar gravitando em torno de 7%. Não acredito que o pico desta sexta-feira, seja o seu novo patamar, mas apenas uma reação a Valencia.

O emprestimo foi assinado, mas as dúvidas ainda persistem, já que os recursos serão incorporados a divida do soberano, aumentando, portanto, a relação divida/PIB e dela poderá ser retirado somente quando for criado o novo fundo habilitado a emprestar diretamente aos bancos. Ele deverá estar em operação em 2013, mas não há nenhuma garantia que este prazo realmente será obedecido. Este é apenas um, entre vários detalhes, que deixa o mercado com a pulga atrás da orelha.

Infelizmente, a zona do euro não é a única fonte de preocupação: os preços da soja e do milho já romperam o pico do período 2007/2009 e o trigo, apesar de ainda não ter batido nenhum record, tambem encontra-se em movimento ascendente. A preocupação é maior devido ao fato do movimento ser um reflexo da situação climatica no Imperio e não, como passado recente, resultado de movimento especulativo. Se somarmos os dois, queda na safra e movimento especulativo que sempre acompanha o primeiro, aumenta significativamente a probabilidade do retorno da inflação dos alimentos.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Mais do mesmo...


O leilão de dívida soberana espanhola conseguiu atingir a meta, mas a um custo bem superior ao do último leilão e com um elemento novo que é preocupante: demanda menor. O titulo com vencimento em 2014, foi negociado a 5.204% contra 4.335% em junho, a demanda 1.9 vezes é bem menor que a do último leilão, 4.3. Já o leilão do titulo com vencimento em 2017 atingiu 6.546% contra 6.072%, demanda de 2.1 vezes abaixo do 3.4 do mês passado. O juro no leilão dos titulos com vencimento em 2019, ficou em 6.701% comparado com 4.832% de fevereiro deste ano, a demanda, 2.9 vezes, é ligeiramente menor que o 3.3 atingido naquela ocasião.

A queda na demanda preocupa porque ela é composta basicamente de bancos domésticos, já que a maioria dos investidores internacionais há muito já perdeu o apetite pelo mercado dos países mediterraneos da zona do euro. O que os teria levado a mudar o comportamento? Volume muito alto de titulos soberanos na carteira? É fundamental acompanhar a demanda nos próximos leilões para verificar ate que ponto não se trata de um evento único. Em todo caso, com as informações a disposição no momento, ainda é prematuro relacionar esta queda da demanda e aumentos dos juros com a necessidade de bail ou do soberano, ou seja da Espanha. A probabilidade de um bail out da Espanha, no curto prazo, ainda é muito baixo, como, atesta o comportamento dos titulos de 10 anos no mercado secundário. Ele chegou a superar a barreira dos 7%, atingindo 7.02%, mas recuou para 6.97%, spread em 574.78, variação +0.74. Já o italiano fechou em 5.99%, spread 476.93, variação -1.75. O comportamento deste último chama a atenção por ser mais um indicativo de um lento processo de descolamento em relação ao espanhol ou, no mínimo, de uma diminuição na capacidade deste último em contaminar o italiano. Exagero de um otimista. Poder ser. No entanto, a performance do titulo italiano não deixa de ser uma boa noticia para os habitantes da famosa bota, em particular para o velho professor da Bocconi, Mario Monti.

Finalmente uma boa noticia da Alemanha. Foi aprovado o emprestismo a Espanha, mas - em se tratando da terra da Merkel há sempre um mas, um porem, etc. - Schaumble, Ministro das Financas, continua insistindo na velha e equivocada tese que a Espanha deve assumir a responsabilidade pelos emprestimos,que, vai, obviamente , contra o que foi negociado na ultima reunião de cupula: emprestimo diretamente aos bancos, sem acrescimo a divida do soberano.

