quinta-feira, 19 de julho de 2012

Mais do mesmo...


O leilão de dívida soberana espanhola conseguiu atingir a meta, mas a um custo bem superior ao do último leilão e com um elemento novo que é preocupante: demanda menor. O titulo com vencimento em 2014, foi negociado a 5.204% contra 4.335% em junho, a demanda 1.9 vezes é bem menor que a do último leilão, 4.3. Já o leilão do titulo com vencimento em 2017 atingiu 6.546% contra 6.072%, demanda de 2.1 vezes abaixo do 3.4 do mês passado. O juro no leilão dos titulos com vencimento em 2019, ficou em 6.701% comparado com 4.832% de fevereiro deste ano, a demanda, 2.9 vezes, é ligeiramente menor que o 3.3 atingido naquela ocasião.

A queda na demanda preocupa porque ela é composta basicamente de bancos domésticos, já que a maioria dos investidores internacionais há muito já perdeu o apetite pelo mercado dos países mediterraneos da zona do euro. O que os teria levado a mudar o comportamento? Volume muito alto de titulos soberanos na carteira? É fundamental acompanhar a demanda nos próximos leilões para verificar ate que ponto não se trata de um evento único. Em todo caso, com as informações a disposição no momento, ainda é prematuro relacionar esta queda da demanda e aumentos dos juros com a necessidade de bail ou do soberano, ou seja da Espanha. A probabilidade de um bail out da Espanha, no curto prazo, ainda é muito baixo, como, atesta o comportamento dos titulos de 10 anos no mercado secundário. Ele chegou a superar a barreira dos 7%, atingindo 7.02%, mas recuou para 6.97%, spread em 574.78, variação +0.74. Já o italiano fechou em 5.99%, spread 476.93, variação -1.75. O comportamento deste último chama a atenção por ser mais um indicativo de um lento processo de descolamento em relação ao espanhol ou, no mínimo, de uma diminuição na capacidade deste último em contaminar o italiano. Exagero de um otimista. Poder ser. No entanto, a performance do titulo italiano não deixa de ser uma boa noticia para os habitantes da famosa bota, em particular para o velho professor da Bocconi, Mario Monti.

Finalmente uma boa noticia da Alemanha. Foi aprovado o emprestismo a Espanha, mas - em se tratando da terra da Merkel há sempre um mas, um porem, etc. - Schaumble, Ministro das Financas, continua insistindo na velha e equivocada tese que a Espanha deve assumir a responsabilidade pelos emprestimos,que, vai, obviamente , contra o que foi negociado na ultima reunião de cupula: emprestimo diretamente aos bancos, sem acrescimo a divida do soberano.

Amanha, sexta, deverá ser assinado emprestimo a Espanha e, quem sabe, conheceremos maiores detalhes sobre temas polêmicos, como é o caso do uso da sobra dos recursos - os 100 bilhòes de euros - usados para socorrer os bancos. O jornal El Pais, argumenta que ele poderia ser usado para comprar divida soberana nos mercados primário e soberano, já a Comissão Europeia insiste que isto não é possível e que a interpretação do jornal estaria equivocada. Sem conhecer maiores detalhes, fica dificil saber quem tem razão...