terça-feira, 10 de julho de 2012

Mais do mesmo...



A reunião de ontem do Eurogrupo, detalhou um pouco mais as condições do emprestimo espanhol, mas ainda há pontos controversos que, com alguma sorte, serão conhecidos na reunião do dia 20 de julho. O limite do emprestimo continua sendo 100bilhões de euros e a Espanha deverá ter acesso, ate o final do mês, a 30bilhões para uso emergencial. Ela ganhou um tempo maior para atingir a meta fiscal e algum refresco para o corrente ano: foi acordado déficit de 6.3% para 2012, 4.5% em 2013 e 2.8% em 2014. Como contrapartida, o setor financeiro espanhol está sujeito a visita trimestral da Troika; os 14 maiores bancos serão submetidos a novo teste de stress e forçados a passar passa por um serie de reformas, alem da adoção de novas regras de supervisão e regulamentação do setor financeiro espanhol. Em outras palavras, para todos os efeitos a supervisão do setor financeiro passa para o controle da troika. Novas medidas na área fiscal devem ser adotadas como é o caso do aumento do IVA e, provavelmente, cortes em aposentadorias e no seguro desemprego. Enquanto não for implementado a centralização, no BCE, da supervisão de todo o sistema bancário europeu, o empréstimo não será direto aos bancos, mas ao tesouro espanhol. Com a centralização, ele passa a ser direto e sem a garantia do soberano. Esta última é uma questão delicada que, apesar da declaração do presidente do eurogrupo, ainda é controversa, já que encontra forte oposição por parte da Alemanha e seus aliados Finlandia e Holanda. O valor do emprestimo, também, somente será conhecido em 20 de julho. Falta ainda esclarecer a questão da intervenção no mercado de titulos soberanos.

O detalhamento do emprestimo espanhol, principalmente as contrapartidas exigidas, em particular o papel da troika e as duras medidas fiscais, aproximam bastante, do ponto de vista político, o bail out espanhol do implementando em outros países. Há diferenças importantes: a visita da troika não inclui supervisão do soberano, apenas do seu setor financeiro; é socorro dos bancos e não do soberano; ele será direto no futuro próximo. O problema é que este último dependa da aprovação da centralização da supervisão bancária que está longe de ser fácil, ainda mais que depende do resultado da analise da mais alta corte da Alemanha, que, no melhor cenário, poderá retardar ainda mais o funcionamento do ESM, isto para não mencionar a oposição de paises como Finlandia , Holanda e, pior ainda, da poderosa Alemanha.

Monti, mais uma vez deixou claro, que a Italia não precisa de socorro dos seus bancos, mas que é necessária a intervenção do fundos de resgaste EFSF/ESM, no mercado primario e secundario, pra derrubar os yields dos seus titulos soberanos. Como mencionado em outro post, esta é uma jogada arriscada, dado que poder de fogo de ambos é bastante limitado. A melhor opção seria transferir esta responsabilidade para o BCE, mas sabemos que isto não deverá acontecer, devido a questões legais e, principalmente, a forte oposição da Alemanha e aliados.

Em sintese, o avanço foi pequeno e seguramente não é o suficiente para mudar, significativamente, o humor do mercado. O título espanhol de 10 anos, nesta terça, no mercado secundário, ficou em 6.78, spread de 546.12, e o italiano em 5.94%. Valores ainda muito elevados, mas condizentes com a situação geral da união europeia.