Amanha, sexta, deverá ser assinado emprestimo a Espanha e, quem sabe, conheceremos maiores detalhes sobre temas polêmicos, como é o caso do uso da sobra dos recursos - os 100 bilhòes de euros - usados para socorrer os bancos. O jornal El Pais, argumenta que ele poderia ser usado para comprar divida soberana nos mercados primário e soberano, já a Comissão Europeia insiste que isto não é possível e que a interpretação do jornal estaria equivocada. Sem conhecer maiores detalhes, fica dificil saber quem tem razão...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Em clima de ferias de verão..


Mais um dia calmo no mercado e sem grande novidades. No imperio, Bernanke, em seu segundo de depoimento a congresso americano não se mostrou muito otimista, mesmo com a divulgação de números melhores que o esperado de construção de novas casas. É sinal animador, mas não o suficiente, para compensar o estado geral do setor imobiliário com o numero ainda muito alto de retomada de imoveis de inadimplentes.

Na zona do euro, o titulo espanhol de 10 anos aproximou ainda mais do seu teto "informal", fechando em 6.90%, spread em 570.54, variação de + 2.90%; o italiano ficou em 6.05, spread de 485.41, variação de +1.06%. Amanha tem leilão do espanhol.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Dia tranquilo...


O mercado esperava por sinais indicativos de uma nova rodada de QE, mas ouviu, somente uma analise bem negativa - sem nenhum elemento novo - da economia americana e a repetição das promessas contidas na ata do último encontro do FED. Este pobre blogueiro, não está nem um pouco surpreso, já que Bernanke tem demonstrado ser bem cauteloso em suas decisões e, por enquanto, ainda é prematuro uma nova rodada de QE. É preciso dar um tempo, para avaliar os resultados produzidos pela operação twist. Isto pra não mencionar que esta medida poderia piorar ainda mais a relação dele com os colegas do seu partido: os republicanos.
Na Europa, uma boa noticia: a Espanha concordou em oferecer garantia para a parcela finlandesa do empréstimo aos seus bancos. Sem este acordo, bilateral, a Finlandia estava determinada a barrar o empréstimo. Resolvido este obstaculo, provavelmente, na sexta-feira conheceremos maiores detalhes sobre o emprestimo ao bancos espanhois. Por falar em Espanha, ele conseguiu um bom resultado nos leilões de titulos de 12 e 18 meses nesta terça-feira. Os juros do primeiro ficaram em 3.918% contra 5.074% do mês passado e os do segundo 4.242% contra 5.107% do último leilão. A demanda foi boa, mas,infelizmente, composta fundamentalmente pelos seus própríos bancos. Este não é um problema limitado apenas a Espanha e companheiros de infortunios, já que atinge a maioria dos paises da zona do euro. Naturalmente, a Alemanha não faz parte deste clube e continua firme em seu posto de porto seguro para os investidores de diferentes nacionalidades o que traduz-se em rendimentos cada vez menores dos seus titulos soberanos.

No mercado, secundário, de titulos de 10 anos, nada mudou: o da Espanha fechou em 6.78%, spread de 554.48, variação de + 0.08% e o da Italia, ficou em 6.04%, spread de 480.34, variação de +0.04. Quinta-feira a Espanha retorna o mercado com leilão de titulos com vencimento em 2014, 2017 e 2019.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O retorno da inflação dos alimentos?



A Corte Constitucional alemã mandou avisar que somente no dia 12 de setembro deverá se pronunciar sobre a legalidade do pacto fiscal e a criação do ESM. Ate lá deverá ser conhecido, também, o resultado de stress a qual será submetido os 14 maiores bancos espanhois. Enquanto isto, o mercado deverá manter-se em compasso de espera e sem intervenção no mercado de dívida soberana da Italia e da Espanha , os retornos, no mercado secundário, devem continuar gravitando em torno de 6% no caso da primeira e entre 6.5% e 7% no caso da segunda. Hoje o italiano fechou em 6.03%, spread de 480.13, variação de + em 0.26, já o espanhol ficou em 6.77%, spread de 554.06, variação de + 3.52. Valores altos, mas, suportáveis, no curto prazo.

