quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mais do mesmo no "EU Summit " desta quinta e sexta-feira,,



Nesta quinta e sexta feira os lideres da Europa se reunirão pela quarta vez neste ano e, infelizmente, não espero nenhuma novidade neste encontro, apenas mais promessas e a velha e conhecida pratica de empurrar os problemas com a barriga. Com a queda no custo de rolagem da divida soberana dos países em dificuldades os lideres se sentem em condições de postergar a implementação de medidas aprovadas no encontro de junho, entre elas a supervisão bancária europeia, pre-requisito para os emprestimos diretamente aos bancos. Alias, segundo o FT, os juristas de Bruxelas, questionam a própria legalidade da proposta o que, naturalmente, é música aos ouvidos dos alemães que muito a contragosto a aprovaram no último encontro.

Ciente do desejo alemão de renegar o acordado em junho, Rajoy, em reunião dos partidos de centro direita nesta quarta-feira, em Bucareste, cobrou publicamente da Merkel o respeito as medidas aprovadas no último encontro. Ele está, obviamente, jogando para a plateia espanhola, em particular para os eleitores da sua Galicia natal, mas é fato que sem o emprestismo direto aos bancos a situação fiscal da Espanha piora muito o que poderá impactar negativamente sobre o custo de rolagem de sua divida soberana. O problema é que nesta mesma reunião também foi acordado que o emprestimo direto aos bancos e a retirada dos emprestimos já realizado das contas do tesouro de cada país, tinham como pre-requisito o funcionamento da mencionada supervisão bancaria que deveria entrar em operação ate, no máximo, janeiro de 2013. Hoje sabemos que no melhor cenário, isto não devera ocorrer antes de meados de 2014.

O cenário está montado para jogar as decisões sobre as medidas mais importantes para o segundo semestre de 2013, mais precisamente depois das eleições na Alemanha em setembro do próximo ano. Enquanto isto, medidas paliativas, sempre em resposta a pressões do mercado, serão, implementadas, mas sem tocar o problema de fundo - sem o qual não é possível resolver a crise europeia. É um jogo arriscado, em que o BCE, mais uma vez, deverá cumprir papel fundamental para evitar que o barco afunde de vez.

Se necessário, isto é, se o custo de rolagem da divida espanhola ficar proibitivo, o governo espanhol poderá solicitar a concessão de uma uma linha de emprestimo preventiva que, na avaliação do seu ministro das finanças , será o suficiente para derrubar o custo de rolagem de sua divida soberana. Em outras palavras, o pedido de emprestimo será o suficiente para convencer o mercado que ele perderá a quebra de braço e portanto ele recuara, tornando desnecessário o desembolso dos recursos e a intervenção do BCE no mercado secundário de divida soberana. É um argumento forte e, me parece, correto, que ganha tempo, mas não resolve o problema, como o próprio Draghi não cansa de repetir.