quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A nova posição do FMI



A Grecia ganhou mais uma aliada: Lagarde, do FMI, apoia o pedido de mais dois para atingir a meta de deficit e reafirmou a posição do economista chefe do FMI, Blanchard, em relação ao impacto negativo da política de austeridade sobre o crescimento econômico dos países da zona do euro. É uma tomada de posição importante que já enfrenta a oposição declarada em público do Schauble, Ministro das Finanças da Alemanha. Ele sabe que a nova posição do FMI sobre a questão fiscal, implica em novo aporte de recursos para a Grecia, assim como "haircut" da parcela da divida em mãos dos paises da zona do euro. Com eleições em setembro do próximo ano, Merkel e seu ministro, naturalmente, não querem de modo algum ouvir tocar no assunto e no máximo, devem concordar com um prazo de 2 anos solicitado pela Grecia. Dinheiro novo e nova rodada de reestruturação somente depois das eleições.

A critica do FMI é fundamentalmente sobre a meta de deficit nominal, assim como o seu timing e a implementação de politica de austeridade em países com folga na área fiscal. Estes últimos deveriam adotar uma politica expansionista que ajudaria a minimizar o impacto da consolidação fiscal nos países em que ela é de fato necessaria. Ele, naturalmente, tem razão: a adoção da austeridade, na Alemanha e países do norte europeu não é necessaria. Cabe a eles, fazer justamente o contrário.

Alem da forte oposição alemã, a nova visão do FMI em matéria fiscal, também não agrada aos burocratas de Bruxelas e por isto não implica necessariamente em mudança, no curto prazo, na visão europeia sobre as políticas de austeridade. É sempre bom lembrar que nem sempre a posição dos técnicos do FMI é aceita pelo seu Board. No entanto, esta nova postura do economista chefe vem em boa hora e deverá, no mínimo, colocar em questão o pensamento único em que se transformou o debate sobre saidas para a crise da zona do euro.