A noticia mais preocupante deste inicio da semana não vem da Europa, mas do Imperio, devido ao impacto do clima sobre a safra de milho, soja e trigo. Os preços deles estão em alta e tudo indica que esta tendência deverá ser mantida. O retorno da inflação dos alimentos tornaria ainda mais difícil a retomada do crescimento econômico, já que reduziria o grau de liberdade da política monetária em mercados importantes, como é o caso da China. Não menos impactante é a instabilidade política que sempre acompanha a alta de preço dos alimentos. Felizmente, por enquanto, o preço do arroz - item importante na cesta alimentar de vários paises - não apresenta movimento de alta.

domingo, 15 de julho de 2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Aos trancos e barrancos...


O numero do PIB chines, 7.6%, no segundo trimestre não é uma Brastemp, mas tão pouco é Jason do Filme Sexta Feira Treze. Como a inflação esta em queda o governo tem um grau de liberdade maior no manuseio da política monetária, como atesta o último corte na taxa de juros e poderá, inclusive, rever a sua política para o setor imobiliário. Dado a forte dependencia da economia chinesa do mercado externo, não é de todo descabido perguntar se este número é de fato o fundo do poço, a partir do qual a tendência de desaceleração do crescimento seria revertida. A resposta, depende, me parece, fundamentalmente, dos rumos da economia mundial.

A Moody's voltou ao ataque e rebaixou os títulos soberanos italianos para um nível perigosamente próximo ao do "junk bond". O timing é pessimo e os argumentos nada convincentes. Alguns dos problemas apontados são verdadeiros, mas de modo algum justificam a avaliação negativa e injusta do governo Monti. Tão pouco parece realista o cenário político futuro, dado que tudo indica que o centro esquerda deverá vencer as próximas eleições. A aliança do palhaço e da figura menor que Bruxelas, sabiamente, derrubou, é popular, mas não o suficiente para colocar em risco o futuro da Italia.

O mercado parece discordar da avaliação da Moody's, já que a demanda para o titulo italiano de 3 anos foi muito boa e o rendimento, 4.65%, menor que o do último leilão em junho, 5.30%. No mercado secundário, o titulo de 10 bateu naquele que tem sido o seu teto nos últimos dias fechando em 6.01%, com o espanhol negociado por 6.66%. Valores ainda elevados e levemente ascendentes. Este comportamento torna cada vez mais provável o recurso ao fundo de resgate para definir um teto para os titulos soberanos italianos e espanhois.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

E la nave va...


O mercado retornou a rotina normal dos últimos meses: alta ansiedade, volatilidade, com os titulos de 10 anos da Espanha e da Italia em movimento ascendente. O primeiro chegou cair a 6.50%, mas acabou fechando em 6.64%,spread 531.29(+0.74), e o segundo em 5.90%, spread 465.11(+2.73%), indicando que sem medidas adicionais o mercado vai continuar apostando contra estes títulos. A intervenção dos fundos de resgate no mercado secundário parece ser inevitável. Como o volume de recursos é bastante limitado para as varias funções que deverão assumir, implica em colocar, mais uma vez, em foco o papel do BCE. Sobre esta questão a minha avaliação não mudou: ele é a bala de prata...

Falando em BCE. Com a redução para zero na remuneração do "overnight deposit facilit" os bancos estão depositando os seus recursos na conta corrente do BCE que, também, não é remunerada,o que deverá, provavelmente, levar o BCE a implementar novas medidas visando expandir o credito que, assim, como a economia, encontra-se em estado letargico. Fala-se, inclusive em rendimento negativo, que significa cobrar dos bancos pelo dinheiro estacionado no BCE. Medida extrema, mas que não deve ser descartada, já que Draghi e outros membros já deixaram claro que estão dispostos a recorrer ao que for necessário para reativar a economia.

Confirmando que o mar não esta pra peixe, a Coreia do sul não resistiu a onda e reduziu a sua taxa de juros depois de mante-la inalterada por 3 anos. A decisão não parece ter sido tomada em razão da desaceleração do crescimento econômico, já que por ser economia focada na exportação depende fundamentalmente do estado do mercado externo, mas devido ao forte endividamento das familias e do aumento da inadimplência no setor imobiliário.

