quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A espera do grande dia...


Segundo a Bloomberg, o plano de intervenção no mercado de divida soberana a ser detalhado pelo Draghi, nesta quinta-feira, é ilimitado no volume e na sua duração, sendo que o ECB abre mão, também, da clausula da senioridade do credor. O ECB vai comprar somente títulos de divida soberana com maturidade de ate dois anos que será esterilizado e, como esperado, acompanhado de novas condicionalidades. Esta é uma exigênca que não agrada nenhum pouco ao Rajoy, da Espanha, e Monti, da Italia, mas, dada a situação da economia espanhola não vejo como ele poderá evitar o pedido de socorro. A Italia, encontra-se em uma situação um pouco melhor no plano econômico, porém, a situação política, poderá leva-la a solicitar ajuda, como mecanismo para evitar que o novo governo, a ser eleito, faça corpo mole em relação a implementação das reformas. Em outras palavras, por razões diferentes os dois países deverão solicitar socorro. No caso da Espanha a probabilidade dele tornar-se um bailout completo é alta, devido a delicada situação das suas regiões/estados. Já no caso da Italia, é simplesmente um seguro contra o risco de um aventureiro ser eleito primeiro ministro.

Voltando ao plano. A questão da senioridade é fundamental para evitar a repetição do ocorrido com os países que já solicitaram socorro: a exclusão do mercado de capitais, já que o mercado não se mostra disposto a ficar no último lugar na fila dos credores. A consequência tem sido uma deterioração profunda da situação econômica destes paises e forte oposição ao pacote de reformas. É claro que este último implica em alguma contração econômica, porém são as portas fechadas do mercado de capitais que - através do encarecimento do credito ao setor privado - potencializam o impacto negativo das reformas exigidas por Bruxelas.

Uma intervenção limitada e por pouco tempo não produziria um resultado positivo. Muito pelo contrário: seria a oportunidade para o mercado repassar o mico para o ECB. Ao comprometer-se a manter a politica de compra de titulos por um tempo e volume ilimitados, ele passa um sinal importante ao mercado e evita com isto qualquer tentativa de quebra de braço. Não espere milagres, mas com certeza deverá derrubar os juros dos titulos de curto prazo, com impacto menor sobre os de longo prazo. É por isto que não pode ser considerada uma bala de prata.

Nesta vespera da importante reunião do ECB, os titulos espanhois e italianos de 10 fecharam em leve queda: 6.409% e 5.514%, enquanto que o italiano de 2 anos subiu um pouco,2.451%, e o espanhol manteve-se estável em 3.097%. Dependendo do que for anunciado o italiano de 2 anos deverá posicionar-se mais próximo de 2% e o espanhol abaixo de 3%, porém bem acima de 2.5%.