terça-feira, 5 de março de 2013

La dolce vita italiana...


Como mencionado em recente entrevista à radio Jovem Pan fm, as aparências enganam: a Italia não é a Grecia. A reação do mercado às eleições italianas ficou bem aquém do quadro apocalíptico desenhado por alguns analistas e confirmou a nossa hipótese sobre a precificação do resultado que, como mencionado em outro post, não foi de todo inesperado. O título italiano de 10 anos fechou segunda-feira, no mercado secundário, em 4.90%, bem acima do melhor resultado dos últimos meses, 4.13% de 11 janeiro, mas muito longe do valor record de 7.48% atingido em 9 de novembro de 2011. Hoje foi negociado por 4.74%. Tudo indica que, por enquanto, o mercado ainda não está levando a serio as bravatas do Pepe Grillo, o terceiro colocado nas eleições.
O inicio da nova legislatura foi antecipado para o dia 12 de março o que significa que a partir do dia 18 deverá iniciar-se o processo formal de formação do novo governo. Como nenhum partido/coalizão obteve maioria no senado abre-se um grande leque de possibilidades, ainda mais se lembrarmos que como o mandato do atual presidente expira em 15 de maio, não será possível convocar novas eleições antes da escolha do seu sucessor.
O cenário mais provável é a formação de um governo técnico que seria responsável pela convocação de novas eleições em no máximo um ano. Outra possibilidade é a formação de uma grande coalizão sem a participação do Bersani e do Berlusconi. O experiente Giuliano Amato é o mais cotado para ocupar o cargo do Monti. O católico Matteo Renzi, prefeito de Florença, derrotado pelo Bersani nas primarias do PD também é uma opção.
A grande coalizão, segundo Berlusconi, é uma possibilidade que depende, basicamente, da escolha do novo presidente que ficaria a cargo do seu partido. Bersani não gostou nada da idéia e no domingo emitiu um ultimato ao terceiro colocado: voto de confiança no governo a ser formado pelo PD ou convocação de novas eleições. Grillo, um líder anti-establisment parece jogar todas as fichas em novas eleições como podemos inferir pelo convite, segundo o jornal francês Les Echos, aos economistas Stiglitz e Fitoussi para assessorar a equipe responsável pela plano econômico de um hipotético governo por ele liderado.

Em sintése, a formação do novo governo italiano tem tudo para ser um processo longo e com certeza o nome do substituto do Monti não será conhecido tão cedo, seguramente conheceremos bem antes o nome do novo Papa.