Nesta sexta-feira será conhecido o PIB chines do segundo trimestre e ai será possível ter uma visão um pouco melhor dos rumos da economia mundial. Não espero uma Brastemp...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Duras, mas necessarias..




Como mencionado na ultima reunião de cupula da união europeia, as contrapartidas para o socorro direto aos bancos seriam duras e foi exatamente isto que foi exigido da Espanha, como atesta o pacote de austeridade anunciado nesta quarta-feira. Não há duvidas quanto ao fato de ser uma exigência e não apenas uma sugestão ao Rajoy. Em outras palavras não há, como no caso da Grecia, visita da troika e tão pouco supervisão e acesso as contas do Reino de Espanha, já que o socorro esta, por enquanto, restrito aos seus bancos, e, por isto mesmo, a humilhação é menor, mas não deixa de ser humilhação. Ela, contudo, não pode ser considerado uma surpresa e tão pouco vingança da Merkel, mas parte do toma lá da cá tipico da dinamica política europeia.

O pacote tem como objetivo poupar 65bilhões de euros ate 2014 e esta longe de ser um conjunto de medidas equivocadas. Muito pelo contrário. Varias delas são corretas. A questão toda é de timming: um ajuste desta magnitude implica, necessariamente, em aprofundamento da recessão, que devera estender-se para o próximo ano, o que torna muito difícil alcançar as metas de deficit fiscal deste e do próximo ano. Entre as medidas vale destacar:
(i) aumento de imposto de valor agregado( IVA normal) de 18% para 21%, IVA reduzido de 8% para 10%. o impacto no consumo deverá se grande e deverá contrair ainda mais a economia.
(ii) corte nos beneficios nos novos pedidos de seguro desemprego. Medida controversa devido ao estado lamentável em que se encontra o mercado de trabalho espanhol, mas que foi implementada em outros países, nos anos 90, para incentivar a procura por trabalho.
(iii) reforma do sistema de aposentadoria. apenas mencionado, sem detalhamento da proposta.
(iv) eliminação dos bonus de natal dos funcionários públicos, incluindo, também, deputados e senadores. no caso dos primeiros o valor será incorporado, a partir de 2015, ao fundo de pensão.
(v) redução no numero de faltas abonadas, ou seja, dias livres dos funcionários públicos e, também, dos representantes sindicais. Corretas, naturalmente.
(vi)corte de 30& no numero de representantes municipais( camara de vereadores), transparência no valor do salário pago aos prefeitos e maior controle sobre o orçamento dos muncipios.
(vii) corte de 20% na subvenção aos partidos políticos, sindicatos e organizações empresariais
(viii) redução do numero de empresas estatais. lei-se retomada do processo de privatizações.

O mercado, como era de se esperar, gostou do pacote, como podemor inferir pela queda nos juros do benchmark espanhol para 6.55%, spread 527.39(-3.43%), com impacto no italiano que fechou em 5.80%, spread 452.75(-3.43%).

Em sintese, são medidas que colocam a Espanha no caminho das reformas implementadas pelos países do norte europeu nos anos 90 e que são responsáveis pelo bom estado de suas economias. Elas são duras e aprofundam a recessão e por isto pode se argumentar não ser este melhor momento para coloca-las em pratica, mas, por outro lado, não fosse a situação tragica da economia espanhola, jamais seriam implementadas.






terça-feira, 10 de julho de 2012

Mais do mesmo...



