quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mais um capitulo da novela grega e da saga espanhola...


No velho continente, Hollande e Merkel, reafirmaram, mais uma vez serem favoráveis a permanência da Grecia na zona do euro; deixaram claro, no entanto, que isto depende fundamentalmente dos gregos, que devem seguir o figurino acordado com a troica, ou seja nada de pedir extensão de prazo para cumprir as metas e muito menos, ainda, solicitar maiores recursos. Antonis Samaris, como mencionado no post de ontem, diz que precisa somente de mais tempo, mas ninguem, obviamente, está disposto a acreditar nas palavras de um político grego. Motivos para esta desconfiança é que não faltam. Ele, no entanto, tem razão quando reclama que as declarações de alguns políticos - leia-se alemães e aliados - de pouco apreço pela permanência dos gregos na zona do euro , em nada ajudam no seu difícil trabalho de evitar que seu pais caia no buraco negro que arrastaria, também, outros paises. Neste sentido, ele foi bem didatico: se a Grecia for expulsa, não será a única a ser obrigada a abandonar o barco da moeda única europeia. Infelizmente, me parece que a análise dele esta correta.

A novela espanhola pelo jeito ainda promete novas emoções. Segundo a reuters, o governo espanhol estaria negociando com os parceiros da zona do euro, um pacote de socorro que incluiria a compra de divida soberana no mercado primário e no secundário. A primeira tarefa seria delegada ao fundo de resgate e a segunda ao BCE. Como o primeiro somente poderá entrar em operação depois de receber o ok da Corte Constitucional Alemã em 12 de setembro, o acordo, no melhor cenário, não devera conhecer a luz do dia antes da segunda metade do mês de setembro. Isto se o Rajoy concordar com as condicionalidades que devem ser conhecidas na próxima reunião do BCE. Dado o volume de recursos que a Espanha tem que captar no mês de outubro, ela dificilmente deixara de solicitar socorro aos parceiros europeus. É apenas uma questão de quando isto será mais apropriado ao ego imenso do seu mediocre primeiro ministro, o Sr. Rajoy.

Enquanto isto, há mais sinais indicando que a economia da zona do euro deverá entrar em recessão no próximo semestre. A economia da toda poderosa Alemanha parece sentir os efeitos da anêmica situação econômica da zona do euro e da perda de folego da economia chinesa. No imperio, o FED, na ata da ultima reunião, promete novas medidas, se a retomada do crescimento da economia americana não se mostrar sustentável. O mercado aposta em uma nova rodada de afrouxamento monetario que, na modesta opinião deste modesto blogueiro, mal não faz, mas tão pouco é o elixir milagroso apregoado por analistas mais apressados. Apesar disto, ainda não acredito que o QE3 será aprovado na próxima reunião do FED. Apostaria em outras medidas mais condizentes com o talento e a criatividade do Bernanke.

A noticia das negociações espanholas deveriam ter derrubado os juros da sua divida soberana no mercado secundário, mas o efeito, por enquanto foi justamente contrário. O mercado,continua arisco e preocupado com a questão da senioridade, ou seja sobre quem vai ficar em primeiro lugar na fila de credores. As perspectivas nada animadoras da economia mundial também é um fator que ajuda a explicar a pequena elevação dos juros dos titulos espanhois de 10 anos, 6.35%, e 3.714% o de 2 anos. Já o italiano de 10 anos fechou em 5.70% e o de 2 anos em 3.197%. É importante lembrar que, apesar de elevados, ainda estão em uma patamar abaixo da média das últimas semanas.