sexta-feira, 27 de julho de 2012

"Go ahead, make my day..."


Sexta-feira de dúvidas e boatos sobre a declaração do Draghi e a esperada reação negativa do Bundesbank a proposta de compra de títulos soberanos e concessão de licença bancaria ao ESM. Segundo o WSJ o Presidente do BCE esta isolado e sua posição não expressaria a visão da maioria dos membros do conselho do banco. O mesmo jornal, diante da reafirmação da oposição do banco alemão, pergunta se ele teria consultado o seu colega. Um blefe, argumenta alguns, outros se mostram mais interessados em avaliar o menu a disposição do Draghi. Já segundo a Bloomberg, a proposta do Draghi, consistiria em compras no mercado primario e no secundário, a primeira ficaria a cargo do fundo de resgate e a segunda seria de responsabilidade do BCE; corte da taxa de juros e uma terceira rodada de LTRO. A concessão de licença ao ESM ficaria para o futuro, já que ele deverá entrar em operação somente depois de receber o ok da corte constitucional alemã. Ela seria apresentada ao Schaeule, Ministro das Finanças alemão, Weidmann do Bundesbank e a um convidado muito especial, Geithner dos Estados Unidos, em reunião a ser realizada antes da quinta-feira, 2 de agosto, quando o BCE deverá discutir a proposta do seu presidente.

Por enquanto o mercado não está pagando pra ver, ou seja a ameaça do Draghi ainda é crível, como podemos verificar na queda dos rendimentos dos titulos espanhois e italinos nesta sexta-feira. O de 10 anos, do primeiro, fechou em 6.73%, spread de 532.87, variação -4.42%, o italiano ficou em 5.95%, spread de 455.45, variação - 4.06%. O titulo de 2 anos também esta em queda: o italiano terminou a semana negociado por 3.65% e o espanhol em 4.83. Como mencionado em outros posts, o valor dos rendimentos dos titulos de dois anos anos é o melhor indicador do humor do mercado em relação aos dois países e da capacidade deles em evitar o pedido de bail out do soberano.

Segundo a reuters, o Guindo, Ministro das Finanças da Espanha, comunicou ao seu colega alemão, que ela precisava de um empréstimo de 300 bilhões de euros. Schaueble, respondeu que seria melhor esperar o ESM entrar em operação, antes de se pensar em um socorro ampliado. Acredito que ao jogar a toalha, ele obrigou o Draghi a fazer a famosa declaração para ganhar tempo enquanto se discute o que fazer... Isolamento, não consultar o colega alemão, me parece serem boatos sem nenhuma fundamentação e fruto do desejo de continuar ganhando com a volatilidade do mercado. Abutres a procura de carniça é o que não falta no cenario econômico atual..