A reunião de ontem do Eurogrupo, detalhou um pouco mais as condições do emprestimo espanhol, mas ainda há pontos controversos que, com alguma sorte, serão conhecidos na reunião do dia 20 de julho. O limite do emprestimo continua sendo 100bilhões de euros e a Espanha deverá ter acesso, ate o final do mês, a 30bilhões para uso emergencial. Ela ganhou um tempo maior para atingir a meta fiscal e algum refresco para o corrente ano: foi acordado déficit de 6.3% para 2012, 4.5% em 2013 e 2.8% em 2014. Como contrapartida, o setor financeiro espanhol está sujeito a visita trimestral da Troika; os 14 maiores bancos serão submetidos a novo teste de stress e forçados a passar passa por um serie de reformas, alem da adoção de novas regras de supervisão e regulamentação do setor financeiro espanhol. Em outras palavras, para todos os efeitos a supervisão do setor financeiro passa para o controle da troika. Novas medidas na área fiscal devem ser adotadas como é o caso do aumento do IVA e, provavelmente, cortes em aposentadorias e no seguro desemprego. Enquanto não for implementado a centralização, no BCE, da supervisão de todo o sistema bancário europeu, o empréstimo não será direto aos bancos, mas ao tesouro espanhol. Com a centralização, ele passa a ser direto e sem a garantia do soberano. Esta última é uma questão delicada que, apesar da declaração do presidente do eurogrupo, ainda é controversa, já que encontra forte oposição por parte da Alemanha e seus aliados Finlandia e Holanda. O valor do emprestimo, também, somente será conhecido em 20 de julho. Falta ainda esclarecer a questão da intervenção no mercado de titulos soberanos.

O detalhamento do emprestimo espanhol, principalmente as contrapartidas exigidas, em particular o papel da troika e as duras medidas fiscais, aproximam bastante, do ponto de vista político, o bail out espanhol do implementando em outros países. Há diferenças importantes: a visita da troika não inclui supervisão do soberano, apenas do seu setor financeiro; é socorro dos bancos e não do soberano; ele será direto no futuro próximo. O problema é que este último dependa da aprovação da centralização da supervisão bancária que está longe de ser fácil, ainda mais que depende do resultado da analise da mais alta corte da Alemanha, que, no melhor cenário, poderá retardar ainda mais o funcionamento do ESM, isto para não mencionar a oposição de paises como Finlandia , Holanda e, pior ainda, da poderosa Alemanha.

Monti, mais uma vez deixou claro, que a Italia não precisa de socorro dos seus bancos, mas que é necessária a intervenção do fundos de resgaste EFSF/ESM, no mercado primario e secundario, pra derrubar os yields dos seus titulos soberanos. Como mencionado em outro post, esta é uma jogada arriscada, dado que poder de fogo de ambos é bastante limitado. A melhor opção seria transferir esta responsabilidade para o BCE, mas sabemos que isto não deverá acontecer, devido a questões legais e, principalmente, a forte oposição da Alemanha e aliados.

Em sintese, o avanço foi pequeno e seguramente não é o suficiente para mudar, significativamente, o humor do mercado. O título espanhol de 10 anos, nesta terça, no mercado secundário, ficou em 6.78, spread de 546.12, e o italiano em 5.94%. Valores ainda muito elevados, mas condizentes com a situação geral da união europeia.


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Cada macaco no seu galho...


A semana começa como terminou a última: benchmark italiano em 6.09%, spread de 476.43 em relação ao alemão, que implica em variação, em relação a sexta, de +1.43%, e o espanhol em 7.03%, spread de 570.63, +2.84%. Enquanto isto os ministros de finanças da zona do euro estão reunidos para acertar os detalhes do emprestimo espanhol que, ao que tudo indica, deverá passar pelo tesouro espanhol, que implica em aumento na relação divida/pib. A questão da senioridade ainda continua nebulosa, com os representantes da Holanda e Finlandia, aliados tradicionais da Alemanha, defendendo que seja mantido, apesar deste não ser o acordado na última reunião de cupula. Monti tem toda razão em reclamar do comportamento dos paises do norte europeu que ao negar o acordo, faz o jogo dos que apostam contra a zona do euro. Em outras palabras, é como se tudo fosse apenas para inglês ver. Esta na hora do Monti e do espanhol repetir a ameaça: de renuncia e, quem sabe, ate mesmo de saida da zona do euro. O que não da é pra continuar nesta lenga, lenga, com os ridiculos e minusculos países do norte da europa, se comportanto, como se fossem de fato,economicamente relevantes. Não são. Compara-los com a importancia econômica da Espanha e, principalmente, da Italia é piada...

