quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Pensando sobre política em uma tarde de inverno-verão em Interlagos...

Dei um tempo ao facebook. O clima estava pesado e lembrava muito a ferocidade do debate político americano. Melhor dizendo: ausência de debate. É um dialogo de surdos, onde a razão perde espaço para a emoção que, sabidamente, nesta esfera, não é uma boa companhia.  

Amigos reclamam - e muito - dos comerciais usados pela Dilma no primeiro turno: agressivos demais, tornou se o mantra deles e de outros assustados - acredito - com a entrada do Brasil na mesmice da campanha eleitoral nas grandes democracias. Uma rapida olhada nos ataques  durante as primarias para a escolha do candidato de cada partido é suficiente para concluir que temos uma longo caminho ate alcançarmos o padrão americano de propaganda negativa e agressivadade

O embate entre Hilary e o Obama foi  um verdadeiro pugilato  em que ele saiu vencedor. Nem por isto ele deixou de convida-la para um cargo importante no seu governo e ela, naturalmente, não se fez de rogada e o aceitou. A disputa entre os dois partidos é ainda mais feroz e com resultados inacreditaveis. Lembro dos comercias contra John Kerry na eleição de 2004 contra o Bush: conseguiram transformar um fujão em heroi da guerra do vietna e denegrir o suficiente a imagem do Kerry a ponto de transformar o favorito em perdedor. Magicas do marketing politico que veio para ficar.

Nos últimos anos esta agressividade ultrapassou qualquer limite aceitável e tem atrapalhado o bom funcionamento da relação entre executivo e o legislativo, com os resultados nada agradáveis para a imagem externa do Imperio.  Em outras democracias ocidentais a agressividade também  está presente, mas em grau próximo ao praticado na atual campanha eleitoral  e nem por isto foi  um impedimento à formação da grande coalização na Alemanha e  a coalização entre os  liberais democratas e conservadores  no Reino Unido.

Infelizmente, no grande bananão, a realpolitik,  ainda é muito mal vista, ainda que tenha se tornada moeda corrente devido ao presidencialismo de coalizão.  A idéia de Marina, por ex, apoiar a Dilma depois da surra desconstrucionista que levou,  é impensavel. Aqui prevalece a logica do interesse particular, em detrimento do projeto coletivo de poder necessário para mudar o pais, traduzida em entradas e saidas de partidos com uma frequencia que é assustadora pelo cinismo do argumento utilizado para justica-las.

Ninguem nunca disse que a democracia fosse uma maravilha, apenas que é o melhor sistema político comparado a todos os demais.  Dificil discordar quando lembramos das teocracias islamicas, ditaduras comunistas e a nossa longa experiencia com as ditaduras militares de direita. Viva a Democracia..