Há rumores que a Espanha vai ganhar algum refresco na questão fiscal, mas so saberemos se é verdade ao final da reunião desta terça-feira dos ministros dos 27 ministros de finanças da união europeia. Felizmente a Espanha e Italia ja conseguiram rolar grande parte da divida com maturidade no corrente ano e por isto os juros elevados, ainda que danosos, não são mortais. Eles, também, podem recorrer a emissão de títulos de curto prazo. Em sintese, a situação ainda é sustentável no curto prazo...

domingo, 8 de julho de 2012

sexta-feira, 6 de julho de 2012

It's Going To Get Worse Before It Gets Better


A semana que começou com um otimismo contido a espera de maiores detalhes sobre o que foi acordado na cupula da união europeia, termina em clima de deja vu com o retorno do titulo espanhol de 10 anos, no mercado secundário, gravitando em torno de 7%, o italiano em 6% e o Alemão, em queda, 1.33%, clara indicação da ansiedade do mercado e busca de porto seguro. O mercado deve ter percebido que sem aumento no volume de recursos do EFSF/ESM, pouco refresca autoriza-los a intervir no mercado de titulos soberanos, já que ela não terá nenhuma credibilidade, ou seja, o mercado sabe que será o vencedor de uma eventual quebra de braço. As medidas do BCE já eram esperadas, mas a suspeita de coordenação entre sua decisão com a tomada pelo seu equivalente chines, ajudaram a reforçar os temores já existentes, que tornaram ainda mais fortes com os números, de junho, do mercado de trabalho americano. Isto para não mencionar as declarações da Lagarde, do FMI, sobre o estado pra lá de letargico da economia mundial. Em suma, um conjunto de sinais que assusta ate o mais otimista dos otimistas...

Os economistas do survey da reuters apostavam em 90.000 novos postos de trabalhos, já os da pesquisa down jones colocavam as fichas em 100.000, mas o numero divulgado ficou bem abaixo destas expectativas, exageradamente, otimistas: apenas 80.000, levemente melhor que o valor corrigido do mês de maio, 77.000, mas longe do valor desejado por todos, principalmente Obama. A taxa de desemprego não apresentou variação, mantendo-se nos mesmos 8.2% do mês passado. O desemprego da população branca, pelo terceiro mês consecutivo, ficou em 7.4%; o da negra continua subido: 13% em abril, 13,6% em maio e 14.4% em junho; já o da latina continua estacionado em 11%. É preocupante o fato da alteração no total da força de trabalho, +169.000, ter sido superior ao do numero dos que se consideram empregados, 128. Se mantido, a taxa de desemprego poderá ser, ainda, pior.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Juros em queda...



Não foi uma ação coordenada, argumentou o Draghi, mas reconheceu que eles conversaram sobre o estado da economia mundial. Não convenceu ninguem, afinal com uma diferença de menos de uma hora do anuncio da decisão chinesa, o BCE reduziu a sua taxa de juros para 0.75% - o menor nível desde 1999 - e a taxa dos depositos bancários no overnight desceu pra zero. Com estas medidas tenta, heroicamente, aumentar o volume de empréstismos e segurar o rojão a espera de outras medidas que dependem de acordo político. Medidas esperadas e, por isto mesmo, o impacto não deve ser lá grande coisa. Já no caso da China é surpresa: já que é o segundo corte em um mês, depois de três anos sem alterar os juros. Sinal que a política de esfriamento do setor imobiliário esta produzindo impacto maior que o desejado no conjunto da economia. Situação complicada: não pode reverter a política para este setor, devido ao temor de criar bolha, mas sem isto torna-se dificil evitar o desaquecimento, alem do desejado, da economia. Como a inflação está em queda, há mais espaço pra se fazer política monetária. Se não conseguir reverter a tendência de menor crescimento será inevitável a reversão na política para o setor imobiliáro. Afinal a ditadura chinesa não quer correr o risco de queda na criação de postos de trabalho.

Na velha albion, o Banco da Inglaterra - o Bacen deles - manteve a taxa de juros em 0.5% e optou por mais uma rodada de QE de 50 bi de libras. Mal não faz, mas tão pouco deve alterar,significativamente, o estado letargico da economia britanica. Com juros da divida britanica em níveis absurdamente baixos, é uma grande insanidade preocupar-se com a divida pública e insistir no caminho certo para o desastre que é a política de austeridade.

Tempos bicudos, sem dúvida alguma...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Doa a quem doer...



O escandalo em que está metido o Barclays é o mais recente de uma lista de casos nebulosos em que a origem parece ser sempre a mesma: a City de Londres. Dificilmente ficará restrito a este banco, já que expressa a cultura dominante no mundo bancário que nasce com as reformas de 1987, disseminadas mundo afora nos anos 90. É, também, mais uma demonstração da fragilidade do modelo de economia de mercado anglo-americano que antes da crise era vendido como o ideal a ser seguido por todos os países. Ironicamente, o escandalo ainda não ganhou uma dimensão maior, devido ao pouco que resta do famoso clima de clube do bolinha da City, de ação entre amigos. Não por acaso, Bob Diamond é um americano...

O setor bancário é muito importante para o bom funcionamento da economia de mercado e por isto não se pode perder a oportunidade, criada pelo escandalo, para rever o modelo atual da indústria bancária, principalmente a cultura nela dominante. Mudança cultural não é nada fácil e requer um tempo razoável, porém, é um desafio que deve ser enfrentado por aqueles que acreditam ser a economia do mercado a melhor forma de organização da atividade econômica.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Em compasso de espera...



Enquanto o mercado ainda espera pelos detalhes do emprestimo espanhol e digeri o acordo da última cupula europeia, os rendimentos dos títulos do benchmark espanhol cai para 6.25% e o italiano para 5.63%. Altos, sem dúvida, mas esperado, afinal foi dado apenas um passo e muito ainda há para se caminhar, mas pelo menos já se sabe por onde ir e a cabeça esta menos anuviada depois do rompimento da barreira mental que a todos impelia para um beco sem saída . O importante é que foi quebrada a relação divida dos bancos e divida soberana, que causou uma estrago danado na Irlanda. Alias, falando nela, as medidas de sexta-feira passada, levou o rendimento do seu benchmark para 6.35%, o menor valor desde outubro de 2010. Apesar disto, os pessimistas de plantão, continuam apostando em um cenário catastrofico...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Detalhes...



... O que importa é a versão, nunca o fato, diz uma lenda. Será verdade? Este parece ser o cerne da controversia sobre a última reunião de cupula da união europeia. Merkel não saiu derrotada, ao contrário foi a grande vitoriosa que, mais uma vez, demonstrou possuir grande habilidade política, argumentam os membros do seu fã clube. É um exagero, mas que tem um fundo de verdade. Ela marcou gol ao vender a idéia da supervisão bancária europeia, mas teve que engolir a recapitalização direta dos bancos espanhois e de outros países virtuosos e, mais importante ainda, abriu mão da senioridade em relação ao emprestimo que, como sabemos, era a grande demanda do mercado. Em relação a intervenção do BCE no mercado de dívida pública ainda há muito a ser negociado e, de fato, ela poderá fazer valer o seu poder de veto ou impor condicionalidades draconianas que o tornaria inviável. Acho que o projeto da zona do euro saiu ganhando, mas o grande vencedor é o Monti que não é político profissional, mas conseguiu colocar nas cordas a grande Merkel. Convenhamos que isto não é pouca coisa...

Como mencionado em outro post ainda há detalhes importantes a serem negociados ou esclarecidos, como é o caso do funding do EFSF/ESM, assim como a questão da compra de titulos no mercado secundário. A melhor opção parece ser atuar no mercado primario, já que no secundário há o risco de pagar caro, sem produzir o efeito desejado, em razão dos recursos bastante limitados dos fundos de resgate. E aqui, também, a Merkel e aliados poderá fazer valer o seu poder ao não aumentar o volume de recursos. Caso esta seja a opção deles, o futuro da zona do euro seria,realmente, problematico.

domingo, 1 de julho de 2012